“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Mundo do Apóstolo Paulo

terça-feira, 17 de abril de 2018

"Durante seu ministério, Paulo sempre amou as cidades. Ao passo que Jesus evitava Jerusalém e gostava de ensinar ao pé dos montes ou na praia, Paulo estava sempre indo de uma grande cidade para outra. Antioquia, Éfeso, Atenas, Corinto, Roma - as capitais do mundo antigo - eram o cenário de sua atuação. As palavras de Jesus cheiravam ao campo e se enchiam de imagens de sua beleza tranquila - os lírios do campo, os pescadores puxando a rede. Já o vocabulário de Paulo é impregnado pela atmosfera urbana, com o ruído e a pressa das ruas: o soldado com armadura completa, o atleta na arena, a construção de casas e templos, a procissão triunfal do general vitorioso." EDWARDS, Rex D. De Tarso a Roma - a jornada do apóstolo da fé. Tradução de Cecília Eller Nascimento. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017, p. 10.

Uma introdução ao mundo do apóstolo Paulo não poderia começar melhor. O homem que escreveu quase a metade do Novo Testamento, o fariseu intelectual, mestre da lei, teólogo e, finalmente, o apóstolo dos gentios, já foi apresentado como a mais perfeita imitação de Jesus de Nazaré. A partir da citação acima, nota-se também o quanto eles são personagens complementares na história do cristianismo. 

Tarso, na Cilícia, a cidade natal de Saulo (como Paulo era chamado antes da conversão ao cristianismo) era uma cidade fenícia. "Helenística em sua atitude, embora oriental nas emoções", a cidade era o centro de uma grande rota comercial. Apesar de ter orgulho de seu local de nascimento, Saulo era um estrangeiro na terra em que nasceu. Provavelmente, o pai de Saulo não deixou a Palestina antes do nascimento do filho (cf. Fp 3:5). 
Paulo era familiarizado com a literatura grega e, talvez, tenha frequentado a Universidade de Tarso. Sua referência intelectual mais marcante, no entanto, foi sua cultura ancestral. Quando ele possuía 13 anos de idade, foi mandado para Jerusalém, o centro de formação rabínica judaica. Ele pode ter chegado ali no mesmo ano em que Jesus de Nazaré a visitou pela primeira vez, aos 12 anos. 

Á época, Gamaliel, um professor extremamente notável, dirigia a faculdade de Jerusalém. Paulo afirma ter sido educado por ele, o que certamente contribuiu para que ele tivesse as portas das sinagogas abertas por onde ele passou, nas longas viagens de seu ministério. Mas, apesar de ter sido educado em Jerusalém, Saulo ficou distante de Jerusalém e da Palestina durante os anos do ministério de João Batista e de Jesus. 

O Império Romano (ou Greco-Romano, como definiu Paul Veyne) era o mundo do apóstolo Paulo. Como cidadão romano, ele soube usar as vantagens da cidadania a seu favor. A bacia mediterrânea vivia então a "plenitude dos tempos", com uma vasta rede de estradas que interligava todo o império, governo estável, leis que garantiam a paz e a ordem, além de prosperidade econômica e cultural. O contexto ideal para que o "apóstolo dos gentios" espalhasse as boas-novas do evangelho.        

1 comentários:

Rute Ana Teles disse...

Comecei agora a fazer um estudo sobre o Paulo e encontrei seu blog, onde já obtive boas informações. Excelente material!!