sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
Os judeus resgatavam, durante o shabat, um animal que tivesse caído num buraco (ver Mt 12:11). Mas, e se um ser humano estivesse na mesma situação?
Uma sátira francesa do século XIV, escrita em língua vulgar, põe em cena um judeu de Paris, muito renomado entre seus correligionários, que um dia cai nas latrinas públicas. Os outros judeus se reúnem para acudi-lo. "Poupai-vos", grita o desafortunado, "de me tirar daqui, pois é o dia do shabat, e esperai até amanhã, para não violar nossa lei." Eles lhe dão razão e se afastam.
Cristãos que estavam presentes se apressam a anunciar o fato ao rei Luís. O soberano então dá ordens a seus homens a fim de impedir que os judeus tirem o correligionário da fossa no dia do Senhor. "Ele observou o shabat; observará também nosso domingo."
Assim feito, e quando retornaram na segunda-feira para tirar o infeliz de sua deplorável posição, estava morto.
Adaptado de POLIAKOV, Léon. De Cristo aos Judeus de Corte. Tradução de Jair Korn e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva: 1979, p. 106.
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