“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Jihad contra o Ocidente

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

A ideia de jihad como uma guerra contra o Ocidente teve na obra de Sayyid Qutb (1906-1966) uma de suas formulações mais influentes. Qutb, sobre quem há uma obra disponível aqui, buscava promover uma revolução moral e religiosa. O ideólogo contribuiu para isso promovendo uma crítica profunda ao Ocidente (seria materialista, imoral e destrutivo). Essa crítica fomentou a noção de que o Islã deveria resistir à influência ocidental, não apenas militarmente, mas cultural e espiritualmente. O Ocidente representaria uma pressão que desviava os muçulmanos de Deus.

Nesse sentido, a jihad seria um instrumento de libertação. Ela não constituiria mero ataque militar, mas um esforço para retirar a humanidade do domínio humano e colocá-la sob domínio de Deus. Ou seja, para Qutb, a jihad era "guerra contra sistemas humanos opressores", que ele via no Ocidente e em governos muçulmanos seculares. Por fim, Qutb defendia que uma elite fiel (tali'a) deveria iniciar uma transformação de cima para baixo, semelhante à dos primeiros companheiros de Maomé. Essa ideia de "vanguarda" inspirou movimentos que passaram a pensar em lutas revolucionárias contra Estados estabelecidos, especialmente aqueles ligados ao Ocidente.

Após a execução de Qutb pelo governo egípcio, em 1966, suas obras foram apropriadas por militantes que exageraram o aspecto militar de sua teoria, ignoraram suas advertências éticas contra violência indiscriminada e transformaram a "libertação humana" em retórica de guerra.

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