“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Vestuário no Brasil Colônia

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Interior da casa de negros, 1814, pintura de João Cândido Guillobel.

O vestuário refletia hábitos e condições econômicas da população: nos estratos superiores, roupas masculinas e femininas de gala, para uso em ocasiões especiais (o "vestido" de igreja, a "roupa de igreja"), e roupas comuns, despojadas, de uso cotidiano; basicamente a camisa e as ceroulas para os homens e a saia sobre a camisola para as mulheres. Era frequente o registro dos vestidos de gala em testamento, com valor equivalente a uma casa urbana simples ou um escravo da Guiné. O luxo dessas camadas da sociedade era complementado pela influência oriental, com o uso de palanquins, sedas, chapéus de sol, leques chineses e colchas da Índia, numa demonstração de como eram intensas as relações do Brasil com as outras partes do Império português.

A maioria da população pobre vestia camisolões e calças grosseiras de algodão, tecido aliás pouco estimado em algumas regiões até pelos escravos. Quanto a estes, viviam com pouquíssimas peças de roupa, "seminus", na descrição de cronistas e viajantes.

Nas áreas pecuaristas, o couro influenciava não apenas o vestuário mas todo o restante do cotidiano, na descrição clássica de Capistrano de Abreu:

De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro e mais tarde a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforje para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem... as roupas de entrar no mato.

Quanto aos indígenas, a Igreja - em especial os jesuítas - preocupou-se com sua nudez, impondo-lhes o uso de roupas. Os resultados não foram bons, com inadaptação e sujeira. Os pastores calvinistas franceses no Rio de Janeiro também não foram bem-sucedidos na mesma exigência: à noite os indígenas tiravam as roupas para nadar, nus, nas praias. 

WEHLING, Arno & WEHLING, Maria JoséFormação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 263.

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