“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Os Miseráveis», de Victor Hugo

segunda-feira, 16 de maio de 2016



AVISO AOS NAVEGANTES:
O resumo abaixo foi escrito pelo aluno Davi Nunes Barcelos, do 8º ano A. Quero parabenizá-lo, bem como todos os demais alunos que se dedicam à leitura. Este blog está à disposição dos alunos que queiram publicar seus resumos e resenhas. 


***


No primeiro momento, o título do livro pareceu-me espantoso. Mas, assim como diz o ditado, ''não julgue um livro pela capa'' (nesse caso, pelo título), decidi me aventurar nessa leitura.

A história começa em meados do ano de 1800. O personagem principal, Jean Valjean, é um homem que nunca conheceu o amor de uma mãe, um ex-condenado acusado de roubar um pedaço de pão para poder alimentar sua irmã e seus sete sobrinhos num período em que o inverno estava muito rigoroso. Jean cumpriu cinco anos de pena nas galés (barcos movidos a remos). Os condenados eram acorrentados enquanto remavam, e recebiam um soldo miserável que era guardado até o momento da libertação. Por causa de suas quatro tentativas de fugas fracassadas, Jean foi condenado a mais quatorze anos de prisão, totalizando, portanto, dezenove anos de trabalho forçado por, inicialmente, ter roubado um pão.

Após dias de caminhada sem destino, Jean chega à pequena cidade de Digne. Como de costume, foi se identificar na prefeitura da cidade, e depois procurou uma estalagem para poder comer e dormir. Sendo rejeitado em todos os lugares em que tentou se hospedar, acabou desistindo e foi dormir no banco da praça. Foi então que uma senhora se comoveu com a cena, e o informou que na casinha branca no final da rua ele encontraria lugar para ficar.

Na tal casinha branca anteriormente funcionava o hospital da cidade. Naquele momento, todavia, vivia o bispo de Digne, sua irmã e uma criada fiel. O bispo era filho de um nobre, e durante a Revolução Francesa decidiu emigrar para a Itália. Mas, passada a Revolução, abandonou a vida social e voltou para a França, onde se tornou padre. Sua rica família, contudo, acabou falida. Mas, para quem possuía total amor por seus semelhantes, e grande prazer em exercer a função de bispo, isso não era problema. Suas únicas vaidades eram dois castiçais de prata (acendidos sempre que recebiam convidados) e uma concha para sopa com seis talheres (também de prata).

Jean se surpreendeu com tamanha bondade do bispo em aceitar hospedá-lo gratuitamente, ainda mais sabendo de seu passado. No entanto, o ex-condenado abusou da bondade do seu anfitrião, e de madrugada pegou uma barra de ferro para arrobar o armário onde o pobre bispo guardava os seus talheres de prata. Para sua sorte, não precisou utilizar a barra de ferro, uma vez que a chave estava na fechadura. 

Pela manhã, três policiais bateram à porta. Um deles trazia Jean Valjean amarrado. Não conseguiam acreditar na versão que contara-lhes ao ser surpreendido, qual seja, que o bispo havia lhe dado a prataria como presente. Mas, para a surpresa de todos, o bispo também lhe entregou os dois castiçais de prata, e o declarou um homem livre. Ele abaixou até o ouvido de Jean e disse: 

--- Não se esqueça, não se esqueça nunca de que prometeu usar esse dinheiro para se tornar um homem honesto.

Ele o abençoou, e deixou seguir seu rumo.

Um novo rumo, novos personagens

Ao caminhar numa trilha, aconteceu algo a Jean que mudou a sua vida completamente: Correndo aos pulos, de alegria, vinha um menino com algumas moedas que ganhara fazendo serviços. Justamente a mais valiosa de todas, rolou e caiu ao lado do pé de Jean Valjean. O garoto se chamava Gervais, e após duas tentativas de recuperar sua moeda, já com lágrima nos olhos, ele desistiu. A noite caiu, e Jean iria continuar seu rumo. Ao pegar o seu cajado, viu a moeda embaixo de seus pés. Naquele momento percebeu o quanto havia sido rude, estúpido... um completo miserável.

Dois anos se passaram. Nessa época, viva em Paris uma jovem costureira chamada Fantine. Ela teve um caso e acabou engravidando de uma menina, Cosette. Infelizmente, para o pai de Cosette, Fantine foi só uma aventura, e ele acabou por abandoná-las. Durante o romance, Fantine abandonou seus fregueses e, mais tarde, não conseguiu recuperá-los. Foi então decidiu partir de volta para sua cidade natal com a pequena Cosette. Nas imediações de Paris, havia uma taberna, do casal Thérnadier, que tinha duas filhas. Imaginando que lá seria o melhor lugar para deixar Cosette enquanto procurava emprego, Fantine deixou a menina sob a guarda do casal. 

Mal sabia ela o quanto Cosette era maltratada. Vestia-se com roupas velhas, era humilhada, comia das sobras, apanhava e era tratada como escrava, sendo obrigada a varrer os quartos, fazer compras, e pegar água no bosque durante a noite.

Quando chegou à sua cidade natal, Fantine a encontrou em pleno progresso. Anos antes, um desconhecido chegara ao local, iniciando a lucrativa fabricação de dois produtos muito comercializados. Assim, tornou-se rico e seus lucros eram enormes. Além de ter contribuído para o desenvolvimento da cidade com a criação da fábrica, onde Fantine passou a trabalhar, o empreendedor construiu escolas e asilos, equipou o hospital e socorreu os pobres e os necessitados. Sua fama cresceu tanto que o rei lhe ofertou por duas vezes o cargo de prefeito da cidade. Ele afinal aceitou a oferta, mas continuava um homem solitário e vazio. Nada sabia sobre seu passado, apenas que se chamava Madeleine.

Fantine terminou expulsa da fábrica e não conseguiu um emprego definitivo. Suas dívidas com os Thérnadier aumentavam cada vez mais. Acabou vendendo seus cabelos, seus dentes, e finalmente seu corpo, tornando-se uma prostituta. Durante uma briga de rua, ela foi acertada nas costas com um punhado de neve, e teve uma grave doença. Morreu meses depois. Seu último pedido foi ter novamente a filha Cosette. Em sua memória, Madeleine (Jean Valjean) foi buscar a menina com os Thérnadier. Durante esse período, ocorreu algo que levou Madeleine novamente a se esconder da lei e do inspetor Javert. Mas acabou preso, e foi enviado novamente às galés. Num belo dia, salvou a vida de um marinheiro e escapou nadando (embora tenha sido dado como morto).

O desfecho da trama

De uma forma bastante inconvencional, Jean conseguiu tirar Cosette de seu ''cativeiro'' e adotá-la como filha. Ela passou a chamá-lo de pai. Contudo, restava um problema. Se antes precisava escapar sozinho de Javert, agora também precisava levar consigo a pequena Cosette. Os dois acabaram parando num jardim cuidado pelo senhor Fauchelevent (de quem Jean salvara a vida). Numa verdadeira troca de favores, Fauchelevent permitiu secretamente que Jean o auxiliasse no jardim, enquanto Cosette estudava com as freiras. Tudo era bom, e o tempo passava...

Nove anos depois, morava numa casa onde já havia sido endereço de Jean e Cosette, Marius Pontmercy com seu avô. Este era monarquista e nutria um profundo ódio pela República e pela Revolução Francesa, bem como uma imensa vergonha pelo fato de sua filha e mãe de Marius ter se casado com um dos oficiais de Napoleão e posteriormente ter se tornado barão.

Após um fato durante a missa, Marius passou a estudar a história da República e da Revolução. O Império Napoleônico o fascinara. Deixou de seguir os ideais do avô, de admirar os reis da dinastia Bourbon para adotar as medidas revolucionárias e democráticas. Dessa forma, entrou em contradição com o avô.

Mais tarde, Marius e Cosette se apaixonaram. A seguir, os Thérnadier tentaram aplicar um golpe para extorquir Jean Valjean, e após o pedido de casamento não ter recebido aprovação do avô de Marius, este deixou sua casa definitivamente, juntando-se a amigos numa das barricadas contra os monarquistas. 

Num conflito sangrento, alguns dos personagens da história acabaram morrendo. Afinal, depois de muitas idas e vindas, Marius e Cosette se casaram, agora com a benção de todos. Alguns anos mais tarde, Jean faleceu e em sua lápide foi escrito: 

Ele dorme. Embora a sorte lhe tenha sido adversa, 
Ele viveu. Morreu quando perdeu seu anjo; 
Partiu com a mesma simplicidade 
Como a chegada da noite após o dia.

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