“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Revolta dos Macabeus (168-161 a.C.)

sábado, 14 de julho de 2018

Num enfrentamento durante a Revolta dos Macabeus, Eleazar se sacrifica para derrubar o elefante do rei. 
Gravura de Jan de Broen para o projeto de Bernard Picart (1673-1733). 

Por ordem do rei selêucida Antíoco IV Epifânio (175-164 a.C.), oficiais sírios transformaram o serviço do templo de Jerusalém em um culto politeísta. Além disso, forçaram os judeus a aceitá-lo, sob pena de morte. Em reação, um sacerdote de Modin, chamado Matatias, iniciou uma revolta armada, matando um oficial sírio em sua vila natal. Em seguida, Matatias e seus cinco filhos fugiram para as montanhas e, com um grupo de seguidores, iniciaram uma guerrilha contra as tropas sírias. A revolta duraria de 168 a 161 a.C. 

Como Matatias morreu pouco depois, seu filho, Judas, tornou-se o líder desse grupo de judeus zelosos, dispostos a defender sua religião ancestral com a própria vida. Judas recebeu o apelido de Macabeu, e ganhou a confiança do povo após derrotar diversas pequenas forças sírias. Os judeus passaram a acreditar que ele havia sido escolhido por Yahweh para salvar a nação dos sírios. Seu maior triunfo ocorreu em 164 a.C., quando derrotou o exército sírio liderado pelo general Górgias, em Emaús. Conseguiu, então, recuperar o templo em Jerusalém, retirando dali todos os vestígios pagãos, restabelecendo o serviço mosaico. Em lembrança a suas realizações, foi instituída a festa de Hanukkah (a Festa da Dedicação; cf Jo 10:22), a qual é celebrada pelos judeus até os dias de hoje. 

Após a derrota de Górgias, os sírios começaram outra campanha contra Judas. O comando então passou ao general Lísias, que também fracassou ao tentar esmagar a revolta, especialmente por não conquistar Bete-Zur, fortaleza judaica. Em 163 a.C., Antíoco IV morreu e Lísias tornou-se regente do trono. Fez então mais uma tentativa de reconquistar a Judeia. Até conseguiu cercar Jerusalém e confinar Judas e seus homens no templo. No entanto, precisou logo retornar a Antioquia para assegurar o trono para si, adiando o início ao longo cerco. Por isso, ofereceu aos judeus a liberdade para exercerem a sua religião monoteísta em troca de uma promessa de lealdade. Em seguida, Lísias nomeou Alcimo como sumo sacerdote e deixou o país. 

Alcimo capturou e matou muitos judeus que haviam lutado ao lado de Judas Macabeu. Este, no entanto, conseguiu escapar do massacre e iniciou um combate a Alcimo e seus seguidores. O sumo sacerdote recorreu a Demétrio I (161-150 a.C.), que havia se tornado o rei da Síria. Em resposta ao pedido de socorro, ele enviou Nicanor com uma forte tropa militar à Judeia a fim de apoiar Alcimo contra Judas. Mais uma vez, os judeus venceram, e Nicanor foi derrotado decisivamente. Demétrio I, no entanto, não desistiu, e enviou outro exército contra Judas, dessa vez liderado por Báquidas. Desta vez os sírios foram vitoriosos, e Judas foi morto na guerra, em 161 a.C. Jônatas, irmão de Judas, assumiu então a liderança na luta contra os selêucidas. 

Ao longo de vários anos, Jônatas e seu bando de guerrilheiros mal conseguiam sobreviver. Com a morte de Alcimo, no entanto, e a luta pelo trono da Síria, eles tiveram um descanso. Um dos pretendentes ao trono, Alexandre Balas, nomeou Jônatas sumo sacerdote, em 153 a.C. Mas, em 143 a.C., outro pretendente ao trono sírio, Trifão, matou Jônatas à traição. Após a morte de Jônatas, o último filho vivo de Matatias, Simão, assumiu a luta contra os sírios. 

Simão conseguiu se libertar do pagamento de impostos aos sírios, conquistando, assim, um status independente para seu país e povo. Um plebiscito nacional confirmou sua posição de sumo sacerdote. Pouco depois, irrompeu uma disputa pelo poder dentro da própria família, e em 135 a.C. Simão foi assassinado pelo genro. Apesar disso, a conspiração falhou, e João Hircano I, filho de Simão, afastou o cunhado e assumiu o poder, governando a Judeia nos trinta anos seguintes (135-105 a.C.).     

Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 838-840.

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