“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

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Villa Borghese, Roma, Itália.
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Heróis da Guerra Árabe-Israelense

quinta-feira, 6 de março de 2025

O moderno Estado de Israel surgiu de forma quase milagrosa, numa árdua Guerra de Independência, também conhecida como Guerra Árabe-Israelense de 1948. Nesse conflito, destacaram-se voluntários de diversas nacionalidades, dentre eles os membros do Mahal da foto acima. Como se vê, eles formam uma Estrela de Davi com os seus rifles; à frente deles, ajoelhado, está Satanley Medicks, um voluntário britânico. A foto foi tirada na Galileia, em novembro de 1948.

Bibliografia recomendada: GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009.

A Preocupação da Revolução Palestina

quarta-feira, 5 de março de 2025

Yasser Arafat e guerrilheiros da Fath, na Jordânia.


Entre junho de 1967 e março de 1971, foram mortos 120 civis e 180 soldados israelitas em Israel por terroristas palestinos. Durante esse mesmo período, soldados israelitas mataram 1873 terroristas em território israelita. "O nosso principal objetivo é libertar a terra desde o Mar Mediterrâneo até ao rio Jordão", declarou Yasser Arafat no princípio de agosto de 1970. "Não nos preocupa o que aconteceu em junho de 1967 nem eliminar as consequências da guerra de junho. A preocupação essencial da revolução palestina é desenraizar a entidade sionista e libertar a sua terra." 

Não apenas em Israel, mas também fora do país, verificaram-se repetidos atos de terror, incluindo nove desvios de aviões que foram bem-sucedidos. Em Zurique, 47 passageiros e a tripulação perderam a vida quando um avião da Swissair foi sabotado: 17 dos passageiros eram israelitas. Nesse mesmo dia (13 de fevereiro de 1970), sete judeus idosos foram mortos durante um ataque a um lar de terceira idade em Munique. Na sequência de um assalto a um avião da Sabena em 1972, Benjamin Netanyahu foi um dos comandos israelitas que levaram a cabo uma missão de resgate, tendo ficado ferido.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 460.

Setembro Negro

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Refugiados palestinos buscam retomar a rotina, após o Setembro Negro.


O ano de 1970 foi dominado pela tentativa de radicais palestinianos de provocar uma revolução na Jordânia. Rivalizaram em atos espetaculares de terrorismo internacional, que culminaram, no início de setembro, no desvio de quatro aviões civis internacionais, tendo três dos quais sido levados para uma pista deserta no norte da Jordânia, onde os fizeram explodir. Nesse mês, que ficou conhecido como Setembro Negro, a Organização de Libertação da Palestina tentou derrubar o rei Hussein. A resposta implacável do rei, em que foram mortos 2000 elementos da OLP e vários outros milhares de civis palestinianos, levou a Síria a ameaçar invadir a Jordânia. Para pôr fim a essa ameaça, Israel concentrou os seus tanques nos montes Golã, ameaçando Damasco. Israel sentia-se capaz de desafiar a Síria, em defesa de Hussein, porque os EUA tinham dado a garantia de socorrer Israel caso a União Soviética interviesse.

O segundo efeito da reação de Hussein foi a fuga da OLP para o Líbano, apoderando-se da região sul do país.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 459.

O Peso da Vitória para Israel

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Israel após a Guerra dos Seis Dias.

O cessar-fogo nos montes Golã entrou em vigor às 18:30 do dia 10 de junho [de 1967]. A Guerra dos Seis Dias chegara ao fim. Dois dias mais tarde, soldados israelitas foram transportados de helicóptero para assumirem o controle do forte sírio abandonado no cume do monte Hermon. Este foi o único caso de expansão territorial conseguida após o cessar-fogo. "Podíamos ter alargado a área sob o nosso controle", escreveu Rabin mais tarde. "Não havia uma força egípcia capaz de deter as FDI se tivéssemos decidido ocupar o Cairo. O mesmo era verdade em relação a Amã, e a 11 de junho teríamos tomado Damasco sem grande esforço. Mas não tínhamos partido para a guerra para conquistar territórios e aqueles que ocupáramos já nos sobrecarregavam bastante."

Seria um pesado fardo para Israel ao longo das três décadas seguintes. Rabin descreveu o problema sucintamente 12 anos mais tarde. "Israel via-se agora a braços com três grandes problemas", escreveu, "dois dos quais nos perturbaram continuamente desde a Guerra dos Seis Dias até hoje. O primeiro problema foi vermo-nos, de um dia para o outro, com uma vasta extensão de território em nosso poder. A área ocupada pelas FDI era três vezes superior ao Estado de Israel pré-guerra, pelo que tivemos dificuldade em estabilizar novas linhas defensivas em cada uma das três frentes (especialmente no canal de Suez). Até então, nunca tínhamos pensado a distância em termos de centenas de quilômetros. Além disso, tivemos de superar os problemas de logística e transporte daí resultantes com recursos humanos limitados, uma vez que dezenas de milhares de reservistas regressaram aos seus campos, fábricas e escritórios."

Israel passara a ter sob a sua alçada um milhão de árabes palestinos, incluindo centenas de milhares de refugiados dos combates de 1948.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 434.

Israel após a Campanha do Sinai

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

 

O major-general Moshe Dayan, chefe do Estado Maior israelense, e o cel. Avraham Yoffe, durante o desfile da vitória em Shemr El-Shiekh, no sul do Sinai, no dia 11 de outubro de 1956.

Com a campanha do Sinai [em 1956], Israel destruiu a sua anterior imagem de um mini-Estado impotente e cercado, com os dias contados, e dependente, para a sua sobrevivência, da vontade e dos caprichos do seu mais vasto vizinho árabe [o Egito]. Oito anos depois de ascender à posição de Estado, um muito curto espaço de tempo, afinal, na história das nações, Israel já não parecia vulnerável ou com uma existência temporária. A sua posição internacional melhorou dramaticamente em resultado da campanha, tal como a coragem e a reputação do seu exército de cidadãos, as Forças de Defesa de Israel. A força militar israelita, a força real tanto quanto a ideia que dela se fazia, tornar-se-ia, nos dez anos seguintes, o seu mais importante trunfo nas relações com o mundo árabe.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 366.

O Cotidiano do Terror em Israel

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Eli Sharabi, 52 anos, judeu feito refém pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, por ocasião de sua libertação, no dia 8 de fevereiro de 2025.

A vida em Israel foi sempre pontuada por incidentes de terror. Todos eles deixam o país de luto e criam uma sensação de desconforto. Sendo um país pequeno, muitas pessoas conhecem as vítimas, ou familiares, e amigos das vítimas. Os jornais falam das vidas (muitas vezes demasiado breves) daqueles que perderam a vida. A vida quotidiana, com todos os problemas que passam por ganhar o sustento, criar os filhos, cuidar de pais idosos e desfrutar das férias, regidas tanto pelas épocas do ano como pelos acontecimentos históricos do passado - tudo isto constitui a ordem normal da vida em muitas nações. São, no entanto, poucas aquelas em que estes objetivos, desafios, dificuldades e alegrias não se fazem acompanhar, ano após ano, de perigos internos e externos, e de forças internas e externas hostis ao impulsos da condição de um Estado e do seu desenvolvimento.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 332.

O Mufti de Jerusalém e os Nazistas

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

                             O mufti al-Husseini e Hitler, em 1941.

A 28 de setembro de 1944, Churchill anunciou na Câmara dos Comuns que um Grupo de Brigadas judaicas seria organizado, treinado e armado pela Grã-Bretanha como uma unidade militar para atuar na linha de frente. Cinco dias mais tarde, a 3 de outubro, o mufti de Jerusalém, então em Berlim, escreveu ao comandante das SS, Heinrich Himmler, propondo-lhe o estabelecimento de "um exército árabe islâmico na Alemanha". O governo alemão, acrescentava Haj Amin, "deveria declarar a sua prontidão para treinar e armar esse exército. Desse modo, desferiria um duro golpe contra os planos dos britânicos e aumentaria o número de combatentes por uma Alemanha mais vasta".

O mufti estava convencido de que, ao colocar um exército árabe ao serviço dos alemães, "teria repercussões extraordinariamente favoráveis nos países árabes islâmicos", por isso sugeriu o dia 2 de novembro, o aniversário da "infame Declaração de Balfour", para data do anúncio público. Um oficial de alta patente das SS já comunicara a Himmler que, numa conversa que tivera lugar a 28 de setembro, o mufti "comentara alegremente que se aproximava o dia em que conduziria um exército para conquistar a Palestina". Mas semelhante anúncio nunca viria a ser feito e o exército do mufti não passou de uma ficção produzida pela sua imaginação antissionista. O mufti permaneceu em Berlim, supervisionando as transmissões de propaganda nazi para o Médio Oriente e organizando o lançamento de paraquedistas em áreas controladas pelos britânicos. Um mês após o envio da carta do mufti a Himmler, foram lançados no norte do Iraque quatro paraquedistas árabes. Tinham como objetivo sabotar instalações petrolíferas britânicas, mas o chefe da aldeia informou a polícia e os sabotadores foram detidos.

Entretanto, os esforços do mufti no sentido de apoiar os nazistas não pararam por aí. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, ele ajudou a organizar uma divisão das SS na Bósnia e, por isso, ao final do conflito foi detido pelos Aliados na França. Ali ele deveria aguardar o julgamento por crimes de guerra, mas escapou por pouco (da mesma forma que escapara aos britânicos, na Palestina, em 1937). Foi então para o Egito, onde, até à sua morte, 25 anos mais tarde, exortou os árabes da Palestina a desafiar de todas as formas ao seu alcance a colonização judaica, ao mesmo tempo que reivindicava a expulsão de todos os judeus da Palestina.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 140-141 e 179. Adaptado.

O Pianista da Colônia Judaica

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

 

Foto meramente ilustrativa.

A 18 de maio de 1937 foi anunciado na Câmara dos Comuns que seria nomeada uma comissão para investigar as causas da agitação na Palestina. Lorde Peel foi designado presidente, tendo Sir Horace Rumbold, um antigo embaixador britânico em Berlim, como vice-presidente. Os comissários efetuaram uma longa viagem pela Palestina, visitando os principais centros árabes e várias colônias judaicas, além de Telavive. John Martin, o secretário da comissão, recordou mais tarde um incidente que causou um forte impacto emocional em Lorde Peel e nos seus colegas. Ao visitar uma colônia agrícola judaica, os comissários viram um homem que vivia numa cabana rudimentar, mas com um piano e pautas musicais. Sir Horace Rumbold estava certo de que já se encontrara com aquele homem. Ao perguntar pelo seu nome, constatou que era um famoso músico alemão de Leipzig, que em tempos tocara na Embaixada britânica em Berlim. "Todos nos sentimos desconfortáveis ao ver a situação em que se encontrava", recordou Martin. Rumbold mostrou-se consternado. "É uma mudança terrível para si", disse ao homem, condoído. Mas, para surpresa de Rumbold, o músico replicou: "É uma mudança, do inferno para o céu."


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 100-101.

Tumultos Antijudaicos na Palestina

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Em maio de 1921, os árabes retomaram as hostilidades contra os judeus da Palestina, ainda com mais violência do que no ano anterior. Muitas povoações judaicas foram atacadas, assim como os bairros judeus de Jerusalém. Uma das colônias judaicas destruídas foi Kfar Malal, que fora reerguida depois de ter sido destruída quatro anos antes, durante os combates entre as tropas britânicas e turcas. Sir Herbert Samuel, o alto-comissário britânico, procurou acalmar a cólera árabe suspendendo temporariamente a imigração de judeus. Um detalhe: ele era judeu, e desagradou os sionistas com tal medida.

Os árabes chegaram à conclusão de que uma demonstração de violência podia trazer vantagens políticas. Passado um ano, o líder dos motins de 1921, Haj Amin al-Husseini foi nomeado mufti de Jerusalém, e passou a usar o cargo - o mais alto na hierarquia religiosa muçulmana - para pressionar os britânicos no sentido de pôr fim à imigração judaica.

No dia 15 de abril de 1936, os árabes deram início a uma greve geral contra toda e qualquer imigração judaica futura. Nesse dia, atacaram e mataram três judeus que viajavam entre as cidades árabes de Tulkarm e Nablus. No dia seguinte, um grupo de judeus criou o Irgun Zvai Leumi (Organização Militar Nacional, conhecida como Irgun, o braço militar dos revisionistas), responsável por um massacre contra árabes perto de Telavive, como forma de retaliação. Passadas 48h, grupos árabes percorriam Jaffa à procura de judeus, atacando-os e incendiando as suas lojas. Registraram-se ataques em quintas judaicas por toda a Palestina, e ao fim dos quais 21 pessoas estavam mortas, várias delas mulheres e crianças (em outubro, o número de mortes atingiria um total de 80). Além das mortes, casas de judeus foram incendiadas, lojas foram pilhadas,  pomares inteiros e milhares de hectares cultivados pelos judeus foram arrasados deliberadamente pelos árabes durante o verão de 1936.

No final de 1937, a violência foi retomada. Os árabes recusavam-se a aceitar até que as pequenas regiões judaicas da Palestina fossem governados por judeus. O plano de do território elaborado pela Comissão Peel falhou, e os ataques de árabes contra britânicos intensificaram-se. Contrariando os desejos da Agência Judaica, as represálias de judeus contra árabes passaram a ser a regra. Nem sempre, contudo, a resposta judaica era propriamente violenta. A 9 de novembro, cinco jovens judeus foram mortos por árabes nos montes a 13 Km a oeste de Jerusalém. Em sua memória, no início do ano seguinte, jovens imigrantes de Lodz, na Polônia, ergueram numa só noite uma aldeia fortificada. Ela foi denominada Ma'ale Ha-Hamisha (Ascensão dos Cinco).

Desde as primeiras semanas de 1938, os judeus da Palestina foram alvo da violência árabe, cada vez mais intensa, e concretizada no assassínio de agricultores judeus. Para protegê-los, foi comprada terra em Hanita, na fronteira com o Líbano, e a força defensiva da Agência Judaica, a Haganah, decidiu fortificar o lugar. A operação foi concluída em apenas um dia, e mobilizou 400 homens.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 65, 99, 109, 111 e 113. Adaptado.

A Primeira Aliyah (1882-1903)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Jardim da infância em Rishon Lezion, c. 1898. 

Na Rússia, na sequência de um surto de ataques violentos contra judeus - os pogroms -, foram fundados dois movimentos que encorajavam a emigração dos judeus para a Palestina, para trabalharem como agricultores na Terra de Israel (Eretz Yisrael), por forma a "redimi-la". Um desses movimentos ficou conhecido como Bilu, um nome formado a partir das iniciais da expressão bíblica Beth Jacob Lechu Venelcha: "Vinde, ó Casa de Jacob, caminhemos!" Os homens e mulheres jovens do Bilu, de orientação secular e socialista, omitiram a parte final da frase: "à luz do Senhor".

O segundo movimento nascido na Rússia designava-se Amantes de Sião (Hovevei Zion). A pequena conferência que determinou a sua fundação teve lugar em 1884, em Kattowitz, na Alta Silésia alemã, junto à fronteira com a Polônia russa. O seu presidente, Judah Leib Pinsker (que servira como médico na Guerra da Crimeia, 30 anos antes, e que fora distinguido pelo czar), originário de Odessa, fez sentir aos 36 delegados presentes a importância do "regresso ao solo" da Palestina. Contudo, embora tanto o Bilu como o Hovevei Zion advogassem a emigração para a Palestina e a criação de quintas e aldeias nesse território, a maioria dos judeus descontentes como destino os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Europa ocidental ou a África do Sul, procurando mais igualdade social e uma vida menos atingida pela pobreza.

Apenas uma pequena percentagem de judeus russos (nunca mais de 2% por ano) emigrou para a Palestina. Mas até esta pequena percentagem significou que chegaram à Palestina 25 mil judeus entre 1882 e 1903. O movimento ficou conhecido como a Primeira Aliyah, a palavra hebraica para "ascensão". Na Palestina, muitos destes imigrantes viviam da agricultura e recorrendo ao apoio financeiro dos Rothschilds, que durante vários anos encorajaram o trabalho dos judeus nas terras e vinhas pertencentes à família. Alguns dos pioneiros do Bilu trabalharam como assalariados na escola agrícola de Mikveh Israel. Um deles era Vladimir Dubnow, que assumiu o nome hebraico de Ze'ev (Lobo). A 21 de setembro de 1882, escreveu ao seu irmão Simon - que viria a ser um historiador de renome, convicto de que o grande contributo dos judeus ocorreria na Diáspora, e que foi assassinado pelos nazis quando tinha já mais de oitenta anos.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 21.  

A Ética de A. D. Gordon

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

Outra figura que inspirou a Segunda Aliyah - na qual tomou parte, tal como Vitkin - foi Aharon David Gordon (mais conhecido como A. D. Gordon). Gordon nasceu na Rússia em 1856, tendo trabalhado durante três décadas como funcionário administrativo e quase com 50 anos desistiu do seu emprego seguro e foi para a Palestina. Aí começou a dedicar-se aos trabalhos braçais. Durante o dia, trabalhava nos campos, e à noite escrevia sobre a dignidade do trabalho árduo e sobre o trabalho agrícola como o "ato supremo" de redenção pessoal, nacional e universal. Insistia na ideia de que, regressando à terra de Israel, os judeus retornariam às fontes "cósmicas" da criatividade e espiritualidade que os distinguiam.

O trabalho de Gordon teve uma influência extraordinária. A seu ver, toda a exploração de judeus por outros judeus devia ser evitada. Tanto a terra como os meios de produção deviam ser propriedade coletiva. Teria também de ocorrer uma transformação pessoal, a eliminação de todo o desejo de poder ou dominação. Nas suas relações com não-judeus, os judeus da Palestina deveriam evitar progredir às custas de outros. O povo de Israel (Am-Yisrael) deveria tornar-se um "povo humano" (Am-adam). O grande teste seria a relação com os árabes da Palestina. "A nossa atitude para com eles", escreveu Gordon, "deve ser de humanidade, de coragem moral ao mais alto nível, mesmo a outra parte não seja exatamente aquilo que se deseja. A sua hostilidade é, com efeito, mais uma razão para a nossa humanidade."

GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 39-40.  

#OneYear Ataques de 7/10

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Há exatamente um ano, 1,2 mil pessoas foram assassinadas pelo Hamas em Israel, e 251 foram sequestradas. Quanto aos feridos, foram contados 3.400. Foi o dia mais sangrento da história de Israel, desde da Shoá (Holocausto). 

Bastidores do Terrorismo na BP

sexta-feira, 28 de junho de 2024

 

Essas são as palavras de Mohammad Massad, o ex-terrorista do Hamas, cujo depoimento exclusivo já está na plataforma da Brasil Paralelo (BP).

Nele, Massad apresenta a sua preocupante visão sobre os objetivos dos grupos terroristas no Oriente Médio.

Em seu depoimento, ele conta que os grupos terroristas promovem a ideia de que estão lutando pela liberdade e pela recuperação de seus territórios e terras sagradas.

No entanto, Massad denuncia que a ambição das facções palestinas ultrapassa as fronteiras do "Rio Jordão ao Mar Morto", como dizem em seu slogan "Do Rio ao Mar, a Palestina será livre".

Segundo ele, estes planos se estendem a uma dominação mais ampla, incluindo toda a Europa e o mundo cristão; um plano de dominação em escala global.

Os Filhos do Hamas

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Logo no início da autobiografia Filho do Hamas, Mosab Hassan Yousef faz uma descrição assustadora e emblemática de como as crianças na Faixa de Gaza são tratadas:

Uma vez, eu estava correndo na mesquita, brincando com um amigo, e o imã veio atrás de mim. Quando me pegou, me suspendeu e me jogou de costas no chão. Fiquei sem fôlego e achei que fosse morrer. Em seguida, ele continuou a me agredir com socos e pontapés. Por quê? Eu não estava fazendo nada diferente das outras crianças. No entanto, por ser o filho de Hassan Yousef, eu devia me comportar melhor do que todos os outros.

Agressões físicas constituem apenas uma das muitas formas de violência que o Hamas promove contra as crianças palestinas. Por exemplo, no dia 3 de janeiro deste ano, as Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) apresentaram documentos e imagens que mostram como a organização terrorista incita e educa crianças palestinas da Faixa de Gaza ao terrorismo. Faz parte da doutrinação o ódio aos judeus e a Israel.

Assim, o Hamas promove acampamentos de verão nos quais as crianças passam por treinamento militar teórico e prático. Durante a guerra, os terroristas utilizam menores para diversas tarefas, como entrega de mensagens, munições e até explosivos. Após os ataques, as crianças são enviadas aos campos de batalha para "avaliar os danos e relatá-los aos terroristas que estão escondidos em abrigos".

Com informações de O Antagonista. 

Um Panorama do Império Otomano

domingo, 14 de janeiro de 2024

 

Istambul durante a existência do Império Otomano.

Durante os séculos XV e XVI, a maior parte do mundo muçulmano foi integrada em três grandes impérios, dos otomanos, safávidas e grão-mogóis. Todos os países de língua árabe foram incluídos no Império Otomano, com capital em Istambul, excetuando-se partes da Arábia, o Sudão e o Marrocos; o Império também incluía a Anatólia e o sudeste da Europa. O turco era a língua da família governante e da elite militar administrativa, em grande parte oriunda de convertidos ao Islã vindos dos Bálcãs e do Cáucaso; a elite legal e religiosa era de origem mista, formada nas grandes escolas imperiais de Istambul e transmitindo um corpo de literatura jurídica escrita em árabe.

O Império era um Estado burocrático, contendo diferentes regiões dentro de um único sistema administrativo e fiscal. Foi também, no entanto, a última grande expressão da universalidade dentro do mundo do Islã. Preservou a lei religiosa, protegeu e amplicou as fronteiras do mundo muçulmano, guardou as cidades santas da Arábia e organizou a peregrinação a elas. Igualmente um Estado multirreligioso, deu um status reconhecido às comunidades cristã e judaica. Os habitantes muçulmanos das cidades provinciais foram atraídos para o sistema de governo, e os países árabes ali desenvolveram uma cultura otomana árabe, preservando a herança e, em certa medida, desenvolvendo-a em novas formas. Além das fronteiras, o Marrocos desenvolveu-a de maneira um tanto diferente, sob suas próprias dinastias, que também reivindicavam autoridade baseando-se na proteção que davam à religião.

No século XVIII, o equilíbrio entre os governos locais e central otomano mudou, e em algumas partes do Império famílias reinantes ou grupos otomanos tiveram relativa autonomia, mas permaneceram fiéis aos grandes interesses do Estado otomano. Também houve uma mudança nas relações entre o Império e os estados da Europa. Enquanto em seus primeiros séculos o Império se expandira na Europa, na última parte do século XVIII estava sob ameaça militar do oeste e do norte. Também houve um início de mudança na natureza e direção do comércio, à medida que governos e comerciantes europeus se tornaram mais fortes no oceano Índico e no mar Mediterrâneo. No fim do século, a elite otomana reinante tomava consciência de um relativo declínio de poder e independência, e começava a dar as primeiras respostas hesitantes à nova situação.    

HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. Tradução de Marcos Santarrita. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 215-216.

Ulemás e Mercadores

terça-feira, 26 de dezembro de 2023


Os que ensinavam, interpretavam e ministravam a lei, juntamente com os que exerciam certas outras funções religiosas - que puxavam as preces nas mesquitas ou faziam o sermão de sexta-feira - passaram a formar uma camada na sociedade urbana: os ulemás, homens de saber religioso, guardiães do sistema de crenças, valores e práticas comuns. Eles não podem ser encarados como uma classe única, pois espalhavam-se por toda a sociedade, exercendo diferentes funções e merecendo variados graus de respeito público. No alto deles, porém, ficava um grupo que fazia parte integral da elite urbana, os ulemás superiores: juízes dos principais tribunais, professores nas grandes escolas, pregadores nas principais mesquitas, guardiães de santuários, quando eram também conhecidos por seu saber e religiosidade. Alguns desses diziam descender do Profeta, através da filha Fátima e do marido dela, 'Abi ibn Abi Talib. A essa altura os descendentes do Profeta, os sayyids ou xarifes, eram vistos com respeito especial, e em alguns lugares podiam exercer a chefia; no Marrocos, as duas dinastias que governaram do século XVI em diante baseavam sua pretensão à legitimidade em seu status de xarifes.

Os ulemás superiores eram estreitamente ligados aos outros elementos da elite urbana, os mercadores e mestres de ofícios respeitados. Possuíam uma cultura comum; os mercadores mandavam os filhos para ser educados por sábios religiosos nas escolas, para adquirir conhecimento do árabe e do Corão, e talvez da lei. Não era incomum um homem trabalhar tanto como professor e erudito quanto no comércio. Os mercadores precisavam dos ulemás como especialistas legais, para escrever documentos legais em linguagem precisa, acertar disputas sobre propriedade e supervisar a divisão de sua propriedade após a morte. Mercadores de peso e respeitados podiam atuar como 'udul, homens de boa reputação cujo testemunho era aceitável por um cádi.

HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. Tradução de Marcos Santarrita. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 129-130.

A URSS e o Terrorismo Islâmico

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

 

O Kibutz: a Utopia Coletiva de Israel

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 

Massacre de Halabja

quinta-feira, 16 de março de 2023

 

Num dia como hoje, há 35 anos, a população curda de Halabja sofreu um brutal ataque químico por parte das forças do ditador iraquiano Saddam Hussein.

A guerra entre Irã e Iraque ia no seu oitavo ano [em 1988]. Em fevereiro, cada um dos beligerantes enviou bombardeiros e mísseis contra a capital do outro, a despeito dos apelos das Nações Unidas ao fim do morticínio de civis. Em [16 de] março, tropas iraquianas bombardearam com armas químicas Halabja, uma cidade curda, matando 5000 civis curdos. O recurso a armas químicas - proibidas por acordo internacional - valeu ao Iraque a condenação da maioria dos membros das Nações Unidas. Mesmo assim, o líder iraquiano, Saddam Hussein, não hesitou em usar armas químicas contra a sua minoria curda que, desejosa de viver sob um regime menos repressivo, tinha apoiado o Irã. 

GILBERT, Martin. História do Século XX. Tradução de Francisco Agarez. 3ª edição. Alfragide, Portugal: Dom Quixote, 2014, p. 553.

O Exército Assírio

domingo, 12 de março de 2023