“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Sobre a Crise do Cristianismo

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Na frente da minha casa, no centro da praça, há uma igreja gótica vitoriana, uma construção de certa grandeza, que se eleva aos céus com imensa ousadia. Seu interior está intocado; os vitrais, magníficos. Está quase sempre vazia.

O arquiteto, quando a construiu, só poderia ter suposto que estava expressando, em pedra, uma fé que duraria para sempre. Não imaginaria que, 125 anos depois, a igreja oficial que encomendara aquele esplêndido edifício estaria à beira da extinção, seus bispos futilmente se esforçando para alcançar a modernidade ao assinar embaixo das inverdades sociológicas da moda de décadas passadas ou ao sugerir que Jesus era homossexual e que não ressuscitou de modo algum. Menos ainda poderia imaginar que os membros do sínodo da Igreja da Inglaterra, algum dia, interessar-se-iam mais pelas dívidas do Terceiro Mundo ou pelo aquecimento global do que pelo pecado. Do típico modo morno e tímido, a Igreja adotou (e diluiu) a Teologia da Libertação que precipitou a erosão da hegemonia católica na América Latina.

DALRYMPLE, Theodore. A Vida na Sarjeta: o círculo vicioso da miséria moral. Tradução de Márcia Xavier de Brito. São Paulo: É Realizações, 2014, p. 111.

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