“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Tratado sobre a Clemência», de Sêneca

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tive a felicidade de (re)encontrar essa obra numa livraria, nesta semana. Esse foi o primeiro tratado de Sêneca que li, ainda nos tempos da graduação. Assim, foi muito bom reler esse importante "espelho do príncipe", produzido pelo grande filósofo estoico romano para aconselhar o jovem imperador Nero. A presente edição foi traduzida e anotada por Ingeborg Braren e publicada pela editora Vozes em 2013. 

A obra é um importante documento da filosofia política, e serve também para legitimar o poder imperial, ainda não totalmente aceito pelos nostálgicos da República. Para afastar as suspeitas, o princeps deveria atuar como um sábio leviatã. Nesse sentido, a clemência é definida e recomendada. Sêneca procura diferenciá-la da compaixão (II.4). Para ele, "a compaixão não observa a causa do castigo, mas o infortúnio do criminoso. A clemência se aproxima da razão." Para finalizar, registro o pensamento que se encontra ao final da obra (XXIV, 5):

A verdadeira felicidade consiste em proporcionar salvação a muitos e, da própria morte, fazê-los retornar à vida, merecendo a coroa cívica pela clemência. Não há ornamento mais digno da proeminência do príncipe e nada mais belo do que a famosa coroa: 'por ter salvo a vida de cidadãos', nem os carros manchados de sangue dos bárbaros, nem os despojos obtidos na guerra. 

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