“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Reforma na Suécia

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Olaus Petri (1493-1552), grande reformador sueco.

Em 6 de junho de 1523, Gustavo Vasa foi aclamado rei da Suécia. Tal como Henrique VIII da Inglaterra, Gustavo tirou proveito das discórdias religiosas predominantes para fortalecer o poder real. Embora os pregadores luteranos já atuassem na Suécia, a Reforma sueca foi principalmente política. Representou a urgente necessidade de recursos financeiros por parte do rei e o seu anseio de atrair os nobres à sua causa. 

No Riksdag, em junho de 1527, o bispo católico Hans Brask de Linköping e um dos magnatas desafetos, Ture Jönsson, voltaram-se contra as propostas do rei. Houve uma altercação azeda. Em consequência, decidiu-se confiscar as propriedades dos mosteiros, reduzir os rendimentos dos bispos e das catedrais e assegurar a restituição de todas as propriedades alienadas ou doadas a fundações eclesiásticas desde meados do século XV. Esta Resolução de Västeräs ajudou a encher o erário real e a subornar os nobres para apoiarem o rei com a promessa da restituição de todas as terras cedidas à Igreja pelas suas famílias desde 1430. A cláusula final autorizava o ensino da fé luterana. 

A consequência natural foi uma reforma doutrinária. Olaus Petri já tinha traduzido o Novo Testamento para o sueco. Juntamente com seu correligionário, o luterano Laurentius Andreae, atuou na reforma dos livros do culto e na supressão dos abusos que tinham caracterizado a Igreja sueca nos anos recentes. Em Örebro, em 1529, foi decretada uma confissão de fé que condenava o culto prestado aos santos, a transubstanciação, a missa e o monaquismo. A Suécia tornara-se protestante, ainda que se mantivesse uma direção episcopal e o rei permanecesse como autoridade suprema. Um incidente o demonstra. Quando Olaus Petri e Laurentius Andreae pretenderam limitar a interferência régia, foram presos por ordem do rei (1539), julgados e condenados à morte por alta traição. A sentença não foi executada graças ao perdão real, mas tanto ela quanto o perdão mostraram a supremacia indiscutível do monarca sueco na Igreja.      
  
Bibliografia consultada: GREEN, V. H. H. Renascimento e Reforma - a Europa entre 1450 e 1660. Tradução de Cardigos dos Reis. Lisboa: Dom Quixote, 1991, p. 352-353. 

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