“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Intelectuais vs "Corrida Armamentista"

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Protesto de alemães ocidentais contra a corrida nuclear, durante a Guerra Fria.

A futilidade de uma "corrida armamentista" foi mais uma característica marcante da década de 1930 que voltou a vigorar na década de 1960, mesmo que um desarmamento unilateral - tanto moral quanto militar - , adotado pelas nações democráticas após o término da Primeira Guerra Mundial, tenha tornado muito favorável, para os poderes do Eixo, a perspectiva de vitória em outra guerra, o que desembocou na Segunda Guerra Mundial. A noção de que uma "corrida armamentista" fomentaria a guerra, que fora o tom dominante entre os intelectuais durante o período entre-guerras, o qual acabou influenciando a condução política, principalmente na figura de Neville Chamberlain, foi restaurada a partir da segunda metade do século XX. Seja qual for a plausibilidade dessa noção, o que parece crucial é que poucos intelectuais sentiram qualquer necessidade de ir além da mera plausibilidade em busca de evidências concretas, a fim de aferir suas suposições, colocando-as sob o crivo da verificação empírica, mas, em vez disso, trataram a questão como um axioma inquestionável.

Assim que a Segunda Guerra Mundial demonstrara, de forma trágica, os perigos das insuficientes políticas de desarmamento e de rearmamento, a ideia sobre a alegada futilidade da corrida armamentista foi descartada. Porém, quando o presidente John F. Kennedy invocou essa lição da Segunda Guerra Mundial ao dizer em seu discurso de posse em 1961 que "não ousaremos tentá-los mostrando fraqueza", apesar de sua juventude ele falava em consonância como uma geração que estava passando, defendendo ideias que seriam, em breve, substituídas por ideias opostas, adotadas ironicamente anos mais tarde por seu irmão mais jovem no Senado dos Estados Unidos. A ideia de força militar como fundação para a paz, a partir do poder dissuasivo para conter potenciais inimigos, caiu em desuso rapidamente a partir da década de 1960, ao menos entre os intelectuais. Em vez disso, durante os longos anos de Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos, acordos para limitação de arsenais foram defendidos por muitos, senão pela maioria, da intelligentsia ocidental.     

SOWELL, Thomas. Os Intelectuais e a Sociedade. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2011, p. 399-400.

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