“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Concílio de Frankfurt (794)

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Carlos Magno no Concílio de Frankfurt. Autoria desconhecida.

Inicialmente, como previsto, desautoriza-se o concílio de Nicéia de 787. Liderados por Teodulfo, esse clérigo espanhol de origem visigótica que é, em Aix-la-Chapelle, um dos agentes da renascença intelectual do reino franco, os padres de Frankfurt tomam uma posição moderada no que diz respeito à imagens: o Ocidente ignora a iconoclastia e fica alheio à reação. Teodulfo não vê heresia no recurso pedagógico às imagens, mas, ao contrário de Paulino, que guarnece de grandes estátuas e relevos a igreja de Cividale - a partir de 737, elevada a sede do patriarcado de Aquiléia -, ele não lhes atribui muita importância: as imagens, pensa ele, poderiam ocupar um espaço indevido na devoção dos fiéis.

A igreja que o concílio de Frankfurt representa admite, pois, a veneração da Cruz, que não é uma imagem mas um símbolo, e considera as imagens como simples instrumentos da instrução religiosa. Nem destruição, nem veneração, mas um simples respeito por uma forma de pregação, e mesmo de exemplo. Na verdade, sustenta-se a posição da Igreja romana em relação à "pregação muda", sobre a qual Gregório, o Grande, não temia afirmar que permitia aos analfabetos "ler pelo menos olhando as paredes." Em termos pessoais, Teodulfo será ainda mais prudente: a luxuosa Bíblia que ele manda copiar em sua oficina em Fleury-sur-Loire não comportará nenhuma representação das personagens ou dos episódios da história sagrada.      

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 366.

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