“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Influência Política em Roma

domingo, 20 de março de 2022

 

No século II a.C., Públio Cornélio Násica estava um dia caçando votos em uma campanha para ser eleito ao cargo de edil e ocupava-se em apertar a mão dos eleitores. Ao se deparar com alguém cujas mãos estavam calejadas pelo trabalho no campo, o jovem aristocrata brincou: "Meu Deus, você por acaso anda com as mãos?". Alguém ouviu, e as pessoas comuns concluíram que ele zombara da pobreza e do trabalho do homem. O resultado inevitável foi que Násica perdeu a eleição.

Essa história nos leva a refletir sobre que tipo de sistema político era o romano. O equilíbrio entre os diferentes interesses certamente não era tão equitativo como Políbio faz parecer. Os pobres nunca poderiam chegar ao topo da república romana; pessoas comuns jamais detinham a iniciativa política; e era axiomático que quanto mais rico fosse o cidadão, maior peso político poderia ter. Mas essa forma de desequilíbrio é familiar em muitas das chamadas democracias modernas: em Roma também os ricos e privilegiados concorriam a cargos e poder político que só podiam ser garantidos por eleições populares e pelo favor das pessoas comuns, que nunca teriam os meios financeiros para concorrer elas mesmas. Como o jovem Cipião Násica descobriu mediante uma lição amarga, o sucesso dos ricos era uma dádiva concedida pelos pobres. Os ricos tiveram que aprender a lição de que dependiam do povo como um todo.  

Adaptado de BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga. Tradução de Luis Reyes Gil. São Paulo: Planeta, 2017, p. 189.

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