“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Seminário "História da Escravidão"

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 
A abolição do comércio de escravos, 1792, desenho satírico de Isaac Cruikshank (1764-1811). Créditos do British Museum, Londres.


Relação social tão antiga como moderna, a escravidão é tão fácil de entender como difícil de conceituar. No Brasil, a escravidão ainda persiste nos rincões do país ou em seus grandes centros urbanos, ainda que tenha sido legalmente abolida em 1888. O fenômeno não se restringe ao passado ou a setores específicos onde é praticada. A escravidão se refletiu e se reflete em comportamentos e pontos de vista, que definem padrões em nossa sociedade e penetram até mesmo nos seus setores mais modernos, progressistas e dinâmicos. 

Nesse sentido, proponho ao 2º ano do Ensino Médio o seminário interdisciplinar História da Escravidão, no qual compreenderemos a escravidão não apenas como um fato social ou meio de produção, mas também como uma forma de pensar e de conceber o mundo. Para as nossas reflexões filosóficas, utilizaremos o ensaio A Desobediência Civil (1849), de Henry David Thoreau, disponível aqui.

Os temas serão apresentados por duplas, de acordo com o seguinte Modelo de PowerPoint. Além da apresentação, que deverá durar entre 12 e 15 minutos, cada aluno entregará previamente ao professor um fichamento manuscrito do texto indicado.

As primeiras apresentações se basearão em PRÉTRÉ-GRENOUILLEAU (2009):

1. O que é escravidão? 

2. Nascimento e evolução da escravidão 

3. Lutas e Abolições


As apresentações seguintes terão como referência verbetes de GOMES & SCHWARCZ (2018):

4. Economia Escravista Mundial - África durante o comércio negreiro

5. Africanos ocidentais - Africanos orientais 

6. Navio negreiro - Fim do tráfico

7. Fronteiras da Escravidão - Indígenas e Africanos

8. Família escrava - Mulher, corpo e maternidade

9. Castigos físicos e legislação - Código Penal escravista e Estado

10. Mineração escravista - Café e Escravidão

11. Religiosidades - Irmandades


A apresentação subsequente deverá se basear num verbete de MOURA (2004):

12. Igreja Católica e Escravidão


As apresentações finais também terão como referência verbetes de GOMES & SCHWARCZ (2018):

13. Canções escravas - Capoeira na escravidão e no Pós-Abolição

14. Quilombos/remanescentes de quilombos - Revoltas escravas

15. Doenças - Morte e Rituais fúnebres

16. Emancipação nas Américas - Pós-Abolição  


Referências bibliográficas

GOMES, Flávio & SCHWARCZ, Lilia M. (organizadores). Dicionário da Escravidão e Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. > Disponível aqui. 

MOURA, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004, p. 195. > Disponível aqui.

PRÉTRÉ-GRENOUILLEAU, Olivier. A História da Escravidão. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2009. > Disponível aqui

A "Mancha Negra" da França

domingo, 27 de dezembro de 2020


A obra acima, datada de c. de 1887, chama-se A Aula de Geografia ou a "Mancha Negra" e é do pintor Albert Bettanier (1851-1932).

A tal "Mancha Negra" - apontada no mapa da França por professor de alunos super atentos - corresponde aos territórios da Alsácia-Lorena, amargamente perdidos pela França ao final da Guerra Franco-Prussiana (1870-71). O Tratado de Frankfurt (1871) foi o instrumento mediante o qual o Império Alemão anexou formalmente essas províncias de maioria germânica. Além da perda desses territórios, a França teve que pagar uma indenização de 5 bilhões de francos de ouro e arcar com os custos da ocupação das tropas alemãs em suas províncias setentrionais. Tal ocupação se estendeu até setembro de 1873, quando a indenização foi finalmente paga.

A perda da Alsácia-Lorena representou uma dura humilhação aos franceses, que até então eram governados por Napoleão III, sobrinho do grande Napoleão Bonaparte. Meses antes da assinatura do Tratado de Frankfurt, o rei Guilherme I havia sido coroado kaiser (imperador) na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, antigo centro da realeza francesa. Em tal ocasião, o chanceler germânico, Bismarck, proclamou o Império Alemão.

Tudo isso levaria os franceses a alimentarem um intenso desejo de revanche. Tal sentimento foi uma das causas da Primeira Guerra Mundial e, como se vê na pintura acima, foi devidamente alimentado nas aulas de geografia e de história das escolas francesas da Terceira República. 

«Galileu e o Sistema Solar»

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 

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O Presidente Eterno da Coreia do Norte

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 Pôster de Kim Il-sung.

Kim Il-sung parecia ainda mais grandioso morto do que em vida. Pyongyang ordenou que os calendários fossem mudados. Em vez de marcar o tempo a partir do nascimento e morte de Cristo, a era moderna para os norte-coreanos agora começaria em 1912, com o nascimento de Kim Il-sung, de tal maneira que o ano de 1996 passaria a ser conhecido como Juche 84. Kim Il-sung foi mais tarde nomeado "presidente eterno", governando o país em espírito dos confins do seu mausoléu climatizado no subsolo da Torre da Vida Eterna. Kim Jong-il assumiu os títulos de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores e presidente da Comissão de Defesa Nacional, este último o cargo mais elevado da nação. Embora não houvesse dúvida de que Kim Jong-il era o chefe de Estado, o fato de deixar para o pai o título presidencial demonstrava sua lealdade filial e lhe permitia exercer o poder em nome de um pai que era genuinamente reverenciado e muito mais popular do que ele próprio.         

DEMICK, Barbara. Nada a Invejar - Vidas Comuns na Coreia do Norte. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, Cap. 8, p. 146 (versão digital).

Dia da Bíblia

domingo, 13 de dezembro de 2020

Bolcheviques X Trabalhadores

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Prisioneiros extraindo argila para uma olaria. Ilha Solovki, URSS, c. 1924-1925. Fonte: Allthatsinteresting.com

Em outubro de 1917, quando os bolcheviques tomaram o poder em nome do "proletariado", a expectativa era de que não tardariam melhorias, se não da condição econômica dos trabalhadores, pelo menos, do seu status legal e social. Na realidade, os operários russos foram privados de todos os direitos conquistados sob o czarismo, incluindo os de eleger seus representantes sindicais e fazer greves. É evidente que, uma economia controlada, com planejamento central da produção e monopólio estatal do comércio, não podia coexistir com um mercado de trabalho livre. Os controles tinham de abarcar a mão-de-obra. Trótski, que costumava passar para o papel o pensamento de Lênin, apresentou a questão da seguinte forma: "Pode-se dizer que o homem é uma criatura bastante preguiçosa. Em geral, empenhada em evitar o trabalho (...). O único modo de atrair a força de trabalho exigida pelas tarefas econômicas é introduzir o serviço de trabalho compulsório." 

PIPES, Richard. História Concisa da Revolução Russa. Tradução de T. Reis. Rio de Janeiro: BestBolso, 2018, p. 221.

Os Únicos Europeus da Europa

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Nazistas barram a entrada de judeus na Universidade de Viena, Áustria, em 1938.  
Créditos do U S Holocaust Museum

"Meus pais eram europeus por devoção. Nunca se consideraram russos ou poloneses, lituanos ou ucranianos. Amavam a Europa. Eram poliglotas, amavam diferentes culturas e tradições, a variedade de tesouros artísticos e literários, a arquitetura, as paisagens, as pradarias e as florestas, as cidades antigas com suas alamedas calçadas com pedras arredondadas. Amavam os cafés; amavam até mesmo o som dos sinos das igrejas. E acima de tudo, amavam a música.

 Hoje, isso não é nada de mais. Quase todo mundo na Europa é um europeu, e muitos estão na fila para se tornar europeus. Mas noventa anos atrás, meus pais e muitos judeus modernos como eles eram os únicos europeus da Europa. Cada um dos outros era um patriota búlgaro, um patriota holandês ou um patriota irlandês. Alguns eram pan-eslavistas ou pangermanistas. Meus pais eram, noventa anos atrás ou se tanto, os únicos europeus da Europa. Eram jovens estudantes em universidades europeias, e seu amor pela Europa nunca foi retribuído. Por serem europeus, foram rotulados como cosmopolitas, parasitas, intelectuais sem raízes. Alguns de vocês são idosos o suficiente para lembrar desses três pejorativos, que foram parte de um vocabulário compartilhado por nazistas e comunistas. Eles se dirigiam aos meus pais."

OZ, Amós. "Em Louvor das Penínsulas" (novembro de 2015). In: Como Curar um Fanático - Israel e Palestina: entre o certo e o certo. Tradução de Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

«Como Curar um Fanático»

sábado, 5 de dezembro de 2020

 
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O Mito da Revolução de Outubro

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

 

Bolchevique, 1920, óleo sobre tela de Boris M. Kustódiev (1878-1927). 

"Embora haja referência a duas revoluções russas, em 1917, uma em fevereiro e outra em outubro -, apenas a primeira merece esse nome. Realmente, em fevereiro de 1917, a Rússia vivenciou uma genuína revolução, que derrubou o regime czarista, e cujas desordens, ainda que provocadas e esperadas, irromperam espontaneamente. O Governo Provisório que assumiu o poder ganhou a imediata aceitação de todo o país. O mesmo não vale para outubro de 1917. Os fatos que levaram à queda do Governo Provisório não foram espontâneos, mas tramados com cuidado e desencadeados por uma conspiração altamente organizada. Os conspiradores precisaram de três anos de Guerra Civil para subjugar a maioria da população. Outubro foi um clássico coup d'état, mediante o qual um pequeno grupo de homens apossou-se da autoridade governamental, sem praticamente nenhum envolvimento das massas."

PIPES, Richard. História Concisa da Revolução Russa. Tradução de T. Reis. Rio de Janeiro: BestBolso, 2018, p. 127. 

Não Nos Representam

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Se for rompido o vínculo subjetivo entre o que os cidadãos pensam e querem e as ações daqueles a quem elegemos e pagamos, produz-se o que denominamos crise de legitimidade política; a saber, o sentimento majoritário de que os atores do sistema político não nos representam. Em teoria, esse desajuste se autocorrige na democracia liberal com a pluralidade de opções e as eleições periódicas para escolher entre essas opções. Na prática, a escolha se limita àquelas opções que já estão enraizadas nas instituições e nos interesses criados na sociedade, com obstáculos de todo tipo aos que tentam acessar uma corriola bem delimitada. E, pior, os atores políticos fundamentais, ou seja, os partidos, podem diferir em políticas, mas concordam em manter o monopólio do poder dentro de um quadro de possibilidades preestabelecidos por eles mesmos. A política se profissionaliza, e os políticos se tornam um grupo social que defende seus interesses comuns acima dos interesses daqueles que eles dizem representar: forma-se uma classe política, que, com honrosas exceções, transcende ideologias e cuida de seu oligopólio. Além disso, os partidos, como tais, experimentam um processo de burocratização interna, predito por Robert Michels desde a década de 1920, limitando a renovação à competição entre seus líderes e afastando-se do controle e da decisão de seus militantes. E mais, uma vez realizado o ato da eleição, dominado pelo marketing eleitoral e pelas estratégias de comunicação, com escasso debate e pouca participação de militantes e eleitores, o sistema funciona autonomamente em relação aos cidadãos. Tão somente tomando o pulso da opinião, nunca vinculante, através de pesquisas cujo desenho é controlado pelos que as encomendam. Mesmo assim, os cidadãos votam, elegem e até se mobilizam e se entusiasmam por aqueles em que depositam esperanças, mudando volta e meia quando a esperança supera o medo de mudança, que é a tática emocional básica na manutenção do poder político. Mas a recorrente frustração dessas esperanças vai erodindo a legitimidade, ao mesmo tempo que a resignação vai sendo substituída pela indignação quando surge o insuportável.  

CASTELLS, Manuel. Ruptura - a Crise de Democracia Liberal. Tradução de Joana Angélica D'Avila Melo. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

Pérola de Sêneca

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

"Pratica moral para poderes ser feliz, e não te importes que fulano ou sicrano te ache estúpido. Deixa que os outros te ofendam e te injuriem; desde que possuas a virtude, em nada serás lesado por isso. Se queres ser feliz, se queres ser um homem de bem e digno de confiança, não te importes que os outros te desprezem."

SÊNECA, Cartas a Lucílio, 71.7.

Ecocídio na União Soviética

terça-feira, 24 de novembro de 2020

 

No dia 26 de abril de 1986, ocorreu a explosão de um reator de Chernobil, na então Ucrânia soviética. Essa fotografia aérea mostra os danos na usina.

Murray Feshbach e Alfred Friendly observam em seu importante livro Ecocide in the USSR que a poluição foi parcialmente responsável pelo aumento da mortalidade infantil na União Soviética até níveis só encontrados em países do Terceiro Mundo e em algumas cidades americanas. Os autores concluíram que "embora os vínculos entre a agressão ambiental e a doença permaneçam inevitavelmente mais presumidas que provadas, existe pouca dúvida a respeito do volume da poluição. Poucas áreas industrializadas da União Soviética estão livres de risco ambiental, e algum tipo grave de condição ecológica prevalece em 16 por cento do território do país, onde vive um quinto da população."

O que Feshbach e Friendly documentam em termos de poluição ambiental foi um legado da atitude bolchevique com relação à natureza. Neste, e em muitos outros aspectos, os bolcheviques seguiram fielmente a Marx. Na melhor das hipóteses, eles viam a natureza como um recurso a ser explorado para os objetivos do homem, e, na pior, como um inimigo a ser conquistado. A atitude ocidental semelhante à de Prometeus diante do mundo natural serviu de base às políticas soviéticas durante a vida do regime. Foi também uma das causas de seu colapso.

A lenta reação da liderança soviética ao desastre de Chernobil foi o gatilho para os primeiros movimentos políticos populares na União Soviética. Esses movimentos ambientalistas mobilizaram amplas coalizões em torno da oposição a grandes projetos de construção de barragens na Sibéria. Junto com os movimentos nacionalistas no "exterior próximo" da União Soviética, foram estes movimentos ecológicos de massa, muito mais que as divergências intelectuais, que se constituíram no catalisador interno para o colapso soviético.   

Adaptado de GRAY, John. Falso Amanhecer - os equívocos do capitalismo global. Tradução de Max Altman. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1999, p. 194-195.

As Incríveis Estradas Romanas

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

                                

As escavações arqueológicas revelam que as estradas romanas, construídas dois mil anos atrás, são superiores à maioria das estradas atuais. Cortes transversais, como o revelado acima, mostram que os construtores - soldados, normalmente - abriam valas e, a seguir, as cobriam com sucessivas camadas de cascalho e pedras de diferentes tamanhos. A ilustração abaixo é mais esclarecedora:



Assim é fácil entender o porquê de muitas estradas romanas serem usadas até hoje, enquanto certas rodovias brasileiras praticamente foram consumidas pelos buracos em poucos anos...

A Secularização na Rússia e na Turquia

domingo, 22 de novembro de 2020

 
Uma mulher turca, sem o véu e com roupas ocidentais, logo após as reformas de Kemal Atatürk. Ao fundo, a Hagia Sophia.

"Para muitos reformistas, o rompimento com o modelo tradicional tinha que ser total. Geralmente começava com um ataque ao modo como as pessoas se vestiam e se barbeavam. Pedro, o Grande, obrigou os boyars, ou aristocratas rurais, a raspar a barba e os sacerdotes a proferir sermões sobre as virtudes da razão. Mas isso era pouco quando comparado a Kemal Atatürk, que jurou em 1917 que, se algum dia chegasse ao poder, mudaria de um só golpe a vida social na Turquia. E, em 1923, deu início a seu projeto. A indumentária oriental, geralmente portadora de um significado religioso, foi abolida. As mulheres não mais podiam usar véu e, como os líderes japoneses da Era Meiji, ele incentivou bailes sofisticados e outras formas de entretenimento à moda ocidental. Como os japoneses, acreditava que o estilo ocidental era essencial para se tornar uma nação moderna.

Se roupas e penteados são sinais superficiais de mudança, a demolição dos 'muros monásticos', para usar outra metáfora de Weber, era considerada por muitos, inclusive Karl Marx, como um ingrediente essencial para a modernização. Novamente, Atatürk oferece-nos um bom exemplo. Alegando que 'a ciência é o mais confortável guia da vida', ele implementou um sistema de educação secular e fechou todas as instituições que tinham por base a lei canônica muçulmana. No governo de Atatürk, o secularismo tornou-se uma outra forma de fé dogmática."    

BURUMA, Ian & MARGALIT, Avishai. Ocidentalismo - O Ocidente aos olhos de seus inimigos. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, p. 112-113.

Sobre o Ocidentalismo

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Pintura mural antiamericana em Teerã, capital do Irã.

"O ocidentalismo pode ser visto como a expressão de um amargo ressentimento contra uma agressiva ostentação de superioridade por parte do Ocidente, com base na alegada superioridade da razão. Ainda mais corrosivo que o imperialismo militar é o imperialismo da mente imposto pela difusão da crença ocidental no cientificismo: a fé de que a ciência é o único meio de obtenção do conhecimento.

O fato de o cientificismo ter sido avidamente incorporado por reformadores radicais no mundo não-ocidental apenas aguça a hostilidade dos nativistas. Pois o inimigo imediato dos ocidentalistas, como vimos o exemplo dos islamistas revolucionários, nem sempre é o Ocidente propriamente dito, mas principalmente os ocidentalizados em suas próprias sociedades. Os modernizadores chineses do início do século XX exigiam reformas em nome da ciências e da democracia. Muitos eram iconoclastas extremistas que viam a total ocidentalização como a única solução para a China. Seus adversários intelectuais frequentemente invocavam o espírito chinês como um antídoto contra essa doutrina."    

BURUMA, Ian & MARGALIT, Avishai. Ocidentalismo - O Ocidente aos olhos de seus inimigos. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, p. 95-96.

«Carlos Magno», de Jean Favier

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 

PDF indisponível.

Recomendo: A Corte de Carlos Magno

Um Perfil dos Tokkotai

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

"O mais terrível e certamente o mais conhecido símbolo de sacrifício humano nos conflitos armados do século XX é o piloto kamikaze, arremessando-se para a morte a quase mil quilômetros por hora sobre o convés de uma embarcação inimiga. Muitos não atingiram os alvos, e explodiram ou despedaçaram-se no mar. Uma forma alternativa de morte violenta para os kamikazes, ou Tokkotai (Forças Especiais de Ataque), como os japoneses mais usualmente os denominam, era colocar-se num caixão de aço no formato de um charuto e lançar-se de um submarino como um torpedo-humano. (...)

A maioria dos voluntários Tokkotai (sob variados níveis de pressão) era formada por estudantes provenientes dos departamentos de humanidades das melhores universidades. Estudantes de ciências eram considerados menos descartáveis. As cartas revelam que todos leram muito, frequentemente em pelo menos três línguas. Na filosofia alemã, os autores favoritos eram Nietzsche, Hegel, Fichte e Kant. Na literatura francesa: Gide, Romain Rolland, Balzac, Maupassant. Na alemã: Thomas Mann, Schiller, Goethe, Hesse. Muitos refletiam sobre o suicídio de Sócrates e sobre os escritos de Kierkegaard acerca do desespero. Poucos eram cristãos praticantes e um número surpreendentemente tinha uma visão marxista da política e da economia."    

BURUMA, Ian & MARGALIT, Avishai. Ocidentalismo - O Ocidente aos olhos de seus inimigos. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, p. 63-64. 

«Jesus - A Biografia»

terça-feira, 17 de novembro de 2020

 

PDF indisponível.

Recomendo: O Estilo de Jesus

Materialismo Ocidental x Alma Asiática

sábado, 14 de novembro de 2020

 

O cartunista francês Orens representou a cabeça do czar Nicolau II espetada na ponta da lança de um japonês, após a queda de Port Arthur. Créditos: Visualizing Cultures

"Jamais uma grande nação empreendera transformação tão radical quanto o Japão entre as décadas de 1850 e 1910. O principal slogan da era Meiji (1868-1912) era Brunmei Kaika, ou Civilização e Iluminismo, isto é, civilização ocidental e iluminismo. Tudo o que vinha do Ocidente, da ciência natural ao realismo literário, foi vorazmente absorvido pelos intelectuais japoneses. O vestuário ocidental, a lei constitucional prussiana, as estratégias navais britânicas, a filosofia alemã, o cinema americano, a arquitetura francesa e muito, muito mais foi incorporado e adaptado.

A transformação rendeu frutos generosos. O Japão permaneceu imune à colonização e tornou-se rapidamente uma grande potência, a qual, em 1905, conseguiu derrotar a Rússia numa guerra integralmente moderna. De fato, Tolstoi descreveu a vitória japonesa como um triunfo do materialismo ocidental sobre a alma asiática da Rússia."    

BURUMA, Ian & MARGALIT, Avishai. Ocidentalismo - O Ocidente aos olhos de seus inimigos. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, p. 9-10. 

«Feminismo - Perversão e Subversão»

sexta-feira, 13 de novembro de 2020


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«Desigualdade», de Anthony Atkinson

terça-feira, 10 de novembro de 2020

 

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«Vida para Consumo»

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

 

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«O Poder da Identidade»

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 

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«Maquiavel em 90 Minutos»

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

 

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Leituras do 4º Trimestre de 2020

domingo, 1 de novembro de 2020

Neste quarto trimestre, fiz as seguintes leituras (post em construção até o fim do trimestre):

BURUMA, Ian & MARGALIT, Avishai. Ocidentalismo - O Ocidente aos olhos de seus inimigos. Tradução de Sérgio Lopes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004.

HARARI, Yuval Noah. 21 Lições para o Século 21. Tradução de Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

JESUS, Tomaz Amaral de. Antes que seja tarde. Linhares, ES: SGuerra Design, 2020.

MORIN, Edgar & VIVERET, Patrick. Como viver em tempo de crise? Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

OZ, Amós. Como Curar um Fanático - Israel e Palestina: entre o certo e o certo. Tradução de Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

PIPES, Richard. História Concisa da Revolução Russa. Tradução de T. Reis. Rio de Janeiro: BestBolso, 2018.

Cristofobia na França

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

No dia 16, Samuel Paty, um professor de história foi decapitado após deixar a escola onde lecionava, a 50 km de Paris. Na manhã de quinta-feira, 29 de outubro, um extremista invadiu a Basílica de Notre Dame, em Nice, França. Com uma faca, feriu várias pessoas, e matou três, incluindo uma brasileira de 44 anos e mãe de três filhos. O terrorista, um tunisiano que entrou na França a partir da Itália, foi preso após o crime. Segundo autoridades locais, assumiu a autoria do atentado como um ato em defesa da fé islâmica.

Saiba mais: Portas Abertas 

P.s. Ontem, 31 de outubro, um padre foi baleado em frente a uma Igreja Ortodoxa Helênica, no centro de Lyon, no sul da França. O padre foi hospitalizado, e o crime segue sendo investigado.   

«Nada a Invejar», de Barbara Demick

terça-feira, 27 de outubro de 2020

 

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Carlos Magno e o Clero

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 

Alcuíno recebendo a Abadia de Tours do imperador Carlos Magno. Fonte: British Library, Royal MS 16 G VI, f. 153v. 

"Apesar de tantos concílios e de tantos sermões, Carlos Magno sabe que ainda precisa fazer a reforma da Igreja, na verdade a reforma do clero. Pela lista das recomendações aos missi que figuram nas capitulares, vê-se bem o que não está funcionando a contento. Os bispos e os abades se preocupam em fazer fortuna, os clérigos não obedecem aos bispos, toda essa gente mantém concubinas, quase não se lê a Bíblia. Os monges não observam a regra. Os bispos não cuidam satisfatoriamente da disciplina. E ninguém se opõe às vocações forçadas das crianças - meninos e meninas - a quem os pais obrigam a entrar na religião para delas se livrarem; ninguém se opõe às falsas vocações dos homens livres que - disso já padecia o Império Romano - também encontram um meio de furtar-se ao imposto e ao serviço militar, e tampouco às vocações dos servos que se insinuam no clero para assim alcançarem a liberdade. Por várias vezes, no fim do seu reinado, o imperador resume tudo numa acusação: os clérigos se imiscuem nos 'assuntos seculares'. Assim fazendo, ele esquece que nomeou abades leigos e utilizou largamente os préstimos de seus bispos para o bom governo e a administração do reino."   

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 387.

História no ENEM

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Baixe 23 Provas do ENEM - História.


Temas de História mais recorrentes no ENEM:

1º - Segunda Guerra Mundial (13,6%)

2º - Segundo Reinado (12,3%) e Governos brasileiros pós-regime militar (12,3%)

3º - Era Vargas (11,1%)

4º - República Oligárquica (9,9%)

Cristofobia no Chile

terça-feira, 20 de outubro de 2020

No domingo, 18 de outubro, extremistas de esquerda incendiaram a Igreja de São Francisco de Borja dos Carabineros e a Igreja La Assunción, em Santiago, capital do Chile. Os atentados terroristas ocorreram em comemoração ao primeiro ano do levante socialista que espalhou um rastro de destruição pelo país. A foto acima não é só uma mostra da cristofobia que se espalha pelo mundo na atualidade. É um sintoma da crise da Civilização Ocidental.

Sobre isso, indico o artigo da Gazeta do Povo.

O Concílio de Frankfurt (794)

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Carlos Magno no Concílio de Frankfurt. Autoria desconhecida.

Inicialmente, como previsto, desautoriza-se o concílio de Nicéia de 787. Liderados por Teodulfo, esse clérigo espanhol de origem visigótica que é, em Aix-la-Chapelle, um dos agentes da renascença intelectual do reino franco, os padres de Frankfurt tomam uma posição moderada no que diz respeito à imagens: o Ocidente ignora a iconoclastia e fica alheio à reação. Teodulfo não vê heresia no recurso pedagógico às imagens, mas, ao contrário de Paulino, que guarnece de grandes estátuas e relevos a igreja de Cividale - a partir de 737, elevada a sede do patriarcado de Aquiléia -, ele não lhes atribui muita importância: as imagens, pensa ele, poderiam ocupar um espaço indevido na devoção dos fiéis.

A igreja que o concílio de Frankfurt representa admite, pois, a veneração da Cruz, que não é uma imagem mas um símbolo, e considera as imagens como simples instrumentos da instrução religiosa. Nem destruição, nem veneração, mas um simples respeito por uma forma de pregação, e mesmo de exemplo. Na verdade, sustenta-se a posição da Igreja romana em relação à "pregação muda", sobre a qual Gregório, o Grande, não temia afirmar que permitia aos analfabetos "ler pelo menos olhando as paredes." Em termos pessoais, Teodulfo será ainda mais prudente: a luxuosa Bíblia que ele manda copiar em sua oficina em Fleury-sur-Loire não comportará nenhuma representação das personagens ou dos episódios da história sagrada.      

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 366.

«Armas, Germes e Aço»

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 

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Sobre a Crise do Cristianismo

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Na frente da minha casa, no centro da praça, há uma igreja gótica vitoriana, uma construção de certa grandeza, que se eleva aos céus com imensa ousadia. Seu interior está intocado; os vitrais, magníficos. Está quase sempre vazia.

O arquiteto, quando a construiu, só poderia ter suposto que estava expressando, em pedra, uma fé que duraria para sempre. Não imaginaria que, 125 anos depois, a igreja oficial que encomendara aquele esplêndido edifício estaria à beira da extinção, seus bispos futilmente se esforçando para alcançar a modernidade ao assinar embaixo das inverdades sociológicas da moda de décadas passadas ou ao sugerir que Jesus era homossexual e que não ressuscitou de modo algum. Menos ainda poderia imaginar que os membros do sínodo da Igreja da Inglaterra, algum dia, interessar-se-iam mais pelas dívidas do Terceiro Mundo ou pelo aquecimento global do que pelo pecado. Do típico modo morno e tímido, a Igreja adotou (e diluiu) a Teologia da Libertação que precipitou a erosão da hegemonia católica na América Latina.

DALRYMPLE, Theodore. A Vida na Sarjeta: o círculo vicioso da miséria moral. Tradução de Márcia Xavier de Brito. São Paulo: É Realizações, 2014, p. 111.

O Ordálio no Ocidente Medieval

domingo, 11 de outubro de 2020

Ordálio mediante ferro em brasa. Detalhe de um documento de autoria desconhecida, Biblioteca da Abadia de Lambach. Fonte: Cml LXXIII. f. 64v, 72r, fins do século XII.

"(...) Assuntos mais graves requerem o juízo de Deus, pelo ordálio. Em alguns casos, trata-se de uma prova física, a ser imposta ao acusado de um crime ou de um delito de direito comum, e ao reclamante, no caso de uma contestação ou de uma queixa de caráter puramente privado. Trata-se, tanto para um como para outro, de demonstrar que sua causa é justa. Ferro em brasa, água fervente, água fria, braços abertos em cruz, tudo é imaginável. Um acusado que, depois do ordálio que consiste em mergulhar o braço em água fervente, não tiver as queimaduras cicatrizadas dentro do prazo fixado pelo juiz, é considerado culpado. Aquele que, depois de ficar com os braços abertos em cruz durante várias horas, tremer primeiro, é declarado culpado. O duelo judiciário é a última forma do juízo de Deus. Em todos os casos em que não há morte no ordálio, o que demonstra a má-fé do acusador e determina sua punição, o acusador desmascarado pela justiça de Deus sofre a pena que caberia ao acusado se a acusação tivesse sido validada por Deus. Isso faz com que os reclamantes às vezes deem mostras de grande prudência em suas afirmações.

Alguns espíritos lúcidos, desde essa época, percebem o absurdo do ordálio. Não é a crueldade dos suplícios que justifica sua hostilidade ao sistema, porque as pessoas não se comovem com a severidade das penas infligidas a quem é reconhecido culpado. O que choca alguns é a imprudência que pode haver em misturar Deus às baixas coisas do mundo. O ordálio, dirá sob Luís, o Piedoso, o arcebispo Agobardo, é um ato de presunção: ele pretende obrigar Deus a se pronunciar. É um pecado de orgulho. Quanto a Carlos Magno, há alguns indícios de seu ceticismo, mas não há dúvidas de que ele prefere as provas que não levam à morte. Apesar de suas deficiências, o juramento lhe parece preferível, e ver-se-á que em dezembro de 800, embora seja papa, Leão III é obrigado a se justificar diante do rei com um juramento purgatório." 

[No juramento purgatório, o acusado jurava a sua inocência. Se, posteriormente, ficasse provado que jurou falso, sua mão seria decepada.]   

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 335.

Fundamentalismo ou a Fraqueza do Islã

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Durante minha juventude e início de minha vida adulta, eu li muita filosofia. Não sei, mas talvez tenha desperdiçado o meu tempo, afinal, eu era aluno de medicina. Duvido que a filosofia me tenha tornado uma pessoa ou um profissional melhor. Pelo menos, ela me ajudou a ser um escritor mais qualificado.

Naqueles dias, a União Soviética assomava à imaginação do mundo ocidental. Assim, todos que queriam entender melhor o mundo deveriam mergulhar no marxismo, ideologia cujos princípios a União Soviética se dizia fundamentar.

Os autores marxistas não se destacavam por sua clareza - a natureza dialética do mundo era inerentemente difícil entender. Para os marxistas, a clareza equivalia a simplificação ou vulgarização. Ela surgia da falsa consciência que impedia os trabalhadores de ser revolucionários.

Quando a União Soviética, a despeito do meu esforço para entender o marxismo, entrou em colapso, eu pensei comigo mesmo: "Bem, ao menos não precisarei encarar alguma bobagem ideológica de novo para entender o que anda acontecendo."

Como me enganei! De repente, estava lendo sobre o islamismo. E comecei a fazê-lo porque o islamismo surgia como o próximo candidato ao totalitarismo. Como se sabe, uma grande parcela da humanidade é muçulmana; uma minoria agressiva e violenta tem surgido no seio dessa população com uma aprovação aparentemente grande, embora passiva em grande medida. Para piorar, a liderança dos países ocidentais é demasiadamente fraca diante deste, ou de qualquer outro desafio.

Por trás de toda a petulância a respeito da posse da verdade única, universal e divinamente ordenada, existe certa angústia quanto à possibilidade de todo o edifício do islamismo, embora forte, ser também extremamente frágil. Isso explica por que a livre investigação é tão limitada nos países islâmicos. Havia uma ciência subliminar - nem sempre subliminar, talvez - de que um debate filosófico e histórico livre poderia solapar fatal e rapidamente o controle do islamismo sobre várias sociedades. O fundamentalismo, portanto, é antes uma manifestação de fraqueza do que de força.

Adaptado de DALRYMPLE, Theodore. Qualquer coisa serve. Tradução de Hugo Langone. São Paulo: É Realizações, 2017, p. 125-126.

«21 Lições para o Século 21»

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 

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#HJ28 Calote no Restaurante

domingo, 4 de outubro de 2020

Interior do restaurante judaico 2nd Ave Deli, em Nova York, EUA. Créditos: Yelp

Grande parte das anedotas judaicas americanas se passa em restaurantes, um cenário pouco conhecido na Europa e que passou a cumprir uma dupla função: alimentar e dar status.

Chutzpá tinha aquele judeu nova-iorquino. Entrou num restaurante, pedindo do bom e do melhor, e quando o garçom apresentou a conta disse que não tinha dinheiro.

- Ou o senhor paga ou eu chamo a polícia.

- Isto não vai lhe adiantar nada - retrucou o homem. - Mas tenho uma ideia: vou sair e esmolar até conseguir exatamente o que devo aqui pelo meu jantar. Em seguida volto e lhe pago.

- Como é que eu vou saber se o senhor vai voltar? - perguntou o proprietário, desconfiado.

- Venha comigo e fique observando, se o senhor não me acredita.

- Quem, eu? - exclamou o proprietário - Como é que o senhor ousa sugerir que um respeitável homem de negócios como eu possa ser visto em companhia de um esmoleiro?

- Bem, se o senhor não quer ser visto comigo - disse o id -, eu fico aqui esperando e o senhor pede esmola.

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 112.