“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Revelações sobre John M. Keynes

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

John Maynard Keynes (1883-1946) foi um dos mais representativos líderes intelectuais de uma geração emancipada dos costumes morais tradicionais. Levando em conta efeitos previsíveis, Keynes acreditava que podia construir um mundo melhor do que se submetendo a regras abstratas tradicionais. Em um revelador relato autobiográfico, ele contou que o círculo de Cambridge dos seus anos de juventude eram "no sentido mais estrito do termo, imoralistas". 

Keynes justificou algumas das suas concepções econômicas, assim como sua crença no gerenciamento da ordem de mercado, com o fundamento de que "no longo prazo, estaremos todos mortos". Com isso, ele queria dizer que não importavam os estragos de longo prazo que causasse; apenas o presente, o curto prazo - que consiste em opinião pública, reivindicações, votos e todo o substrato e a tentação da demagogia - é que contava.

Keynes também se opôs à tradição moral da "virtude de poupar", recusando-se a admitir que a redução da demanda por bens de consumo costuma ser necessária para tornar possível o aumento da produção de bens de capital (isto é, investimento). Finalmente, à sua teoria 'geral" da economia devemos a ímpar inflação mundial do último terço do século XX e a inevitável consequência do desemprego severo que a ela se seguiu.

Nem Keynes nem seus alunos reconhecem que a ordem ampliada deve se basear em considerações de longo prazo. Edward Morgan Forster (1879-1970), que integrou o mesmo círculo intelectual de Keynes, argumentou a sério que libertar a espécie humana dos males do "comercialismo" tornara-se tão urgente quanto fora libertá-la da escravidão.

No campo da saúde, chama a atenção a que ponto chegou o rompimento dos valores tradicionais. George Brock Chisholm (1896-1971), psicanalista que se tornou o primeiro secretário-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), defendeu a "erradicação dos conceitos de certo e errado". A tarefa principal do psiquiatra seria libertar a espécie humana "do paralisante fardo do bem e do mal." 

Adaptado de: HAYEK, Friedrich A. von. Os erros fatais do socialismo. Tradução de Eduardo Levy. Barueri: Faro Editorial, 2017, p. 79-81.

«Filosofia Verde», de Roger Scruton

domingo, 19 de janeiro de 2020

Baixe essa obra gratuitamente aqui.

Doc. "O Belo e a Consolação"

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A Personificação dos Continentes

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Afresco dos quatro continentes, seção sobre a Ásia. Teto do salão da Escadaria na Residência de Würzburg, 1752-3, de Giambattista Tiepolo.

Durante o século XVII, a tradição de associar mapas do mundo (continentes ou regiões) a imagens das cidades mais importantes e dos povos mais "típicos", em geral representadas em pares nas margens, enraizou-se no trabalho dos principais cartógrafos neerlandeses (Jodocus Hondius, Pieter van den Keere, Vischer, Willem Blaue e Frederik de Wit, seguindo Braun e Hogenberg). Os volumes sobre vestuário aproveitavam, ao mesmo tempo que também criavam, muitas das imagens usadas em mapas, atlas e panoramas de cidades do mundo. No longo prazo, surgiram gêneros de livros que unem quase perfeitamente a representação de cidades e a imagem de povos específicos. Destaca-se o livro publicado por Carel Allard por volta de 1695, Orbis habitabilis oppida et vestitus.

Entre 1570 e 1790 foram executadas muitas obras de arte (desenhos, gravuras, pinturas e esculturas) que se serviram de personificação dos continentes. Sabine Poeschel compilou 112 exemplos, com a grande maioria tendo sido criada na Itália. Na impossibilidade de analisar todos esses trabalhos, destaco o significado simbólico da obra-prima de Giambattista Tiepolo, o afresco pintado em 1752-3 no teto do Salão da Escadaria na Residenz de Würzburg (ver detalhe acima), considerado a mais vasta e uma das mais imponentes pinturas da Europa.

Nessa composição, a posição subalterna da Ásia, da África e da América perante a Europa é claramente indicada pela escolha de posições em relação às escadas e pela representação das figuras: a Europa é o único continente coroado, e as figuras restantes olham diretamente o espectador. Os elementos iconográficos estabelecidos são usados na composição: a Europa, com vestes ricas mas com cores e ornamentos sóbrios, é representada com os símbolos da sua origem (o mito da violação por Zeus), da natureza domesticada (o cavalo), da verdadeira religião (o templo, a mitra e a cruz, e a crossa do príncipe-bispo), das artes liberais (música, geografia, arquitetura, pintura e escultura) e da capacidade bélica (um canhão e um oficial).

Entretanto, a África quase nua monta um camelo, com um macaco, um avestruz e um pelicano representados no mesmo friso, completado pela figura do Nilo, ao lado de várias cenas que exibem mercadores orientais e europeus, e homens locais fumando cachimbo. A Ásia, de turbante, está sentada num elefante, cercada por um grupo de escravos, um criado com um turíbulo, caça a tigres e leões, e temos uma seção que indica a falsa religião, representada por um obelisco e um ídolo. Segundo alguns especialistas, na cena asiática, o escravo com a grilheta no pulso direito está agarrando o pulso esquerdo, o que pode significar que está acorrentando a si próprio - uma inovação iconográfica que vai ao encontro da ideia europeia de despotismo e falta de liberdade oriental. Isso também é sublinhado pelas mãos em posição de súplica ao lado do escravo manietado.

A América, nua, com um toucado de penas, está sentada num crocodilo, num cenário amplo com músicos, frutos e um criado com um pote de chocolate, e é contrastada com uma caça a um aligátor e com uma cena de canibalismo observada de modo um tanto bizarro pelo autor europeu com o seu quê de deturpado.

É marcante a oposição entre a Europa e os continentes exóticos, representados com vida selvagem, caça e canibalismo, mas também repletos de elementos comerciais (barris, fardos, troncos), para-sóis, turbantes, chapéus cônicos e estranhos toucados, que criam uma atmosfera orientalizada no friso, mesmo na África e na América.  

Adaptado de BETHENCOURT, Francisco. Racismos - das Cruzadas ao Século XX. Tradução de Luís Oliveira Santos e João Quina Edições. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 114-116.

Pérola de Marco Aurélio

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Lugares incríveis: Irã

domingo, 5 de janeiro de 2020

O ano começou com as tensões entre os Estados Unidos e o Irã se intensificando. Embora analisar a geopolítica seja fundamental, é preciso ver cada país a partir de sua complexidade cultural e histórica. O vídeo acima poderá ser útil nesse sentido. 

Jesus, a Água da Vida

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Cena do filme Ben-Hur (1959), dirigido por William Wyler (1902-1981).