“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Martinho Lutero, Um Destino»

domingo, 25 de dezembro de 2016

Baixe essa obra gratuitamente aqui.

Eis o último livro acadêmico que li em 2016. Trata-se do clássico de Lucien Febvre, um dos pais dos pais do Movimento dos Annales. Como sugeriu um de seus próximos, ninguém conhecia mais do universo mental europeu do século XVI do que esse grande historiador. 

Martinho Lutero, Um Destino, publicado originalmente em 1928, foi lançado no Brasil pela editora Três Estrelas, em 2012. Nessa obra, Lucien Febvre reconstituiu pormenorizadamente (mas com grande estilo e leveza) a trajetória do fervoroso monge agostiniano que, no encalço da verdadeira fé cristã, se insurgiu contra o papa e a Igreja Católica, sendo excomungado e, então, levado ao epicentro de sucessivas revoluções - religiosa, social e política. Na abrangente exposição de Febvre, a vida de Lutero se amarra à ao destino de uma época inteira: o século XVI alemão e europeu.

Referência: FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012.

As Origens Pagãs do Natal

O sincretismo entre Cristo e o deus Sol (Hélio) é claro em representações cristãs como nesse mosaico do séc. III. Abóbada do Mausoléu dos Júlios, Necrópole Vaticana, próximo ao túmulo de Pedro.

A palavra Natal vem do latim nativitas ("nascimento") porque no dia 25 de dezembro se celebrava a festa do nascimento do deus Sol Invicto, coincidindo com o solstício de inverno. Acreditava-se no renascimento do Sol após o solstício. A gradual defasagem no calendário e a passagem dos séculos fez com que, na atualidade, o solstício fosse antecipado para o dia 21 de dezembro.  

Durante a República, o Sol era um deus menor. No ano 10 a.C., Augusto mandou colocar um grande obelisco em honra ao Sol no Circo Máximo - atualmente ele está localizado na Piazza del Popolo -, evidenciando a importância que essa divindade começava a ter. Assim, na Roma imperial se celebrava a 25 de dezembro a festa do nascimento do Sol Invicto. Esse epíteto - "Invicto" - foi dado ao Sol no século II, pelo fato de esse astro ser imortal, uma vez que um dia após o outro enfrenta a morte para renascer no dia seguinte, espalhando assim sua luz ao mundo. Embora o imperador Aureliano tenha oficializado de forma definitiva o culto a esse deus em 274, seu culto possuía escassa importância no império, até que se assimilaram a ele outros deuses, como Elagabalus, Átis, Apolo ou Mitra. 

Foi dessa forma que o Sol Invicto se converteu no deus principal do Panteão romano e, posteriormente, no deus único (os demais deuses eram partes dele). No ano 350, o papa Júlio I estabeleceu o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro, mostrando que Jesus seria o verdadeiro Sol Invicto. Coincidentemente, nessa mesma data se celebrava o nascimento do deus persa Mitra, muito popular entre os soldados romanos. 

Os adoradores do Sol também tinham uma festividade semanal: o dies solis (o "dia do Sol", o mesmo significado da palavra inglesa sunday). Coube a um conhecido adorador do deus Sol, o imperador Constantino, emitir um decreto dominical em 321. Constantino também presidiria o Concílio de Niceia em 325, quando ficou estabelecido oficialmente o dies solis como o dia de descanso dos cristãos. 

Recomendo também: O que se sabe do Natal, nascimento de Jesus

Lutero, um Reformador?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Quarto de Lutero no castelo de Wartburg, em Eisenach.

"Um reformador? Houve quem negasse esse título ao pai da Reforma, não sem certo fundamento. Um condutor de homens? Ele atendia, sem dúvida, ao chamado de seu Deus. No entanto, o que ele pedia, no íntimo, não era para conduzir, mas para ser conduzido, para ser guiado por Deus aonde Deus quisesse levá-lo, com a cega confiança da criança que caminha de mãos dadas com seu pai e vai sem vã curiosidade. Organizar? Legislar? Edificar? Para quê? Por que dar tanta importância a essas obras vãs? A Igreja, essa comunhão puramente espiritual, a Igreja invisível está presente onde quer que os verdadeiros crentes se encontrem, onde quer que manifestem sua fé. É isso que importa. O resto, recrutamento de ministros, constituição de grupos: questões destituídas de interesse. Por que defini-las para todo o sempre? Regulamentos provisórios são suficientes."

FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012, p. 192.

As Festas das Luzes

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


Os dias 25/12 a 01/01 serão especiais para cristãos e judeus, por motivos diversos, naturalmente. Para os cristãos, a noite do dia 24 será especial por ser a noite de Natal, o nascimento de Jesus (nessa ocasião, o céu de Belém teria se iluminado). Os seguidores da primeira religião monoteísta do mundo, por sua vez, comemorarão a partir do pôr do sol desse dia a Chanucá.

"Em Chanucá, trazemos ao presente uma vitória de 2.200 anos contra a intolerância. Esta é uma festa muito alegre, em que comemoramos não apenas o reacendimento da menorá no Templo como também a vitória da liberdade religiosa, valor que continuamos prezando e defendendo com a mesma força de dois milênios atrás",  declarou o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg.

Frederick Jackson Turner (1861-1932)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016


Nascido em Portage, Wisconsin, EUA, Fredick J. Turner ficou famoso por seu ponto de vista de que 

"A história americana foi em grande parte a história da colonização do Oeste. A existência de uma área de terras devolutas, a recessão contínua e o avanço da colonização americana para o Oeste explicam o desenvolvimento americano." 
(The Significance of the Frontier in American History, em Reading Frederick Jackson Turner, p. 31). 

Além disso, ele desafiou os historiadores de sua época a considerar o significado das diferenças regionais na história americana; a se basear em um amplo conjunto de evidências e métodos de pesquisa; a reconhecer que os acontecimentos têm várias causas; e a investigar o passado à luz do presente. Essas ideias tornaram-se a marca de autenticidade da "nova história" de James Harvey Robinson, Carl Becker e Carl Beard e ainda hoje sobrevivem. 

No artigo citado acima, Turner defende que a verdadeira cidadania requer o estudo da história, uma vez que a história pode nos ajudar a compreender os eventos americanos contemporâneos. 

Nas décadas de 1930 e 1940, muitos historiadores descartaram a tese da fronteira como ineficiente para uma explicação global da história americana. Nos anos 1950 e 1960, contudo, ela foi parcialmente recuperada, e rejeitada novamente em meados dos anos 1980. Apesar disso, alguns dos seus mais acérrimos críticos acabaram por reconhecer o pioneirismo de certas afirmações do professor de Harvard.

Aproveito o ensejo para indicar um de seus escritos, O significado da História. Trata-se, nas palavras de Arthur Lima de Avila, "uma verdadeira referência para estudo da historiografia norte-americana dos séculos XIX e XX." 

Saiba mais: HUGHES-WARRINGTON, Marnie. 50 Grandes Pensadores da História. São Paulo: Contexto, 2002, p. 366-373.

O Outro Lado do Genocídio na Síria

domingo, 18 de dezembro de 2016

Pérola de Martin Luther King

sábado, 17 de dezembro de 2016