terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
Execução do padre Pawlowski. Kalisz, Polônia, 1939.
Num momento crítico da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a Alemanha nazista já havia subjugado diversos países, dentre eles a França, e preparava-se para invadir a Grã-Bretanha, Winston Churchill disse: "Há um número enorme de pessoas, não apenas na Grã-Bretanha, mas em todos os países, que combaterão lealmente nessa guerra, mas cujos nomes nunca serão conhecidos, cujos feitos nunca serão lembrados. Essa é uma guerra do Soldado Desconhecido..." (Apud Gilbert, 2014: p. 147).
Pensando nisso, resolvi iniciar esse "Diário da Guerra". Recolhendo algumas das histórias citadas por Gilbert (2014), pretendo realçar o lado humano do conflito, dando rosto a vítimas desconhecidas. Procurarei citar dois ou três exemplos de cada momento da parte inicial da guerra, resumindo brevemente o contexto histórico.
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Em setembro de 1939, no rastro da Blitzkrieg na Polônia, os alemães incendiavam aldeias inteiras. Em Wiruszow, vinte judeus foram reunidos na praça do mercado, entre os quais Israel Lewi, de 64 anos. Quando sua filha, Liebe Lewi, correu para junto dele, um alemão mandou-a abrir a boca por demonstrar "falta de respeito" e disparou-lhe uma bala. Liebe caiu morta no chão, e os vinte judeus foram executados em seguida. (p. 11)
Seis dias de guerra haviam mostrado que o massacre dos judeus seria parte integrante da conquista alemã. Num gesto desafiador, o Dr. Chaim Weizmann, político e promotor do Movimento Sionista, escreveu ao primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, dizendo que os judeus combateriam ao lado das democracias contra a Alemanha nazista. (p. 14)
Enquanto isso, o centro operacional do programa de eutanásia era definido numa casa nos subúrbios de Berlim. Para um especialista nazista em eutanásia, o Dr. Pfannmüller, seria "intolerável a ideia de que a nata, a fina flor de nossa juventude, perca a vida na frente de guerra para garantir uma existência segura, nos manicômios, a débeis mentais e a elementos insociais." (p. 21)
Em 1º de outubro, com a Polônia já derrotada, o exército alemão preparava-se para ocupar Varsóvia. Antes, porém, exigiu doze reféns - dez cristãos e dois judeus - que responderiam com suas vidas por quaisquer distúrbios. Ao entrarem na cidade, os alemães distribuíram pão e sopa à população faminta. Imediatamente, operadores de câmera alemães montaram seus equipamentos e filmaram as tropas alemãs trazendo alimentos aos poloneses famintos. Terminadas as filmagens, desapareceram tanto os operadores de câmera quanto as cozinhas de campanha. (p. 28)
Em 16 de outubro, todos os poloneses da cidade e do porto de Gdynia receberam ordem de evacuação e outras expulsões em massa ocorreram em várias cidades e vilas da zona anexada pela Alemanha. As execuções também prosseguiam. No dia 17, o padre Pawlowski, de 70 anos, pároco de Chocz, foi preso pela Gestapo e acusado de porte ilegal de armas. Pawlowski foi espancado a ponto de seu rosto ficar irreconhecível. Levaram-no para a vila mais próxima, Kalisz, onde um poste de execução havia sido instalado na praça principal. Então os homens da Gestapo obrigaram vários judeus a atar o padre ao poste, a desamarrá-lo depois de fuzilá-lo, a beijar-lhe os pés e a enterrá-lo no cemitério judeu. (p. 33)
Em novembro, em Varsóvia, ocorreu o primeiro massacre de judeus: 53 ao todos, dentre eles Samuel Zamkowy, de 45 anos, um dos mais famosos ginecologistas da capital polaca. (p. 41)
Bibliografia consultada: GILBERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial - os 2174 dias que mudaram o mundo. Tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
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