quinta-feira, 7 de abril de 2022
A Batalha de Ácio também teve um papel-chave nas representações posteriores. Foi transformada em um encontro muito mais impressionante do que deve ter sido, e engrandecido para se tornar o momento fundador do regime de Augusto, que ainda se costuma dizer que começou em 31 a.C.; um historiador posterior foi ao ponto de sugerir que "o dia 2 de setembro", dia exato do confronto, é uma das poucas datas romanas que vale a pena relembrar. Uma nova cidade chamada Nicopolis ("Cidade da Vitória") foi construída perto do local da batalha, assim como um grande monumento em frente ao mar, decorado com as carrancas dos navios capturados e com um friso retratando a procissão triunfal de 29 a.C. Roma foi também saturada de lembranças disso, de esculturas monumentais a preciosos camafeus, e muitos soldados comuns que haviam lutado do lado vencedor orgulhosamente acrescentaram ao seu nome o adicional Actiacus, ou "homem de Ácio". Além disso, na imaginação romana a batalha foi quase que instantaneamente transformada em um conflito entre soldados firmes e disciplinados e hordas selvagens de orientais. Apesar de Antônio ter tido o convicto apoio de várias centenas de senadores, toda a ênfase recaía sobre a ralé exótica, com - segundo Virgílio - "sua riqueza bárbara e estranhas armas", e também sobre Cleópatra, expedindo comandos e brandindo uma matraca egípcia.
BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga. Tradução de Luis Reyes Gil. São Paulo: Planeta, 2017, p. 346.
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