“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Princesa Isabel (1846 - 1921)

domingo, 14 de novembro de 2021

 

Isabel com uma Camélia no decote, símbolo de adesão à causa abolicionista.

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaéla Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança 
Rio de Janeiro, 1846 - França, 1921.

Nasceu no dia 29 de julho de 1846, no Palácio da Quinta da Boa Vista. Era a segunda filha do imperador D. Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina. Educada por renomados preceptores e mestres, Isabel se tornou uma mulher extremamente religiosa, o que lhe angariou no futuro algumas antipatias da parte daqueles que consideravam exagerado o seu zelo católico.

Em agosto de 1850, foi proclamada oficialmente herdeira ao trono brasileiro. Em outubro de 1864, Isabel se casou com o conde d'Eu, neto do rei Luís Felipe e filho mais velho do duque de Nemours. Dessa união, iniciou-se o ramo dos Orléans e Bragança. A cerimônia foi realizada na Capela Imperial, em frente ao Paço Imperial. Do casamento, nasceram três filhos: Pedro de Alcântara, Luiz e Antônio.

Isabel assumiu a regência da monarquia de 25 de maio de 1871 a 30 de março de 1872; de 26 de março de 1876 a 25 de setembro de 1877; de 30 de junho de 1887 a 21 de agosto de 1888. Na primeira ocasião, sancionou a Lei do Ventre Livre, aprovada em 28 de setembro de 1871.

Durante o último período em que atuou como regente, a campanha abolicionista ganhou enorme popularidade no país. O tema tornou-se suprapartidário e qualquer adiamento da abolição parecia impossível, apesar da resistência do então presidente do Conselho de Ministros, o Barão de Cotegipe, defensor da extinção gradual da escravidão mediante indenização aos senhores de escravos. Um fato corriqueiro abriu caminho para que a princesa Isabel substituísse o Barão de Cotegipe por João Alfredo Corrêa de Oliveira no comando do ministério. João de Oliveira era francamente abolicionista, e assumiu a presidência do Conselho de Ministros no dia 10 de março de 1888.

Em Petrópolis, Isabel protegia os escravos e chegou a presidir a entrega de mais de cem cartas de alforria a ex-escravos. No dia 9 de maio, a Câmara aprovou a abolição da escravatura por 83 votos a favor e nove contra. Depois de três dias, o Senado precisou ceder e também aprovar o projeto. No dia 13 de maio, no Paço da Cidade, a princesa Isabel tornou-se a "Redentora" a Lei Áurea. A cidade viveu um dia de festas.

Passada a euforia pela abolição, a propaganda republicana voltou com força, contando agora com o apoio de muitos fazendeiros contrariados com a libertação - sem qualquer indenização - dos escravos. No momento do golpe da República, a princesa encontrava-se na Corte e teria proposto uma reunião do Conselho de Estado; porém, a implantação da República já era um fato consumado. A herdeira do trono mostrou-se, então, surpresa e indignada com o golpe.

A seguir, o Paço Imperial foi isolado por militares republicanos. À madrugada do dia 17 de novembro, chegaram as ordens de expulsão da família imperial. O exílio começaria em Portugal e depois passaria à França, onde o ex-imperador faleceu em dezembro de 1891. Nessa época, o conde d'Eu havia comprado um castelo que se encontrava parcialmente destruído por um incêndio e teve que passar por uma longa reconstrução. Quando se mudaram, compartilhariam a propriedade com o filho Pedro de Alcântara e sua família.

Isabel teve sua saúde ainda mais fragilizada com as mortes dos filhos Antônio e Luiz, entre 1919 e 1920. O banimento da família imperial chegou ao fim em 1920, mas ela jamais retornou ao Brasil. Faleceu no castelo d'Eu há exatos cem anos, no dia 14 de novembro de 1921. Em 1953, seus restos mortais, bem como os do seu marido, foram transladados e depositados na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo transferidos definitivamente, em 1971, para a Catedral Metropolitana de Petrópolis. 

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Adaptado de ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, p. 1028-1029.

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