quarta-feira, 8 de maio de 2013
Pintura de parede do túmulo de Sennedjem, um construtor de túmulos de Tebas no séc. XIII a.C (Império Novo). Ele e sua esposa Iyneferet são mostrados na vida após a morte. Estão a semear e a arar os campos do Paraíso. Sennedjem usa um chicote para conduzir as duas vacas malhadas que puxam o arado. Plantas de linho altos crescem atrás Iyneferet, que possui uma cesta de sementes, as quais lança no solo recém-arado. Abaixo, estão as palmeiras e outras árvores.
Desta forma, fica claro que os egípcios mais favorecidos tinham a vida rural como um ideal para o Além. No entanto, a vida dos felás (camponeses) estava longe de ser perfeita. Eles sofriam com a exploração daqueles que só após a morte seriam vistos trabalhando com um arado.
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O Primeiro Período Intermediário do Antigo Egito se iniciou em 2185 a.C. e compreendeu as VI, VII, VIII, IX, X e XI dinastias. Nessa época o poder esteve dividido e o país mergulhou na anarquia e na guerra civil. No entanto, no meio do caos os egípcios desenvolveram um conjunto de valores morais que exaltavam o indivíduo. Isso aparece de forma explícita no famoso papiro Protestos do camponês eloquente, da X dinastia. Trata-se da história de um pobre camponês que, despojado de seus bens por um rico latifundiário, reclama os seus direitos:
Não despojes de seu bem um pobre homem, fraco, como tu sabes. O que ele possui é o [próprio ar que respira] um homem sofredor, e aquele que o rouba corta-lhe a respiração. Tu foste designado para presidir audiências, para decidir entre dois homens e punir o bandido [mas], observa, és o defensor do ladrão que tu gostarias de ser. Confiou-se em ti, embora te tenhas tornado um transgressor. Tu foste designado para ser a barragem do sofredor, protegendo-o para que ele não se afogasse [mas], observa, tu és o lago que o engoliu.
Citado em BAKR, A. A. O Egito Faraônico. In: MOKHTAR, G. (coord.). A África Antiga. Tradução de Carlos H. Davidoff et. al. São Paulo: Ática; (Paris): UNESCO, 1983, p. 84.
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* Crédito da imagem: Mitchell Teachers.
* Os Protestos do camponês eloquente estão disponíveis na coletânea Doze textos egípcios do Império Médio, organizada por Telo Ferreira Canhão (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013). Compre-a AQUI.
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