“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Revolução Militar Europeia

domingo, 24 de setembro de 2017

A Batalha de Lepanto, de 1571, por um artista desconhecido: Vitória arrasadora das forças cristãs sobre as islâmicas.

"Já em 1096, uma Europa ocidental fragmentada era forte o bastante para mandar milhares de soldados cruzar o mar até o Oriente Médio. Em uma série de três grandes cruzadas entre 1096 e 1189, os europeus ocuparam Jerusalém e garantiram enclaves ocidentais no coração do Islã. Durante a Idade Média, foi a Europa, e não o Oriente Médio, que esteve mais a salvo de ataques estrangeiros. Ao contrário dos cruzados, era impossível para qualquer exército muçulmano transportar grandes exércitos por mar para atacar o coração da Europa. As armadas árabes haviam aprendido muitos anos antes, nos séculos VII e VIII, o auge do poder islâmico, que era impossível tomar a vizinha Constantinopla. 

Essa capacidade de recuperação europeia oferece a explicação correta para o grande avanço do poder ocidental no Novo Mundo, na Ásia e na África depois de 1500. A força renovada da Europa contra o Outro na era da pólvora foi facilitada pelo ouro do Novo Mundo, pelo uso maciço de armas de fogo e pelos novos projetos de arquitetura militar. No entanto, a tarefa correta do historiador não é simplesmente acompanhar o trajeto desse incrível aumento da influência europeia, mas também se perguntar por que a 'Revolução Militar' ocorreu na Europa e não em outro lugar. A resposta é que, durante a Idade Média e a Idade das Trevas, as tradições militares europeias baseadas na Antiguidade clássica foram mantidas vivas e melhoradas por uma série de guerras sangrentas contra exércitos islâmicos, invasores vikings, mongóis e tribos bárbaras do norte. Os principais componentes da tradição militar ocidental de liberdade, batalha decisiva, militarismo cívico, racionalismo, mercados vibrantes, disciplina, discordância e liberdade de crítica não foram eliminados pela queda de Roma. Pelo contrário, eles formaram a base de uma sucessão de exércitos merovíngios, carolíngios, franceses, italianos, holandeses, suíços, alemães, ingleses e espanhóis que deram continuidade à tradição militar da Antiguidade clássica."     

HANSON, Victor Davis. Por que o Ocidente Venceu - Massacre e cultura, da Grécia antiga ao Vietnã. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 243-244.  

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