“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Conselhos à Juventude», de Agostinho

segunda-feira, 30 de março de 2015



I. Se te dedicas aos estudos, mantêm limpos o teu corpo e o teu espírito. Alimenta-te de comida sã, veste-te com simplicidade e não faças gastos desnecessários. 

II. À sobriedade nos costumes, deve corresponder a moderação nas atitudes, a tolerância no trato, a honradez no comportamento e a exigência para contigo mesmo.

III. Tem sempre presente que a obsessão pelo dinheiro mata toda a esperança.

IV. Não ajas com debilidade, nem tampouco com atrevimento.

V. Afasta de ti toda a ira, ou trata de controlá-la, quando corrigires as faltas dos outros.

VI. Sê o sentinela de ti mesmo. Vigia teus pensamentos e teus desejos para que eles não te atraiçoem.

VII. Reconhece os teus defeitos e procura corrigi-los.

VIII. Não sejas excessivo no castigo, nem tampouco generoso no perdão.

IX. Não insistas nem molestes aos que não querem corrigir-se.

X. Evita as inimizades, suporta-as serenamente, termina-as o quanto antes.

XI. Não busques lugares de comando se não estás disposto a servir.

XII. Procura progredir sempre, não importa a idade e as circunstâncias em que te encontre.

XIII. Durante toda a vida, em todo o tempo e lugar, tem amigos de verdade ou procura-os.

XIV. Honra a quem merece a honra, ainda que ele não a deseje.

XV. Vive com dignidade e em harmonia com tudo e com todos.

XVI. Busca a Deus. Que o Seu conhecimento encha a tua existência, e o Seu amor preencha o seu coração.

XVII. Deseja a tranquilidade e a ordem para que tu e os teus companheiros possam estudar.

XVIII. Pede para ti e para todos, uma mente sã, um espírito sossegado e uma vida cheia de paz.

Agostinho de Hipona (354-430). Conselhos à Juventude do século IV
Adaptação do livro "Da Ordem" (II, 8, 25). Real Centro Universitário Escorial - María Cristina. Minha tradução. Disponível em Augustinus

* Vitral: Tiffany Window of St. Augustine - Lightner Museum.

Entrevista com Eric H. Cline, autor de «1177 a.C.»

domingo, 29 de março de 2015



O final da Idade do Bronze no Mediterrâneo é um dos acontecimentos mais enigmáticos de nossa História. A irrupção dos Povos do Mar, somada a outra série de acontecimentos, provocou o colapso daqueles que até então eram os centros de poder mais importantes da civilização. Procuramos conhecer o problema com mais profundidade das mãos de Eric H. Cline, professor de História Antiga e Arqueologia da Universidade George Washington, autor de 1177 a.C. - O ano em que a civilização desabou, publicado em espanhol pela editora Crítica. 

Pergunta - Após séculos de esplendor, o mundo civilizado se submergiu numa profunda crise que afetou todos os âmbitos da vida cotidiana. Parece improvável que tenha sido desencadeada unicamente pelos Povos do Mar. Quantas causas concorreram para este cataclismo?

Eric H. Cline - Há pelo menos cinco, talvez seis, que eu ordenaria seguindo esta ordem de importância: mudança climática, seca, fome, terremotos, invasores e rebeliões internas. Alguém poderia optar por combinar mudança climática com fome; neste caso, seriam cinco as causas. 

(...)


Pergunta - Qual foi o legado dos Povos do Mar?

Eric H. Cline - Seu principal legado foram os filisteus e sua cultura. O grupo entre os Povos do Mar que os egípcios chamaram de Peleset é, provavelmente, o grupo que nós conhecemos como os filisteus da Bíblia. Parece que se assentaram na região de Canaã e talvez deixaram se assimilar pelos habitantes locais, antes do auge de Israel. 


Leia a entrevista completa (em espanhol) no blog Mediterráneo Antiguo

Foro de São Paulo

quinta-feira, 26 de março de 2015


Confira, no vídeo acima, uma palestra sobre o Foro de São Paulo.

Informe-se mais com um Dossiê.

Acesse as Atas do Foro de São Paulo. 

O ofício do historiador

quarta-feira, 25 de março de 2015



Recomendo a entrevista acima para todos aqueles que se interessam pela pesquisa histórica.

A Prof.ª Dr.ª Maria Helena Rolim Capelato é professora no Departamento de História da Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Confira o seu currículo Lattes.

O Código de Hamurabi e o perigo da dor coletiva

domingo, 22 de março de 2015

Amplie a imagem com um clique.

“Para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos” e “para resolver todas as disputas e sanar todos os ferimentos”. As duas frases são muito antigas e mostram, aparentemente, a preocupação de um legislador em ser correto e impedir que uma injustiça traga danos aos mais fracos e, principalmente, sirva como instrumento para reparar a dor de uma eventual perda.
A expressão “sanar todos os ferimentos” é importante para ser analisada em separado. Ela tem uma função de metáfora, pois não se refere, evidentemente, à cicatrização física de uma ferida, mas aos danos emocionais de uma ação negativa contra a pessoa ou alguém de seu vínculo, ou ainda, a alguma coisa de sua propriedade.
Quando alguém perde alguém querido por causa de alguma violência, há uma grande dor, e isso é inquestionável. Quando alguém é violentado em algum de seus direitos (integridade física ou emocional) também sofre muito.
A questão fundamental é: como sanar a dor?
Para o imperador Hamurabi, autor das duas primeiras frases deste texto, o melhor instrumento para cicatrizar feridas era punir autores de violência ou ilegalidades na mesma proporção de seu ato, ou ainda com mais rigor. Não sem razão seu código de leis se tornou conhecido pelo resumo de seu propósito: “Olho por olho, dente por dente.”
Hamurabi viveu há aproximadamente 3.700 anos, na Mesopotâmia (Iraque e terras próximas) e seu conjunto de leis é o mais antigo registro de uma legislação. Todo o código está escrito em uma pedra (monólito) com 2,25 metros e até 1,90 metro de circunferência e que foi encontrado apenas em 1901.
Em muitos de seus artigos, o Código de Hamurabi mostrava realmente princípios de Justiça. Um exemplo é o que determinava que honorários de um médico fossem proporcionais à classe social do doente e que as decisões judiciais fossem tomadas em tribunal, com direito à apelação [Outros exemplos: 1º) Tanto o adúltero quanto a adúltera, se surpreendidos em flagrante, deveriam ser condenados à morte; o marido traído poderia, no entanto, perdoar a esposa infiel; 2º) Se um homem resolvesse tomar uma segunda esposa, esta não teria o mesmo nível de igualdade da sua primeira mulher; 3º) Se um homem engravidasse uma escrava, ela assumiria uma posição de igualdade com a sua esposa; 4º) A escrava que engravidasse do seu patrão não poderia ser mais vendida; 5º) O homem não poderia abandonar a esposa quando ela adoecesse, mas deveria mantê-la e sustentá-la em sua casa; 6º) A mulher era livre para pedir o divórcio, recebendo a restituição do dote que entregara ao marido ao se casar].
O juiz, inclusive, deveria deixar sua decisão por escrito, correndo o risco de punição em caso de erro. Mas era um código muito duro. Caso um construtor fizesse uma casa que desmoronasse matando o filho do proprietário, então o filho do construtor também deveria ser morto. Se alguém matasse uma mulher, a filha do assassino também seria morta.
O objetivo nesses casos era punir o autor de violência com a dor, mesmo que isso significasse a morte de inocentes.
Como já foi mencionado, esse código é dos primórdios da civilização. Mas, mesmo com toda essa idade, determinava que a punição de um agressor deveria ocorrer após julgamento e não por ato da vítima ou grupo, até para impedir novas injustiças.
As sociedades passaram por muitos sofrimentos e as legislações foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos milênios, fugindo da vingança pura e simples.
Nos últimos tempos, porém, tudo parece retroceder a tempos pré-hamurábicos. A legislação não funciona adequadamente; a força policial não tem força de verdade que ajude a conter a violência, e muitas pessoas, infelizmente, estão agindo para descontar suas dores de uma maneira incontida nas ruas e cidades, com as regras do “olho por olho, dente por dente”.
          Isso não é sinal de força popular, mas de fraqueza do poder público e de toda uma sociedade... Tempos difíceis esses que fazem Hamurabi parecer atual. Desta maneira, a barbárie e não a civilização é quem prevalece, e o risco se amplia ainda mais quando inocentes podem ser julgados como culpados pelos tribunais de exceção criados no meio das ruas. É um risco... grande risco.

Joel Soprani
Publicado no jornal A Tribuna (05/06/2013).

Pelo fim da apologia a ideologias genocidas!

quinta-feira, 19 de março de 2015


Uma primeira versão do texto abaixo foi publicada no site Charges.uol 

Sobre o vídeo acima, que mostra um rapaz que QUASE foi linchado na manifestação pelo impeachment da Dilma, quero fazer duas considerações:

1º) É um absurdo achar que os opositores do PT são violentos. A esquerda é que é truculenta. Já imaginaram se um militante do PSDB aparecesse, com a camisa do seu partido, numa manifestação do MST? É óbvio que há pessoas violentas em todos os lugares mas, dentre os que estão contra o governo, eles são uma exceção absoluta. Prova disso é que as manifestações do dia 15/03 foram eminentemente pacíficas (ao contrário das ações do MST, por exemplo, marcadas por vandalismo e invasões). 

2º) Se ostentar a suástica é crime, por que é permitido ostentar a foice e o martelo, símbolos de uma ideologia que exterminou muito mais pessoas do que o nazismo? Qualquer apologia ao comunismo ou ao nazismo, ideologias totalitárias e genocidas, deve ser ferrenhamente condenada. Se respeitamos a memória dos judeus e outras minorias que foram vítimas do Holocausto, por que também não respeitamos as vítimas dos gulags, do Holodomor, do Paredón cubano, do genocídio do Khmer Vermelho?

Ostentar o símbolo de regimes genocidas nada tem a ver com liberdade de expressão. É apologia ao crime e à barbárie, pura e simplesmente.

Para aqueles que não aprenderam na escola sobre os genocídios e atrocidades dos comunistas, eu recomendo que leiam O Livro Negro do Comunismo e que assistam os documentários, filmes e entrevistas que eu selecionei.

«Raízes do Brasil»

quarta-feira, 18 de março de 2015

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. > Disponível aqui

Em meados do século XX, as pessoas aprendiam a refletir e a se interessar pelo Brasil em função de três livros: Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre; Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda, e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior. Infelizmente, esses livros não são tão conhecidos como o eram décadas atrás. Uma pena, uma vez que, por exemplo, Raízes do Brasil, publicado originalmente em 1936, foi considerado um "clássico de nascença" por Antonio Candido. 

Preparei, abaixo, um fichamento dos dois primeiros capítulos do livro.

***

No cap. 1, "Fronteiras da Europa", Buarque explica como a cultura europeia foi implantada na América portuguesa. O resultado foi que "somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra" (p. 31). A falta de coesão em nossa vida social é um fenômeno antigo, diretamente ligada às origens da nação lusitana. "No fundo, o próprio princípio da hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal entre nós" (p. 35). Contudo, tanto a burguesia urbana quanto os próprios labregos contagiavam-se pelo resplendor da existência palaciana (p. 36). A seguir, uma análise bem interessante destaca que espanhóis e portugueses sempre desconfiaram de teorias negadoras do livre-arbítrio, e essa mentalidade foi o maior obstáculo ao "espírito de organização espontânea", característico dos povos protestantes (p. 37). Nas nações ibéricas, "o princípio unificador foi sempre representado pelos governos" (p. 38). Assim, elas rechaçaram toda moral fundada no "culto ao trabalho""Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente, até mais nobilitante, a um bom português, ou a um espanhol, do que a luta insana pelo pão de cada dia" (idem). Neste ponto, as nações ibéricas alinhavam-se à Antiguidade Clássica, mais do que os demais países europeus. Ainda que rara e difícil, a obediência pontuava, por vezes, a cultura ibérica, "como virtude suprema entre todas" (p. 39).  

O cap. 2, "Trabalho & Aventura", começa com a constatação de que a maior missão histórica dos portugueses foi o seu pioneirismo na conquista do trópico para a civilização. Mas essa exploração dos trópicos não seguiu um plano metódico e racional. Fez-se, antes com desleixo e certo abandono.
O aventureiro enalteceu a recompensa imediata, considerando "estúpido e mesquinho" o ideal do trabalhador. Este, por outro lado, considera "imorais e detestáveis as qualidade próprias do aventureiro" (p. 44). "Na obra da conquista e colonização dos nossos mundos coube ao 'trabalhador', no sentido aqui compreendido, papel muito limitado, quase nulo" (p. 45).
O gosto da aventura teve influência decisiva em nossa vida nacional. Os portugueses, aventureiros por natureza, adaptaram-se mais do que qualquer outro povo, às condições de vida e cultura dos nativos. No processo de ocupação e colonização do território, foram beneficiados com a abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas. Com isso a grande propriedade rural tornou-se, aqui, "a verdadeira unidade de produção". Com relação à mão de obra, "a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais" (p. 48). O português procurava riqueza, "mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho" (p. 49). Assim, não foi "uma civilização tipicamente agrícola o que instauraram os portugueses no Brasil com a lavoura açucareira" (idem).
A lavoura no Brasil permaneceu largamente aferrada a concepções rotineiras, sem progressos técnicos que elevassem o nível da produção. Em parte isso ocorreu por conta dos obstáculos do meio tropical, o que explica, por exemplo, o escasso emprego do arado. Ao invés de procurar revigorar os solos gastos pela lavoura, transferiam-se para novas terras, seguindo o modelo da coivara indígena. "Todos queriam extrair do solo excessivos benefícios sem grandes sacrifícios." Ao contrário dos espanhóis, que raramente se identificavam muito com a terra e sua gente, "nossos colonizadores aclimaram-se facilmente", repetindo "o que estava feito ou o que lhes ensinaram a rotina" (p. 52).
Apesar do atraso nas técnicas agrícolas, os portugueses tiveram ao seu favor o fato de não nutrirem qualquer orgulho de raça - já eram um povo mestiço desde a época dos Descobrimentos (p. 53). Portanto, era exíguo o sentimento de distância entre os dominadores lusitanos e a massa trabalhadora negra (p. 54). Aparentemente, o exclusivismo racista nunca chegou a ser "o fator determinante das medidas que visavam reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos" (p. 55). A identificação dos indígenas aos tradicionais padrões de vida das classes nobres era forte: tinham em comum a "ociosidade", a aversão a todo esforço disciplinado, a "imprevidência" e "intemperança" e o gosto por atividades predatórias ao invés de produtivas. Assim, o governo português estimulava casamentos mistos de indígenas e brancos (cf. o alvará de 1755). Mas os pretos e seus descendentes continuavam relegados a trabalhos de baixa reputação, degradantes para si e para a sua posteridade (p. 56).
A escravidão e a hipertrofia da lavoura latifundiária de nossa economia colonial provocou a ausência de qualquer esforço sério de cooperação nas demais atividades produtoras (p. 57). "Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizavam, no Brasil, os trabalhos rurais" (p. 58). Poucos dedicavam-se por toda a vida a um mesmo ofício. Outro empecilho ao trabalho urbano livre eram os "negros de ganho", cujo uso era muito difundido (p. 59). Outros costumes, como o do mutirão, além da expectativa de auxílio recíproco, baseavam-se na excitação das ceias, danças e consumo da cachaça.
A seguir, entre as p. 62-66, Sérgio Buarque se dedica a analisar a experiência holandesa no nordeste.
Em primeiro lugar, "o que faltava em plasticidade aos holandeses sobrava-lhes, sem dúvida, em espírito de empreendimento metódico e coordenado, em capacidade de trabalho e coesão social" (p. 62). O progresso urbano durante o seu domínio era algo inédito na vida brasileira, e em 1640 o primeiro Parlamento do hemisfério ocidental se reunia em Recife (p. 63). 
No entanto, a ausência de descontentamentos na Holanda, um país próspero, tornou impossível a migração em larga escala para o "Brasil Holandês". Portanto, uma população cosmopolita, instável, de caráter urbano, se apinhou no Recife ou na nascente Mauritstad. O Diretório da Companhia das Índias Ocidentais até que apelou a Amsterdã, em 1638, para enviar de mil a 3 mil camponeses para o empreendimento colonial. Foi em vão.
Além da língua neerlandesa, que era incompreensível aos luso-brasileiros, os calvinistas holandeses não possuíam a mesma capacidade de assimilação dos puritanos da América do Norte. Além disso, o catolicismo era muito mais popular do que o rígido e austero protestantismo calvinista. "A essas inestimáveis vantagens acrescente-se ainda, em favor dos portugueses, a já aludida ausência, neles, de qualquer orgulho de raça" (p. 66). 

Nota ao cap. 2 - "Persistência da lavoura de tipo predatório" (p. 66-70)

Cap. 3 - "Herança rural" (p. 71-92)

Cap. 4 - "O semeador e o ladrilhador" (p. 93-138)

Cap. 5 - "O homem cordial" (p. 139-152)

Cap. 6 - "Novos tempos" (p. 153-168)

Cap. 7 - "Nossa revolução" (p. 169-188)

O "Posfácio" (pp. 189-193) é assinado por Evaldo Cabral de Mello. Este menciona que é a História, e não a Sociologia, assegura o interesse perene das obras clássicas de Gilberto Freyre, Sergio Buarque e Caio Prado. Sempre que leio um livro de Sociologia, com as suas constantes generalizações e comparações esdrúxulas, fico a pensar como os cientistas sociais perdem em não se concentrar na História. Felizmente, os intelectuais supracitados identificaram qual deveria ser o foco das suas análises, e não é à toa que seus estudos permanecem como obras basilares da nossa História e identidade.