“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A África antiga em documentários

domingo, 31 de maio de 2015

A Núbia - Docs. para o Ensino Fundamental

O Reino de Kush (2 mil a.C - 591 a.C.)


O Reino de Méroe (591 a.C. - 330 d.C.)




Os reinos perdidos da África - Docs. para o Ensino Médio

Núbia (2 mil a.C - 330 d.C.)


Axum (fase imperial: 330 - séc. VII d.C.)


O Grande Zimbábue


A África ocidental


O Reino berbere de Marrocos


O Reino de Ashanti (1701-1896)


Os Normandos (BBC)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Episódio 1 - Homens do norte

Episódio 2 - Conquista

Episódio 3 - Normandos do sul

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A Baixa Idade Média (séculos XI-XV)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Um vislumbre da fase final do Medievo pode ser obtido a partir dos documentários abaixo, exibidos pelo canal History. Vale a pena assistir:



Bárbaros - Os mongóis 

Os vikings


As cruzadas - A Primeira Cruzada

As cruzadas - A Segunda e a Terceira Cruzadas

A Peste Negra


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Renascimento

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Construindo um império: O mundo de Leonardo Da Vinci

A Alta Idade Média (sécs. V-X)

domingo, 24 de maio de 2015

Um vislumbre da fase inicial do Medievo pode ser obtido a partir da série Os Bárbaros, do canal History. Confiram os episódios:

Hunos

Saxões

Francos

Vândalos

Lombardos

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#Minorias Judeus

Um rico judeu (com um chapéu pontudo - o Judenhut) empresta moedas de ouro a um cristão. Note a estigmatização do judeu, visível, por exemplo, em características como o seu proeminente e demoníaco nariz adunco, além da capa escarlate. O cristão é representado numa postura que denota comiseração. Saiba mais Aqui.

Representado como deicida, usurário e aliado do demônio, a sina do judeu era errar pelo mundo, sendo escorraçado, humilhado e dominado. No Baixo Império Romano (235-476), era forte a crença de que o retorno de Cristo dependia da conversão dos judeus; assim, as legislações do período fixaram restrições aos judeus e ao judaísmo. Além disso, data dessa época as acusações de devassidão contra os judeus. João Crisóstomo (c. 347-407) havia denunciado as práticas "obscenas" dos judeus e equiparando as sinagogas a bordéis. 

As restrições legais chegaram a ponto de vetar aos judeus a posse de possuir escravos cristãos ou de converter escravos pagãos à sua crença. Isso praticamente alijou-os da agricultura. Desta maneira, na Alta Idade Média (séculos V-X) os judeus foram forçados a exercer o comércio. Apesar de tudo, em boa parte do Ocidente bárbaro, nessa época, os judeus eram valorizados como mercadores, médicos, diplomatas e soldados. Muitos governantes bárbaros parecem ter tratado os judeus como um dentre povos com suas leis específicas que formavam seus domínios. Os reis carolíngios, em particular, incentivaram a imigração e a multiplicação das comunidades judaicas. 

Posteriormente, na Baixa Idade Média (séculos X-XV), a sorte dos judeus mudou drasticamente. Com a passagem do milênio, a Cristandade entrou numa fase expansionista e, em sua nova disposição de entusiasmo religioso, buscou cristianizar o mundo, internamente pela reforma e externamente através das Cruzadas. Exércitos não-oficiais de pobres e grupos independentes de cavaleiros passaram a mergulhar suas espadas em sangue "infiel" sem ter que esperar chegar à Terra Santa. Como os pogroms se multiplicaram nessa época, viajar para se dedicar ao comércio tornou-se impensável. Além disso, as guildas cristãs excluíram os judeus do comércio e do artesanato. 

O Feudalismo (fins do século X - século XIII) afastou os judeus definitivamente do trabalho da terra, ao determinar que os juramentos de servidão e vassalagem fossem feitos dentro de fórmulas cristãs. Para completar, nessa época ocorreu a monetarização da economia, aumentando a busca pelo capital financeiro. Restou, portanto, aos "filhos de Abraão" a função economicamente necessária e teologicamente "antinatural" - a atividade de empréstimo de dinheiro a juros (usura). Tal atividade podia ser desenvolvida na segurança (em termos) dos seus guetos.

O pecado da usura, previsto pela Bíblia, era considerado contrário às leis da natureza e de Deus. Os líderes judaicos e os rabinos permitiram a prática porque a exclusão dos judeus da agricultura, do comércio e do artesanato não lhes deixou outra opção. Por sua vez, o clero viu nessa atividade um ato demoníaco. Este problema, somado às diferenças religiosas, às restrições legais e à discriminação determinada pela Igreja acabaram por marginalizar e estigmatizar o grupo.

Desta forma, a partir do século XI desenvolveram-se vários mitos, a começar pela crescente associação dos judeus ao diabo. No século XII, surgiu a mais notória e mais danosa das acusações contra os judeus - os assassinatos rituais. Em 1144, depois que um menino, Guilherme de Norwich, desapareceu e depois foi encontrado morto, um judeu convertido disse que os judeus eram obrigados a crucificar uma criança cristã anualmente, na Páscoa judaica. Histórias de assassinatos de crianças cristãs por judeus tornaram-se, então, uma ocorrência sistemática. Apesar de não haver julgamento, as histórias tinham credibilidade, tornando-se parte do folclore popular e sendo, geralmente, acompanhadas de violência contra os judeus. Aproximadamente na mesma época, o elemento do sangue foi introduzido: a ideia de que o sangue de crianças cristãs era necessário para as cerimônias judaicas. 

A profanação das hóstias, mito disseminado após o estabelecimento da doutrina da transubstanciação pelo Quarto Concílio Lateranense de 1215, frequentemente era um sacrilégio forjado por cristãos para fomentar o conflito. É interessante notar que esse mesmo concílio impôs roupas distintivas aos judeus, ampliando a segregação contra o grupo e o equiparando às prostitutas, mouros, leprosos e hereges arrependidos. O quadro de discriminação se completava com a associação do shabat (descanso semanal judaico) com o Sabbat (celebração satânica e associada às bruxas) e a eterna aliança do diabo com os judeus.

Ninguém sabe o número de bruxas que foram queimadas na Europa, entre os séculos XIV e XVII, mas seguramente é uma cifra muito elevada. Nessa mesma época, houve uma evolução do Diabo cristão, que de princípio moral do Mal tornou-se um personagem de forte individualidade, cornudo e peludo, que infesta a Terra. A transformação ocorreu na mesma época em que se cristalizou e se difundiu através da Cristandade o poderoso conceito do judeu infame e malfazejo.

Examinemos as legendas que, na mesma época, circularam sobre os judeus. Tratam-se de legendas que despontavam aqui e ali nos séculos anteriores, mas que nessa época adquiriram uma difusão universal. Ora, elas reuniam simultaneamente em suas pessoas os novos atributos do Diabo (cornudo, com garras, rabo, barba de bode e exalando um forte odor) e os da bruxa (impureza, fraqueza e tentação). Os judeus são cornudos, representados com uma cauda, uma barba de bode e os odores mefíticos que se lhes atribui (o faetor judaicus) são tão violentos que persistiram ao longo dos séculos. Desde ponto de vista, os judeus são hipervirilizados, mas, ao mesmo tempo, nascem desfigurados e são fracos e doentios (por exemplo, tanto homens quanto mulheres padeceriam com menstruações). Às vezes, os males de que sofrem os judeus são diferentes segundo suas tribos.   

Ainda que as autoridades civis e eclesiásticas buscassem denunciar tais difamações, algumas dessas crenças absurdas tiveram uma "longa duração", sendo que alguns pregadores "apocalípticos" do período contribuíram para acirrar o ódio antijudaico (leia: Os "Flagelos" dos Judeus). Dentre os mitos duradouros, destaca-se, por exemplo, o do envenenamento dos poços, bastante difundido durante a Peste Negra do século XIV. Tal mito se difundiu em obras antissemitas do século XX, como Os Protocolos dos Sábios de Sião. Já a segregação social imposta pela Igreja e autoridades civis foi retomada pelos nazistas, na Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães, de 15 de setembro de 1935. 

Bibliografia consultada:
POLIAKOV, Léon. De Cristo aos Judeus de Corte. Tradução de Jair Korn e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva: 1979.
RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação - as minorias na Idade Média. Tradução de Marco Antônio Esteves da Rocha e Francisco José Silva Gomes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.

Saiba mais sobre A demonização e a perseguição da Igreja contra os judeus

A Reforma Protestante

sábado, 23 de maio de 2015

No post do último dia 14 (disponível aqui) eu expliquei que existiram pré-condições que tornaram a Reforma Protestante possível no início do séc. XVI. Agora pretendo oferecer alguns apontamentos sobre esse importante episódio da História do Ocidente.

Nos países onde eclodiu a Reforma (principados germânicos, Inglaterra e países escandinavos), a Igreja Católica fazia "campos de caça". Explicando melhor: eram nessas regiões que o papado obtinha o grosso de suas riquezas. Sendo um verdadeiro Estado dentro do Estado e muitas vezes tentando suplantá-lo, a Igreja era mais vista como um patrão explorador. Isso explica que nos países mencionados a Reforma tenha se fundido a um sentimento de patriotismo nacional. 

Antes de prosseguir, é preciso alertar que o poder do papado no início da Idade Moderna não deve ser superestimado. Desde 1515, na França, o rei Francisco I (1494-1547) passou a administrar os bens da Igreja; a Coroa também se encarregou de escolher os bispos, arbitrar as desavenças clericais, enfim, gerenciar a Igreja, que passou a se chamar Galicana. Na Península Ibérica ocorreu o mesmo, devido ao regime do padroado. Assim, passaram a existir igrejas nacionais, ao invés de igrejas ultramontanas.

Há que se diferenciar a Reforma Magisterial da Reforma Radical. A primeira foi assim chamada por ter dependido de magistrados seculares. Resolveu o conflito entre a Igreja e o Estado em benefício deste último. A Reforma Magisterial foi a Reforma de Martinho Lutero (1483-1546), João Calvino (1509-1564), Henrique VIII (1491-1547), entre outros.

Lutero negava a ideia da Devotio Moderna de que o indivíduo teria um papel na salvação através da vida meditativa. Para ele a salvação seria obtida passivamente, através da fé. Desta forma, atacou fortemente a venda de indulgências, penitências e boas obras que o catolicismo pregava como necessários para que o crente obtivesse a salvação. 

Na Inglaterra, os monarcas viviam em permanente conflito com a Igreja Católica. A Reforma foi possível quando o rei Henrique VIII submeteu a Igreja, criando a Igreja Anglicana.

Já a Reforma Radical foi feita pelos anabatistas. Sendo um movimento de raiz popular, os anabatistas defendiam que o príncipe deveria converter os infiéis pela força. Mas, como o príncipe se recusava a fazê-lo, os próprios anabatistas deveriam se incumbir de forçá-los à conversão. 

Os anabatistas foram os primeiros a estabelecer a missa protestante e o batismo exclusivamente de adultos. Possuindo um tom milenarista, acreditavam que Deus ainda falava com os seus homens. Em 1524, Thomas Müntzer uniu o anabatismo ao movimento camponês, promovendo as guerras camponesas. Os revolucionários defendiam uma sociedade igualitária - foram, portanto, possíveis precursores dos comunistas. Seu extermínio ocorreu com o aval de Lutero.

Os melquioritas (do líder Melquior Hoffman) foram uma das tendências do anabatismo, bem como os amish, huteritas e os menonitas. Estes últimos eram anarquistas (uma vez que criam que qualquer governo seria fruto de pecado) e contrários ao uso da força. Generalizaram o conceito de pecado e defendiam que o fiel verdadeiro não se preocuparia com as coisas deste mundo. Os menonitas representaram uma tendência passiva dentro da Reforma Radical.    

Totalitarismo

sexta-feira, 22 de maio de 2015

"O totalitarismo consiste na soma dos efeitos da vida social e na subordinação deles a uma norma disciplinar global, mas também na negação da própria vida social, na erosão de suas fundações, e na renúncia teórica e prática à própria possibilidade de existência de multidão. Totalitária é a fundação orgânica e a fonte unificada da sociedade e do Estado. A comunidade não é uma criação coletiva dinâmica mas um mito primordial de fundação. Uma noção originária de povo propõe uma identidade que homogeneiza e purifica a imagem da população, enquanto impede as interações construtivas de diferenças dentro da multidão."

HARDT, Michael e NEGRI, Antonio. Império. 7ª ed. Trad. Berilo Vargas. Rio de Janeiro e São Paulo: Record, 2005, p. 130.

Citado Aqui.

Confira um resumo do conteúdo sobre A Grande Depressão, o Fascismo e o Nazismo.

Alunos nota 100!

quinta-feira, 21 de maio de 2015




Quando criei este blog, não imaginava que chegaria tão longe. Quatro anos depois, comemoro o 100º post. Estou feliz por cumprir a minha missão - ensinar, não importa onde, quando e como. Aproveito a oportunidade para homenagear aqueles que me motivam a seguir adiante:

6º ano A 
"Os erros e acertos dos nossos antepassados servem de lição para mim." 
Penélope G. Dias

6º ano B 
"A História me explica o passado para entender o presente." 
Milena B. Salles

"A História faz parte do dia a dia de todos nós."
Gabriel C. Q. Corrêa

7º ano 
"A História me ajuda a desenvolver um espírito crítico e reflexivo sobre o mundo." 
Ronaldo K. F. Lefler

"Se queremos ter um presente tranquilo, precisamos estudar o passado." 
João Filipe Gomes

"Nós escrevemos a nossa própria História."
Germano E. M. de Oliveira

"Desde pequeno a História é a minha matéria favorita." 
Davi N. Barcelos

8º ano 
"A História é a verdadeira virtude da Humanidade." 
Mariana Caiado Richa

"Compreender o valor da História me faz e me fará uma pessoa melhor, numa sociedade na qual há tanta ignorância."
Maria Eduarda N. M. de Azevedo

"Gosto de aprender sobre o passado das pessoas e dos países."
Luiz Felipe X. Pinto

9º ano A 
"A História me faz uma cidadã melhor." 
Júlia Camargo de Sousa

"O que me motiva a estudar a História são as guerras..."
Moyses O. Ramos

9º ano B 
"Estudar História é como ler uma longa, surpreendente e fantástica obra de literatura e no final saber que tudo realmente aconteceu." 
Brenda Fernandes da Silva (2º lugar geral - Prêmio Clio 2015)

"A História contribui para não cometermos os mesmos erros do passado e a repetirmos os bons exemplos." 
João Miguel R. de Barros

1º ano (Ensino Médio)
"Quando estou estudando História sinto a mesma sensação de viajar, e é isso que me motiva." 
Natanael de Farias Barbosa (1º lugar geral - Prêmio Clio 2015)

"A História não é apenas o conhecimento daquilo que ocorreu - ela me completa."
Thalyta M. de Souza

2º ano (Ensino Médio)
"Devemos manter em mente que aprender com o passado é saber lidar com o presente." 
Emily Taylor Crist

"É único aprender com os grandes homens e mulheres do passado..." 
Gabriela C. Schultz

3º ano (Ensino Médio)
"Ao estudar a História, não apenas viajo no tempo, sou preparado para o futuro." 
Issacar S. Brunow

"A História nos mostra, por exemplo, o horror da guerra, conflitos e batalhas."
Beatriz B. Baia

"Aqueles que estudam a História agem com maior prudência, civilidade e tolerância." 
Davner R. Toledo (3º lugar geral - Prêmio Clio 2015)

"Hoje estamos construindo uma História... então façamos a melhor História."
Clara A. Calazans

Entrevista sobre o Genocídio Armênio

segunda-feira, 18 de maio de 2015




Leia o meu artigo sobre o centenário do Genocídio Armênio.

A Civilização Chinesa

domingo, 17 de maio de 2015

     I. A sociedade do Vale do Rio Amarelo

A intensificação do processo de sedentarização chinês ocorreu na região do vale do rio Hoang-Ho (Amarelo). Em torno do séc. XX a.C. a estrutura social das vilas neolíticas da região se desenvolveu, e surgiram cidades. 

As cidades-palácio teriam indicado um líder que deu origem à primeira dinastia da China antiga, os Hia (séculos XX-XV a.C.). Contudo, para muitos historiadores, os Shang é que fundaram a primeira dinastia na China.

Embora a produção de tecidos de seda pelos chineses tenha iniciado pouco depois da formação da sociedade do rio Amarelo (por volta de 3 mil a.C.), a rota da seda só se formou no séc. I a.C.

      II. A China dos Shang (1650-1050 a.C.)

A maior parte das informações deste período devem-se a um elaborado sistema de escrita surgido nesse período. As inscrições estão disponíveis em documentos conhecidos como "ossos de oráculo", e cerca de metade já foram decifradas.

Os soberanos Shang reivindicavam a origem divina para a origem do seu poder. A organização do Estado baseava-se em funcionários. Já a defesa estava a cargo da nobreza, que em troca recebia terras dos imperadores. O Reino Shang estava constantemente em guerra, e a agricultura de subsistência era a base da economia.

No séc. XI a.C. o domínio Shang passou a ser pressionado por um povo oriundo do noroeste da China, frente o qual acabou por sucumbir.   

      IIIA China dos Chou (1050-250 a.C.)

Os Chou expandiram as fronteiras da China em direção ao sul. A China acabou subdividida em reinos menores, que se submetiam aos monarcas da dinastia Chou.

A expansão Chou só foi interrompida no séc. VII a.C., quando tribos da Mongólia se rebelaram e mataram o soberano Chou. Ocorreu uma fragmentação política, e por mais de 200 anos os reinos guerrearam entre si.

Entre os séculos VI e IV a.C. a produção agrícola aumentou. As terras passaram a ser muito disputadas e a nobreza perdeu poder econômico. O Estado se renovou e Confúcio (551-479 a.C.) influenciou profundamente a cultura chinesa.
           
      IV. O primeiro Império Chinês (séc. III a.C. - séc. III d.C.)



Aproveitando-se da desordem que caracterizou o fim do período Chou, Qin Shihuan (221-207 a.C.) tomou o poder e estabeleceu a dinastia Qin, que só durou até um ano após a sua morte. Shihuan se impôs pela força, fixando um único tipo de escrita para o território que governava e proibindo o confucionismo. Iniciou a construção da Muralha da China (que só foi concluída no séc. XV) e no seu mausoléu foram encontradas oito mil estátuas de terracota (ver abaixo).



Em 206 a.C., Liu Pang fundou a dinastia Han, que durou até 220 d.C. O auge dessa dinastia se deu com o 5º imperador, Wu-ti (156-87 a.C.). No seu reinado foi criada uma espécie de rede pública de ensino. Conquistando o apoio dos confucionistas, Wu-ti expandiu ainda mais as fronteiras da China. 

Durante o período da dinastia Han, alcançaram destaque, além do confucionismo, o taoísmo e o budismo. Essas três propostas filosóficas-místicas têm em comum a busca da ética, da virtude, do caminho correto, dentre outros objetivos. 

Com o fim da dinastia Han, a China foi dividida em Três Reinos (220-265). Iniciava-se um longo processo de instabilidade política e disputas internas. A centralização política só se restabeleceu na China no séc. X, marcando o início da segunda fase do Império Chinês.  

A Revolução Francesa (1789-1799)

sábado, 16 de maio de 2015

A Revolução Francesa representou o mais duro golpe ao Antigo Regime e forjou os rumos da política contemporânea.


Indico o documentário acima especialmente para os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio.

As Raízes da Reforma Protestante

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O Navio dos Loucos, de Hieronymus Bosh (1450-1516). Óleo sobre madeira, 58 cm X 33 cm, Museu do Louvre, Paris. A obra é uma crítica alegórica aos costumes da época, em especial a devassidão e profanidade do clero católico.

Para o grande público, a Reforma Protestante é imediatamente associada a Martinho Lutero (1483-1546) e às suas 95 teses sobre a justificação pela fé. Contudo, antes de 1517 as deficiências da Igreja já eram evidentes e vários pensadores se delineavam como precursores da Reforma. O papel histórico de Lutero foi o de ampliar essas ideias e afirmar radicalmente uma tendência que já existia. 

Neste post, explicarei as origens tardo-medievais da Reforma Protestante. Eu me baseei nas notas que tomei das explicações do Dr. Josemar Machado, professor de História Moderna da Ufes (aula de 30 de agosto de 2006). 

I. Condições anteriores que facilitaram a Reforma

I.1 A Crise espiritual tardo-medieval

O mundo ocidental do século XIV esteve mergulhado numa crise demográfica, econômica e de valores. De modo particular, a Peste Negra e os cismas no seio da Igreja abalaram profundamente a espiritualidade do homem europeu. 

Neste contexto, Gerard Groote (1340-1382) fundou uma comunidade católica denominada "Irmãos e Irmãs da Vida Comum". Eles foram responsáveis por difundir a devotio moderna, que buscava uma nova forma de espiritualismo e ascetismo. A razão era considerada insuficiente para a salvação. Existiam também duas correntes antagônicas no catolicismo: a via antiqua, promovida pelos tomistas, e a via moderna, sustentada pelos seguidores de Guilherme de Ockham (1285-1347). Enquanto a primeira era a representante da ortodoxia, e possuía um padrão estabelecido de compreender a religião, os ockhamistas eram heterodoxos, e pregavam que a razão não teria papel na salvação. 

I.2 Críticas aos poderes da Igreja

No período em questão, Guilherme de Ockham e Marsílio de Pádua (c. 1275 - c. 1342) foram os principais nomes da oposição teológica à Igreja Católica. Ambos eram defensores do conciliarismo, a ideia de que a Igreja é maior do que o papa. 

O conciliarismo foi ratificado pelo Concílio de Constança, em 1415. Naquele momento, a Igreja reunida escolheria um novo papa para substituir os anti-papas e sanar a crise que abalava a Cristandade ocidental. Contudo, a partir da segunda metade do século seguinte, os papas recobrariam o seu poder. 

Dentre os principais representantes da oposição herética, destacam-se John Wycliffe (c. 1328-1384) e Jan Huss (1369-1415). 

Wycliffe criticou o papel exercido pela Igreja na sociedade inglesa do século XIV. Opunha-se à sua ingerência nas questões políticas. Os lolardos, padres sem consagração formal que seguiam as ideias de Wycliffe, chegaram a envolver-se numa insurreição, em 1381. Coube a Wycliffe traduzir o Novo Testamento para o inglês. 

Se Wycliffe foi o precursor da Reforma na Grã-Bretanha, na Europa continental (na Boêmia, mais especificamente) esse papel coube a Huss. Notável teólogo da Universidade de Praga, ele foi o porta-voz dos camponeses boêmios contra a concentração de terras por parte da Igreja. Embora portasse um salvo-conduto para participar do Concílio de Constança (1415), foi traído e queimado na fogueira. Após sua morte, os hussitas ganharam força, ainda mais que os lolardos da Inglaterra. Por décadas estiveram em conflito com o clero católico, e acabaram arrancando-lhes concessões em matéria sacramental: obtiveram a comunhão dupla (passaram a comungar tanto do pão quanto do vinho; na tradição católica, os leigos participam apenas da hóstia). 

«Divisões perigosas», de Peter Fry et. al.

quarta-feira, 13 de maio de 2015


Apesar de ter sido publicado em 2007, pela editora carioca Civilização Brasileira, só na semana passada conheci este livro (que, na verdade, é uma coletânea de artigos). Eminentes estudiosos do assunto juntaram-se para criticar a racialização em curso na sociedade brasileira, assumindo a mais radical posição anti-racista - "solapar os pressupostos que embasam a ideia de raça" (p. 18).

A propósito de divulgar esta obra, lembro que hoje é o Dia da Abolição da Escravatura. Como bem lembrou um dos autores, Demétrio Magnoli ("A Abolição da Abolição", pp. 65-66):

O 13 de maio devia ser comemorado nas ruas, como uma festa popular em homenagem aos personagens públicos e aos milhares de heróis anônimos que conduziram a primeira grande luta social de âmbito nacional no Brasil e derrotaram a dinastia e a elite escravistas. (...) A Abolição foi uma luta popular moderna, compartilhada por brasileiros de todos os tons de pele. (...) 

Zumbi não viveu no Brasil, mas na formação social de um enclave colonial-mercantil português. Na luta gloriosa e desesperada que liderou não existia a alternativa de mudar o mundo, mas apenas a de segregar os seus num outro mundo, que foi Palmares. Os revisionistas que fingem celebrar a memória de Zumbi praticam um sequestro intelectual, despindo a narrativa do seu programa atual de separação política e jurídica das 'raças'. Esse é o motivo pelo qual decidiram abolir a Abolição.  

Dentre os vários abolicionistas brasileiros de diferentes "tons de pele", vale a pena destacar Joaquim Nabuco, José do Patrocínio (filho de pai branco e mãe negra escrava), Antônio Bento, Silva Jardim, o ex-escravo Luís Gama, dentre outros. Todos esquecidos pelo atual movimento negro, que elegeu Zumbi e Palmares como os seus ícones. 

Contudo, como frisa José de Souza Martins no artigo "O branco da consciência negra" (p. 99):

Como o branco, o negro nunca foi, no Brasil, um paladino da liberdade [Conheça a História dos Escravos que prosperavam comprando negros]. Nem podia. Havia escravidão em Palmares. Escravos que se recusavam a fugir das fazendas e a ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombolas. A luta de palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem.

Para finalizar, Ronaldo Vainfas, no artigo "Racismo à moda americana" (pp. 85-87) estabelece um contraste entre a escravidão norte-americana e a escravidão brasileira, destacando que esta última 

... não passava rigorosamente pela linha de cor. Joaquim Nabuco, ainda no século XIX, apontou com olho clínico este fato. No Brasil escravista, negros chegaram a ser senhores de escravos ou mesmo traficantes, em geral libertos (...), chegando alguns a enriquecer com o tráfico atlântico. O mesmo em relação a mulheres, como indicou Sheila de Castro Faria (...). Este é fenômeno de sociologia histórica que dificilmente se encontraria no caso dos Estados Unidos.

A chave para entender o preconceito mais velado contra o negro no Brasil em contraste com a violência da discriminação nos Estados Unidos encontra-se no processo de abolição. Muitos historiadores tratam disso, mas vale a pena repetir. Entre nós, uma abolição lenta, negociada, tecida na esfera das elites políticas. Nos Estados Unidos, uma abolição traumática, resultado de uma guerra civil, no fim da qual foram suspensos, no tempo da Reconstrução Radical, os direitos políticos dos brancos sulistas.

Foi nesse tempo, ainda em 1865, que surgiu a Ku Klux Klan, dedicada a matar negros, depois a impedi-los de obter direitos políticos e civis. A Klan surgiu no sul, mas não tardou a se espalhar pelo país inteiro, no início do século XX. A Klan se tornou organização poderosíssima, tolerada ou apadrinhada por diversos governos estaduais (...) Com a crise de 1929, sua popularidade cresceu (...). Nutria forte simpatia pelo nazismo, tornou-se antissemita com devoção. Só não avançou mais nessa época pela entrada dos Estados Unidos na guerra.
(...)

Poder-se-ia dizer que as mazelas da Ku Klux Klan nada tem que ver com a História do Brasil. É verdade em parte, porque ao menos não tivemos experiência histórica familiar similar, felizmente. 

A Civilização Hindu

sábado, 9 de maio de 2015

1. As origens das civilizações chinesa e indiana (hindu)

Assim como nas demais sociedades antigas, na China e na Índia os rios também foram importantes para a formação dos primeiros núcleos urbanos.

A ocupação humana organizada na Ásia ocorreu, na China, nas grandes planícies do Norte, onde a terra é amarela, chamada de loess, propícia à agricultura. A sedentarização na China foi propiciada pelos rios Yang-Tsé-Kiang (Azul) e Hoang-Ho (Amarelo). As preocupações relacionadas às dificuldades práticas da vida marcaram a cultura chinesa antiga (por exemplo, a organização das estruturas de poder e a preocupação com a segurança diante de ameaças externas).

A Índia foi povoada quando surgiram cidades com estruturas básicas. A grande pluviosidade foi, sem dúvida, o motivo que atraiu sucessivas levas de novos habitantes. Além disso, os rios Indo e Ganges foram fundamentais para o desenvolvimento da civilização hindu. A civilização indiana formou um "Império do Espírito", o que provocou um desligamento com relação à memória. Isso traz dificuldades para o estudo da sua história.

2. A sociedade do Vale do Indo



Foi no Vale do Rio Indo que surgiu o mais antigo agrupamento humano na Índia, há mais de cinco mil anos. O desenvolvimento da agricultura e a consequente sedentarização possibilitou o surgimento de cidades. O auge dessa civilização se deu entre 2800 a.C. e 1900 a.C.

Dentre as cidades mais antigas do Vale do Indo, destacam-se Mohenjo-Daro (abaixo) e Harappa, algumas das primeiras cidades planejadas da história. Essas cidades impressionaram seus descobridores devido a sofisticação, o tamanho e, principalmente, a organização. 


A civilização do Vale do Indo possuía cerca de 5 milhões de habitantes, sendo a mais populosa do mundo à sua época. Seu desaparecimento se deu por volta do séc. XV a.C. As principais teorias são que o declínio foi provocado por problemas ambientais e/ou um desastre natural, mas as causas ainda são obscuras.

      A. Período Veda

Esse período estendeu-se de 1500 a 500 a.C., na área correspondente à planície do Rio Ganges. Nesse período, foram produzidos e organizados uma grande quantidade de textos conhecidos como literatura védica.

De modo geral, os escritos védicos refletem um intenso politeísmo, a característica mais marcante do hinduísmo.

Os primeiros líderes religiosos dessa fase foram chamados de brâmanes. Já os líderes políticos vieram a ser conhecidos como rajas.


Os vedas estavam socialmente divididos em castas  - o que significa que os indivíduos herdavam seu ofício e status e só podiam se casar com membros do seu estrato social. Além disso, as interações sociais baseavam-se na exclusão fundamentada em noções culturais de pureza e poluição, reforçando o preconceito contra os menos favorecidos (sudras e dalits [ou párias]).

      B. O nascimento do budismo na Índia

Segundo a tradição, Sidarta Gautama (nascido na década de 560 a.C., no atual Nepal) teria atingido a "iluminação" e, após isso, teria difundido uma mensagem que, por sua simplicidade, se distinguia dos complexos rituais vedas. Assim, o budismo passou a ter um apelo popular muito forte.

O cerne do budismo é o Caminho Óctuplo, que tem a ver com vida, pensamento, expressão, ação, observância e meditação corretos. O objetivo é se libertar do ciclo de reencarnações e atingir o nirvana.
           
      C. O Império Mauria

Entre os séculos III e I a.C., o Império Mauria desenvolveu-se e tornou-se o maior da história do subcontinente indiano (veja o mapa abaixo). O fundador desse império foi Chandragupta Mauria (340-298 a.C.).

Outro imperador que se destacou nesse período foi Ashoka (269-232 a.C.). Conta-se que, após uma batalha sangrenta, ele voltou-se para o budismo. Produziu os Éditos de Ashoka, uma das principais fontes documentais do seu reinado. 


Aproximadamente 55 anos após a morte de Ashoka, o Império Mauria desintegrou-se.

Entre os séculos I a.C. e III d.C. a Índia atravessou uma fase de descentralização política. Os vários reinos que surgiram nessa época mantiveram contatos econômicos e culturais entre si e com outros povos. Romanos, no Ocidente, e malaios e indonésios, no Oriente, estiveram entre os povos que mantiveram contatos constantes com a Índia.

Entre os séculos II e V a cultura indiana se desenvolveu, com o fortalecimento da matemática, da medicina e da veterinária. Os algarismos indo-arábicos foram levados para o Ocidente.

Séculos depois, a Índia passou a travar contatos com as civilizações islâmica (séc. VII) e europeia (séc. XV). O islamismo se estabeleceu como uma força poderosa, especialmente no norte indiano.