“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Antissemitismo na URSS

terça-feira, 5 de outubro de 2021

  

"Evidência de um crime", cartum sobre o Complô dos Médicos Judeus, revista Krokodil, janeiro de 1953. A publicação ajudava a propagar o mito da conspiração sionista.

Apesar de suas limitações, o experimento judaico-soviético pode ser considerado bem-sucedido - desde que se tome a assimilação como critério de sucesso. Os judeus que queriam passar a fazer parte da sociedade soviética e estavam dispostos a abandonar o judaísmo puderam fazê-lo em um grau sem precedentes. Embora a maioria dos membros da elite não fosse de judeus e a maioria dos judeus não se identificasse com o novo regime, os judeus de fato constituíam proporção relativamente alta da elite dominante do novo Estado. Os motivos eram óbvios. Conquanto excluídos pelo antigo regime czarista, faziam parte das faixas mais instruídas da população. Na União Soviética, a instrução era o caminho da ascensão social. Nas regiões onde os judeus compunham porcentagem relativamente grande da população, boa parte dos profissionais liberais de formação universitária também eram judeus. Na Ucrânia, à véspera da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, eram judeus 70 por cento dos dentistas, 59 por cento dos farmacêuticos, 45 por cento dos advogados e 33 por cento dos professores universitários. Quase todos os músicos e enxadristas internacionalmente famosos da União Soviética vinham de famílias judaicas. A maioria dos judeus comunistas fazia questão de deixar para trás o passado judaico, mas os circunstantes não perdiam uma única oportunidade de mencionar o assunto. Quando Stálin expurgou impiedosamente a elite dominante na segunda metade da década de 1930, somente uns poucos judeus conservaram posição política influente.

BRENNER, Michael. Breve História dos Judeus. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013, p. 277-279.

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