“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Mundo Intelectual de Miller

sexta-feira, 7 de abril de 2017

William Miller (1782-1849)

Um dos movimentos religiosos mais influentes nos Estados Unidos foi o milerita, na primeira metade do século XIX. Para entender a real popularidade do movimento de William Miller (1782-1849), que pregava o retorno literal de Jesus à Terra por volta do ano de 1843, é preciso conhecer o pensamento do mundo no início do século XIX. 

Em primeiro lugar, o individualismo sempre fora acentuado na América do Norte. Esse individualismo e a autoconfiança que o segue estavam avançando entre as décadas de 1810 e 1820. O período subsequente seria conhecido como a era jacksoniana ou era do homem comum. Na mentalidade dessa época, todos podiam exercer os talentos concedidos por Deus, e uma pessoa não precisava ser especialista para concorrer a um posto público, praticar a medicina ou fazer teologia. 

A filosofia do "senso comum", que se tornou central para o cristianismo americano, estava diretamente relacionada com a mentalidade jacksoniana. Ela evitava explicações racionais complicadas e destacava os fatos (incluindo os bíblicos). 

Outro elemento que influenciou e impulsionou o milerismo foi o restauracionismo cristão - o ímpeto para voltar e restaurar os ideais da Bíblia. O milerismo direcionava as pessoas de volta à Bíblia e restaurava a "verdadeira" (ou neotestamentária) doutrina da segunda vinda de Jesus. 

Finalmente, o mundo intelectual da época de Miller valorizava o racionalismo e o literalismo. O elemento racionalista era uma herança do Iluminismo do século XVIII, e Miller e sua geração valorizavam grandemente as abordagens racionais de todas as coisas, incluindo a religião. Com relação ao literalismo, a maioria das pessoas acreditava que as interpretações sérias das Escrituras eram as literalistas, que implicavam fidelidade, ao contrário das interpretações alegóricas e metafóricas. 

Bibliografia consultada: KNIGHT, George. Adventismo - Origem e Impacto do Movimento Milerita. Tradução de Marcelo Costa Dias. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2015, p. 35-37.

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