“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A educação platônica

terça-feira, 4 de março de 2014

Segundo H.-I. MARROU (História da Educação na Antiguidade, 1969: pp. 115 e ss.), o cursus de estudos imposto por Platão (427 a.C. - 347 a.C.) contava com as seguintes etapas:

- 03-06 anos (completos): "Kindergarten" - jogos educativos, praticados em jardins de crianças (de ambos os sexos);

- 06-10 anos: Escola "primária" (quando começava a educação propriamente dita). As crianças aprenderiam a ler e a escrever, e seriam exercitadas pela ginástica (para o corpo) e pela "música" (cultura espiritual, para a alma).

- 10-17/18 anos: Estudos "secundários", subdivididos em três ciclos - estudos literários (dos 10 aos 13 anos); estudos musicais (dos 13 aos 16 anos) e estudo das matemáticas (entre os 17 e 18 anos) (estas, em especial, seriam um "elemento essencial" da educação preparatória de Platão).

Ao fim desses estudos, a vida intelectual seria interrompida por dois ou três anos, devido à "efebia" (serviço militar). Nesse interregno, os jovens levariam adiante a formação e a prova do caráter.

- 20-30 anos: "Altos Estudos" (ensino superior) - estudo das ciências.

- 30-35 anos: Estudo da dialética (arte fecunda, mas bastante "perigosa"), único instrumento que conduz à "verdade total".

- 35-50 anos: Vida ativa na Pólis (o suplemento da experiência - formação moral).

Assim, aos 50 anos, o indivíduo finalmente alcançaria a contemplação do Bem em si.

Esse programa parecia um desafio ao espírito prático dos atenienses. De qualquer forma, o plano de Platão buscava selecionar e formar apenas um homem ou, quando muito, um pequeno grupo de governantes-filósofos. Contudo, a efetiva tomada do poder exigiria uma conjunção do poder e do espírito quase milagrosa, razão pela qual o filósofo acabaria por renunciar à inútil ambição do poder e se voltaria à "cidade interior". O filósofo, portanto, seria sempre um "fracassado entre os homens". Tudo isso levou à formação de uma "seita fechada" (a Academia) no interior de uma "sociedade podre".

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