“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Babel, o encontro dos deuses - II

sábado, 16 de setembro de 2017

A Torre de Babel (1563), de Pieter Bruegel (1526/30-1569).

O nome "Babel" vem do acadiano bab-ilu ("portal de Deus"), e os hebreus propositalmente chamavam o edifício de Bavel, "confusão". Ao escolherem o nome bab-ilu, os construtores da torre queriam dizer que, enquanto os deuses menores usavam os zigurates locais para se comunicar com o povo, o chefe de todos os deuses (Anu ou Enlil) usava o zigurate de Babel para visitar a Terra. Assim, todos deveriam estar ali para adorá-lo, mesmo que fossem devotos de outro deus local. Babel seria o centro de uma grande coletividade ecumênica que traria a paz e a união na terra do Crescente Fértil. 

Em 1872, George Smith, pesquisador do Museu Britânico, descobriu um cuneiforme que trazia o seguinte relato: 

A edificação desta torre ofendeu todos os deuses. Numa noite, eles [deitaram abaixo] o que o homem havia construído e impediram o seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados e sua língua se tornou estranha. 

Provavelmente, tal relato refere-se à construção do zigurate construído por Ninrode. Mais uma vez, a arqueologia trouxe a público uma evidência do relato bíblico. A confusão das línguas ocorrida em Babel não poderia mais ser desprezada pelos críticos. Os minimalistas, é claro, procuraram invalidar o achado de Smith e sua interpretação. Contudo, E. A. Speiser e S. N. Kramer, especialistas da Universidade da Pensilvânia, concluíram que a narrativa da Torre de Babel possui demonstrável respaldo na literatura cuneiforme. 

Outro fragmento de tablete foi descoberto posteriormente. Com 27 linhas, trata-se de parte de uma carta anônima endereçada ao "senhor de Arrata" e foi copiado e traduzido pelo assiriólogo Oliver Gurney, da Universidade de Oxford. O remetente roga ao rei que lhe permita ser seu vassalo, uma vez que os tempos eram difíceis. Ele, então, relembra ao monarca que houve uma era de ouro na Mesopotâmia em que havia harmonia nos idiomas falados na Suméria, e "todo o universo, em uníssono [adorava] a Enlil em uma só língua..." 

Vários zigurates parcialmente preservados foram localizados no Iraque. Muitos deles datam de 2 mil a.C., e podem ter sido construídos nos dias de Ninrode. Não é possível afirmar se algum deles é o que sobrou da torre de Babel. De qualquer forma, seus tijolos são queimados e colados com betume, justamente como Gênesis 11:3 descreve o processo de construção da torre de Babel.   

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Bibliografia consultada: SILVA, Rodrigo P. Escavando a Verdade - a Arqueologia e as Incríveis Histórias da Bíblia. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2014, p. 73-74.

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