quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
A persistência da memória (1931), óleo sobre tela de Salvador Dalí (1904-1989).
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, EUA.
1. O objeto formal da história, segundo a nossa definição, é a sucessão temporal, quer dizer: a história estuda os atos humanos sob o ponto de vista do tempo.
2. Que é o tempo? Embora nos seja um termo familiar, é dificílimo explicar a noção do tempo. O tempo é um fluir constante, uma sucessão ininterrupta, em que todas as coisas que a experiência nos apresenta, nascem, duram e morrem: não se concebe o tempo sem o movimento.
3. O tempo é o nunc fluens: logo que pronunciei a palavra "agora" para designar o instante atual, este instante já não existe, mas fugiu de mim, perdendo-se no "passado".
4. O tempo é algo fatalmente irreversível e irrevogável: nenhum esforço meu o poderá parar, retardar ou acelerar. A "máquina do tempo" não passa de uma ficção quimérica.
5. O tempo físico. A física lida com um conceito bastante abstrato do tempo: o "tempo físico" é homogêneo e quantitativo, isto é, compõem-se de fragmentos completamente iguais ("momentos") - parcelas, por assim dizer, de uma linha infinita, - e é redutível a uma fórmula matemática: i x v = d. O tempo físico pode ser registrado mecanicamente por um relógio.
6. Nesse sentido, os historiadores se dedicam também à cronologia e à periodização. A cronologia é o estudo do tempo e de suas divisões, com o objetivo de distinguir a sucessão dos fatos. A periodização, por sua vez, é uma operação de "corte" do tempo, de segmentação da cronologia em etapas fortemente individualizadas. Assim, a periodização foi uma das primeiras operações intelectuais destinadas a tornar inteligível o passado das sociedades humanas.
7. O calendário mais usado atualmente - e o calendário tomado como referência pela comunidade acadêmica internacional - é o calendário gregoriano, que foi promulgado pelo papa Gregório XIII em 1582. Seu marco divisor é a suposta data do nascimento de Cristo (ano 1). As datas antes de Cristo (a.C.) estão em ordem decrescente; as datas depois de Cristo (d. C.), em ordem crescente.
8. Não existe ano zero. As datas do ano 1 ao ano 100 pertencem ao século I. Se os dois últimos algarismos de uma data forem dois zeros, basta eliminá-los e o que sobrará será o século daquele ano.
Exemplos: 200 a.C. > século II a.C.
2000 > século XX.
Mas, se os dois últimos algarismos de uma data não forem dois zeros, elimine esse dois algarismo, some 1 ao que sobre e terá o século.
Exemplos: 753 a.C. > 7 + 1 > século VIII a.C.
1901 > 19 + 1 > século XX.
Os séculos devem ser sempre expressos em algarismos romanos.
9. Outro calendário importante na atualidade é o muçulmano. O marco divisor (ano 1) desse calendário é a Hégira, a fuga do profeta Maomé e seus seguidores de Meca para Yatreb, que ocorreu no ano 622 d.C. Assim, as datas anteriores à Hégira (a.H.) estão em ordem decrescente, ao passo que as posteriores (d.H.) estão em ordem crescente. A conversão de datas do calendário gregoriano para o calendário muçulmano é feita da seguinte forma:
- Caso a data seja posterior à Hégira, basta subtrair 622 da data do calendário gregoriano. Exemplo: 1870 d.C. > 1870 - 622 > ano 1248 d.H. (século XIII d.H.)
- Caso a data seja anterior à Hégira, mas depois de Cristo (d.C.), subtraia a data de 622 e terá a data a.H. Exemplo: 476 d.C. > 622 - 476 > ano 146 a.H. (século II a.H.)
- Caso a data seja antes de Cristo (a.C.), some tal data a 622 e terá a data no calendário muçulmano. Exemplo: 814 a.C. > 622 + 814 > 1436 a.H. (século XV a.H.)
Exemplos: 200 a.C. > século II a.C.
2000 > século XX.
Mas, se os dois últimos algarismos de uma data não forem dois zeros, elimine esse dois algarismo, some 1 ao que sobre e terá o século.
Exemplos: 753 a.C. > 7 + 1 > século VIII a.C.
1901 > 19 + 1 > século XX.
Os séculos devem ser sempre expressos em algarismos romanos.
9. Outro calendário importante na atualidade é o muçulmano. O marco divisor (ano 1) desse calendário é a Hégira, a fuga do profeta Maomé e seus seguidores de Meca para Yatreb, que ocorreu no ano 622 d.C. Assim, as datas anteriores à Hégira (a.H.) estão em ordem decrescente, ao passo que as posteriores (d.H.) estão em ordem crescente. A conversão de datas do calendário gregoriano para o calendário muçulmano é feita da seguinte forma:
- Caso a data seja posterior à Hégira, basta subtrair 622 da data do calendário gregoriano. Exemplo: 1870 d.C. > 1870 - 622 > ano 1248 d.H. (século XIII d.H.)
- Caso a data seja anterior à Hégira, mas depois de Cristo (d.C.), subtraia a data de 622 e terá a data a.H. Exemplo: 476 d.C. > 622 - 476 > ano 146 a.H. (século II a.H.)
- Caso a data seja antes de Cristo (a.C.), some tal data a 622 e terá a data no calendário muçulmano. Exemplo: 814 a.C. > 622 + 814 > 1436 a.H. (século XV a.H.)
10. Períodos históricos. A praxe de dividir a matéria histórica em certos períodos já remonta a tempos remotos. Desde Hesíodo (séculos VIII-VII a.C.), muitos dividiam a história da humanidade em quatro períodos, cada um com o nome de um metal: a época do ouro, a de prata, a de bronze e a de ferro - uma divisão que os gregos tomaram emprestada aos babilônios e que havia de tornar-se como que um lugar comum entre os autores latinos contemporâneos do imperador Augusto. Varrão dividiu a história em três períodos: a época "duvidosa" (do início até ao dilúvio), a época "mítica" (do dilúvio até à primeira Olimpíada, 776 a.C.), e a época "histórica". Santo Agostinho dividiu a história em sete períodos, seis no tempo e um na Eternidade.
11. Atualmente, consideramos os seguintes períodos históricos (clique na imagem para ampliá-la):
11. Atualmente, consideramos os seguintes períodos históricos (clique na imagem para ampliá-la):
Os marcos históricos (a invenção da escrita, a queda de Roma, etc.) não devem nos levar a esquecer que a história está repleta de períodos de transição - longos períodos de mudanças situados entre o fim de uma era e o início de outra. Nas fases de transição (por exemplo, a Antiguidade Tardia, a transição entre a Antiguidade e a Idade Média) o velho coexiste com o novo. Para entender melhor esse ponto, veja abaixo, o que é o tempo histórico.
12. O tempo psicológico. Na existência humana, o "tempo psicológico" acaba sendo um conceito mais concreto e rico do tempo. Longe de ser uma sucessão monótona de momentos perfeitamente iguais, essa categoria de tempo compõe-se de "situações" heterogêneas, isto é, de parcelas qualitativamente diferentes que, além disso, são únicas e irrepetíveis. O tempo, medido e vivido pela alma humana, constitui-lhe uma "situação" concreta e individual.
13. O tempo histórico. Trata-se da sucessão de tais "situações" concretas, únicas e heterogêneas. Para a consciência histórica do homem, o presente não é simplesmente um ponto neutro a dividir o passado do futuro, e sim um núcleo rico e fecundo, por conservar os restos do passado e por conter os germes do futuro.
12. O tempo psicológico. Na existência humana, o "tempo psicológico" acaba sendo um conceito mais concreto e rico do tempo. Longe de ser uma sucessão monótona de momentos perfeitamente iguais, essa categoria de tempo compõe-se de "situações" heterogêneas, isto é, de parcelas qualitativamente diferentes que, além disso, são únicas e irrepetíveis. O tempo, medido e vivido pela alma humana, constitui-lhe uma "situação" concreta e individual.
13. O tempo histórico. Trata-se da sucessão de tais "situações" concretas, únicas e heterogêneas. Para a consciência histórica do homem, o presente não é simplesmente um ponto neutro a dividir o passado do futuro, e sim um núcleo rico e fecundo, por conservar os restos do passado e por conter os germes do futuro.
14. Uma "situação", no plano do tempo histórico, é a prismatização do passado através do espírito humano: este, reconhecendo o passado e atribuindo-lhe certo valor ou desvalor, pode-o prolongar ou renegar, conforme uma livre decisão. Numa "situação" a pessoa humana não só recompõe as experiências do passado naufragado, mas antecipa também até o futuro remoto, mediante os seus planos, desejos, esperanças e temores.
15. Em suma, o homem que, realmente vive no momento, vive, mentalmente no tempo que abrange o passado, o presente e o futuro.
Bibliografia consultada: BESSELAAR, José Van Den. Introdução aos Estudos Históricos. São Paulo: EPU-EDUSP, 1974, p. 35-37 e p. 86-89.
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