sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
A Securitate, a polícia política romena, utilizou os instrumentos "clássicos" de tortura durante os interrogatórios: espancamentos, pancadas nas solas dos pés, suspensão e prisão dos pés junto do teto, com o indivíduo de cabeça para baixo. Em Pitesti a crueldade da tortura ultrapassou e muito esses métodos: todo tipo imaginável - e inimaginável - de suplícios foi praticado. O corpo era queimado com cigarros; partes do corpo de alguns prisioneiros começavam a gangrenar, caíam como as carnes dos leprosos; outros eram obrigados a ingerir excrementos e, se os vomitavam, o vômito era-lhes enfiado pela garganta abaixo.
A imaginação delirante de Eugen Turcanu (1925-1954) se excitava sobretudo com os estudantes religiosos, que se recusavam a renegar a Deus. Alguns eram "batizados" todas as manhãs da seguinte maneira: enfiavam-lhes a cabeça num tonel cheio de urina e fezes enquanto os outros presos recitavam em volta a fórmula do batismo. Para que o torturado não se asfixiasse, de tempos a tempos a sua cabeça era erguida de tonel, para que eles pudessem respirar antes de terem a cabeça de novo mergulhada no magma repugnante. Um dos que sistematicamente sofreram essa tortura criara o seguinte automatismo, que durou cerca de dois meses: era ele próprio, todas as manhãs, que imergia a cabeça no tonel, sob as gargalhadas dos "reeducadores".
Quanto aos seminaristas, Turcanu obrigava-os a oficiar nas missas negras que ele próprio encenava, sobretudo durante a Semana Santa, na vigília pascal. Alguns desempenhavam o papel de meninos do coro, outros, de padres. O texto litúrgico de Turcanu era, evidentemente, pornográfico e parafraseava de forma demoníaca o original. A Virgem Maria era referida como "a grande prostituta", e Jesus "o imbecil que morreu na cruz". O seminarista que desempenhava o papel de padre devia despir-se completamente; depois ele era envolvido por um lençol sujo de excrementos e lhe penduravam no pescoço um falo confeccionado com sabão, miolo de pão e pulverizado com DDT. Na noite que antecedeu a Páscoa de 1950, os estudantes em curso de reeducação foram obrigados a passar diante do "padre" e a beijar o falo, dizendo: "Cristo ressuscitou".
Testemunho citado em: COURTOIS, Stéphane et al. O Livro Negro do Comunismo - crimes, terror e repressão. Tradução de Caio Meira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019, p. 495.
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