“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Reflexões Sobre o Abaporu

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A minha esposa aponta para o Abaporu: nunca refletir sobre um quadro foi tão importante a uma nação. 


Desde do dia 02 deste mês, e até o dia 30, um dos mais famosos quadros modernistas brasileiros está em exposição no Museu de Arte do Rio (MAR). Abaporu - em tupi, "homem que come gente" - é uma das principais estrelas do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) (onde eu e minha esposa tivemos a honra de conhecê-lo, em 2014). Pintado por Tarsila do Amaral, em 1928, Abaporu foi dedicado ao seu esposo, Oswald de Andrade. A obra transformou-se no marco fundador do Manifesto Antropofágico e num ponto alto da pintura nacional.

O quadro apresenta uma figura desproporcional, com cabeça mínima e pés gigantes. Acima desse ser, um grande sol dá um tom marcante ao quadro; ao lado, um cacto nos remete ao semi-árido nordestino. As cores vivas fazem referência à bandeira nacional. 

Como a imagem é bastante polissêmica, pode ser interpretada de diferentes formas. Para alguns, as diferentes proporções podem indicar a condição das populações pobres brasileiras do início do século XX. Submetidas ao trabalho pesado, não tinham condições de estudar e desenvolver o seu intelecto, só lhes restando resignar-se à sua angustiante condição. 

Ao analisar essa imagem numa aula do 9º ano, um aluno se declarou um "ex-Abaporu". Trocando por miúdos: não era um estudante dedicado, até que um dia resolveu aplicar-se aos estudos. Deixara, portanto, de ser um "Abaporu" (a mudança foi tão genuína que ele foi um dos dois classificados da sua turma para a fase final da Olimpíada de História). 

O convite está feito. Após conhecer o Abaporu de Tarsila do Amaral, deixe de ser um "Abaporu". Não fique parado tal qual um cacto, imobilizado e embrutecido pela ignorância. Há um oceano a ser navegado pela História, Literatura, Artes, Filosofia...   

Saiba mais sobre a exposição A Cor do Brasil  

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