quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Embora sejam mencionados no Antigo Testamento (AT), nada se sabia dos hititas a partir dos registros seculares até o fim do século XIX. A revelação de sua história, cultura, religião e língua é uma das sagas da arqueologia moderna.
Em 1884, Archibald Henry Sayce e William Wright afirmaram que determinados hieróglifos não decifrados que haviam sido esculpidos na rocha e inscrições em muitas partes da Ásia Menor e no norte da Síria haviam pertencido a esses povos, os heteus bíblicos (descendentes de Hete [do heb. Cheth]). Descobertas posteriores provaram que a teoria estava correta. Em 1906/7 e em 1911/12, o assiriologista Hugo Winckler conduziu escavações em Boghazköy, no centro da Ásia Menor e descobriu que a antiga capital dos heteus - Khattushash - havia sido situada ali. Ele ainda descobriu 10 mil tabletes de argila escritos em cuneiforme babilônico que pertenciam aos arquivos reais dos heteus. Até 1915, todos os textos haviam sido decifrados.
Tempos atrás, o Dr. Rodrigo Silva dedicou um programa Evidências aos hititas:
A origem étnica dos heteus ainda é um problema não solucionado. Como comprovou-se que eles falavam o idioma indo-europeu, alguns eruditos têm concluído que eles devem ter pertencido à mesma etnia que os gregos, medos e outros povos que falavam o idioma indo-europeu, e que estão listados na Bíblia como descendentes de Jafé. Entretanto, Gênesis 10:15 lista Hete entre os descendentes de Cam, por meio de Canaã. Os heteus chamavam a si mesmos de Neshumli, e utilizavam o termo Hattili para indicar o povo que eles haviam substituído quando foram para a Anatólia, em algum momento no início do 2º milênio.
O povo substituído provavelmente foi o verdadeiro descendente de Hete, filho de Canaã. Esses proto-heteus foram absorvidos e deixaram o seu idioma, adotando o indo-europeu Neshumli ou hitita jafetita.
O primeiro rei heteu de quem temos algum conhecimento é Labarnas, que reinou no fim do século XVII a.C. Naquela época, os heteus estavam firmemente estabelecidos no centro da Ásia Menor, a atual Boghazköy. O bisneto de Labarnas, Mursilis I, foi o primeiro rei heteu a invadir a Mesopotâmia. Ele conquistou a Babilônia por volta de 1550 a.C. No século seguinte, os heteus lutaram contra tribos hostis na Anatólia ao passo que, ao mesmo tempo, uma feroz luta interna era travada na família real.
O construtor do império heteu foi Suppiluliumas, que viveu na primeira metade do século XIV a.C. Ele foi coetâneo de Amenhotep III e IV do Egito. Durante seu reinado, todo o leste da Ásia Menor se transformou em território hitita. Dois filhos de Suppiluliumas se tornaram reis, um deles sobre Carquêmis e o outro sobre Alepo. Durante esse período, o império hitita alcançou o auge do seu poder e se transformou em forte rival do Egito. O conflito entre essas duas potências mostrou-se inevitável, e finalmente estourou por volta de 1300 a.C, no reinado de Muwatallis, que lutou contra Ramsés II na famosa batalha de Cades, no Orontes.
Essa batalha terminou empatada, embora os heteus tenham ficado com a Síria e mais alguns ganhos territoriais. Por volta de 1283 a.C., Ramsés II e Hattusilis III concluíram um tratado de amizade. Dali em diante, heteus e egípcios viveram em paz.
No entanto, surgiu outra ameaça: os "povos do mar" (dentre eles, os filisteus), atacaram violentamente Khattushash e muitas outras cidades hititas. O império se desintegrou rapidamente, e desapareceu por volta de 1200 a.C. Na alta Mesopotâmia, todavia, alguns heteus resistiram por mais 300 anos, na forma de cidades-estado (cf. 2 Reis 7:6, que menciona que um exército de sírios que cercava Samaria fugiu ao pensar que um exército de reis dessas cidades-estado se aproximavam para libertar os israelitas). A mais conhecida é Carquêmis. Esses estados gradualmente foram aniquilados pela cruel máquina de guerra assíria nos séculos IX e VIII a.C. Embora certa influência de sua civilização tenha se feito sentir na Anatólia por muito tempo, como, por exemplo, na religião dessa região, a lembrança dos hititas foi esquecida, exceto pela Bíblia.
Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 619-623.
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