“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Arte Clássica Greco-Romana

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Laocoonte e seus filhos, séc. II a.C. Museus Vaticanos.

Muito da arte grega se relacionava, direta ou indiretamente, com a sua religião politeísta. Templos ricamente decorados abrigavam os deuses do Olimpo, representados em estátuas de notável realismo; de fato, "não existe corpo humano que seja tão simétrico, tão bem construído e belo quanto o das estátuas gregas" (Gombrich, 1999: p. 103).

Para não nos alongarmos, nessa introdução à arte clássica greco-romana vamos nos concentrar nas esculturas e na arquitetura. Cumpre-nos lembrar, contudo, que quase todas as estátuas famosas do mundo antigo desapareceram após o triunfo do cristianismo, uma vez que considerava-se piedoso dever destruir estátuas dos deuses pagãos (às vezes, tal vandalismo era até patrocinado por governantes, como Constantino, no séc. IV).

De toda a longa história da arte grega, destacamos o período compreendido entre 520 e 420 a.C. Essa foi a época do grande despertar da arte para a liberdade. Mas é justo reconhecer o brilhantismo de artistas anteriores e posteriores a esse período; assim, temos a lista abaixo:

I. Polímedes de Argos (Os irmãos Cleóbis e Biton, c. 615-590 a.C.)
II. Ictino (O PartenonAcrópole, Atenas, 447-432 a.C.)
III. Fídias (autor de uma imponente estátua de Palas Atena, da qual, infelizmente, contamos apenas com uma cópia romana, do séc. V a.C.; ele também foi o criador da estátua de Zeus em Olímpia, também perdida)
IV. Myron (Discóbolo, c. 450 a.C.)
V. Praxíteles (Hermes com o jovem Dionísio, c. 340 a.C.)
VI. Hagesandro, Atenodoro e Polidoro de Rodes (Laocoonte e seus filhos, c. 175-50 a.C.) [Ver a imagem acima]

Além de Escopas e de Praxíteles, há ainda outro grande nome da escultura pré-helenística: Lísipo, cuja carreira começou por volta de 370 a.C. e se estendeu até o fim do século. As proporções das estátuas de Praxíteles devem mais a Lísipo que a Policleto e Lísipo não foi certamente o único artista do seu tempo a dominar novos aspectos da realidade. Apoxiomenos é a estátua mais insistentemente ligada ao seu nome (Janson, 2001: p. 207). 

No período helenístico, a escultura grega passou a ser produzida num vasto território e a interação de tendências locais e internacionais deve ter formado um esquema complexo, do qual podemos seguir apenas algumas linhas isoladas. Uma das obras mais notáveis dessa época é o altar de Pérgamo, erigido por ordem do filho e sucessor de Átalo I numa colina dominando a cidade para celebrar as vitórias de seu pai (Janson, 2001: p. 209). 

A arte grega e a arte romana são muito semelhantes, sendo que os romanos copiaram muito da arte grega. A maioria dos artistas que atuavam em Roma era de origem helênica, e a maioria dos colecionadores romanos adquiria obras dos grandes mestres gregos ou cópias dessas obras. Não temos conhecimento de artistas romanos que tenham alcançado a fama, embora os grande nomes da arte grega - Policleto, Fídias, Praxíteles, Lísipo e outros - fossem exaltados com o mesmo fervor de sempre (Janson, 2001: p. 233). Tendo em vista as características próprias do imperialismo romano, é importante destacar sobre sua civilização e arte que, além da predominante herança grega, foram influenciadas em menor grau pelos etruscos, egípcios e povos do Oriente Próximo (idem, p. 234).

A mais admirável realização dos romanos ocorreu, provavelmente, na área da engenharia civil. O mais famoso de seus edifícios é, talvez, a arena conhecida como o Coliseu, no coração de RomaConcluído em 80 d.C., é um dos maiores edifícios do mundo, capaz de abrigar mais de 50 mil espectadores. "A estrutura de concreto, com os seus quilômetros de escadarias e corredores abobadados, é uma obra-prima de engenharia pela eficiência no escoamento da enorme corrente humana que afluía aos espetáculos" (ibidem, p. 240).

Os romanos aproveitavam da arquitetura grega tudo o que apreciavam, aplicando esses empréstimos às suas próprias necessidades. Mas, em alguns aspectos, os romanos foram bem originais. A mais importante característica da arquitetura romana são os arcos. Essa invenção teve importância reduzida ou nula nas edificações gregas, embora possivelmente não fosse desconhecida dos arquitetos gregos. Construir um arco com pedras separadas em forma de cunha é uma dificílima façanha de engenharia. Após essa arte ter sido dominada, os construtores passaram a utilizá-la para projetos cada vez mais ambiciosos. Os romanos tornaram-se grandes especialistas na arte da construção de abóbadas, graças a diversos expedientes de natureza técnica. O mais sublime de seus edifícios é o Panteão, um templo dedicado a todos os deuses (ou, mais exatamente, às sete divindades planetárias - daí os sete nichos). Saiba mais sobre ele e outras maravilhas da Roma antiga AQUI. 


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Bibliografia consultada: 
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC, 1999, capítulos 3, 4 e 5.
JANSON, H. W. História Geral da Arte - O Mundo Antigo e a Idade Média. Adaptação e preparação do texto para a edição brasileira de Maurício Balthazar. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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