“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Cultura do Vale do Indo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A efígie do "rei-sacerdote", encontrada em Mohenjo-Daro, mede 17,5 cm e encontra-se no Museu Nacional, em Karachi, Paquistão. 

A próspera cultura do Vale do Rio Indo provavelmente surgiu da evolução das comunidades agrícolas estabelecidas durante o Neolítico junto ao Rio Indo e seus afluentes. Mais antiga que as civilizações mesopotâmica e egípcia, a civilização do Vale do Rio Indo, cujo florescimento se estendeu entre 2600 1700 a.C., teve um desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural comparável àquelas. 

Por volta de 3500 a.C., Harappa era uma pequena aldeia junto ao Rio Rauí. Mil anos depois, era uma grande cidade que se estendia por 150 hectares. Outra metrópole da região foi Mohenjo-Daro, e além dessas duas existiam ainda outras três, menos conhecidas. Sabemos que os mercadores de Harappa e Mohenjo-Daro comerciavam com seus colegas sumérios entre 2300 e 2 mil a.C. A maioria dos produtos deveria ser constituída de pequenos objetos de luxo.

Além de ruas pavimentadas, as cidades dessa civilização urbana contavam com um complexo sistema de condução de águas residuais e poços - públicos e privados - que abasteciam seus habitantes.

Uma das grandes incógnitas dessa civilização diz respeito à sua forma de governo. O urbanismo e a padronização das construções sugere a existência de um forte governo centralizado. Contudo, o único vestígio que permite-nos supor a existência de um governo similar ao mesopotâmico, exercido por um rei-sacerdote, é uma estatueta de barro, que representa um homem com barba e expressão majestosa (ver acima). Não foram encontrados edifícios que possam ser interpretados como palácios, nem grandes templos. Nos cemitérios de Harappa, os únicos encontrados até agora, não há rastros de uma elite dirigente cujas tumbas sejam mais ricas que as dos habitantes comuns.

Outra grande incógnita é a religião. Pequenas estatuetas de cerâmica que representam fundamentalmente animais machos, além de símbolos fálicos e figuras femininas com órgãos sexuais proeminentes, sugerem a existência de uma religião que rendia culto à fertilidade.

O final abrupto da civilização do Vale do Rio Indo, por volta de 1700 a.C., não foi consequência de guerra ou invasões, mas muito provavelmente da conjunção de uma série de desastres naturais e uma mudança das condições climáticas. Além disso, a desflorestação para fins agrícolas e para obter lenha provocaram uma drástica redução populacional e dos recursos. Quando os arianos chegaram ao Vale do Indo, as grandes cidades já haviam se arruinado e não mais existiam.

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