“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Enigma do Jesus da História

domingo, 28 de junho de 2020

Cristo e a Santa Maria Madalena na tumba, 1638, óleo no painel de Rembrandt (1606-1669). 

Tudo deveria ter se detido com a pedra rolada no sepulcro de José de Arimateia, cavado perto de um jardim, às portas de Jerusalém. Abatidos depois da detenção de seu mestre e da tragédia do Gólgota, os discípulos estavam aniquilados por sua morte ignominiosa sobre uma viga de madeira. Ora, estranhamente, tudo começou aí. Esse grupo de fugitivos amedrontados metamorfoseou-se subitamente em um grupo não de fanáticos hipnotizados, mas de homens livres, ardentes, com convicção, prontos a dar sua vida para anunciar por toda parte a Boa Nova. Surpreendidos por um acontecimento inesperado - o deslumbramento pascal -, cheios de alegria e de admiração, repletos de certeza absoluta, a de ter encontrado o seu mestre vivo, de tê-lo visto depois de sua morte, de tê-lo tocado, de ter comido em sua companhia, eles se tornaram testemunhas radiosas de uma verdade libertadora, persuadidos de que a cruz não era o fim, mas, ao contrário, o começo da Esperança. Graças a eles, o movimento missionário assumirá uma amplitude planetária. Como acreditar que tenham sido fabuladores banais, mitômanos, vítimas de alucinações? Existe nisso um fenômeno único, que o historiador, munido apenas de sua ciência, não pode penetrar. Desse ponto de vista, o Jesus da história, a quem os discípulos remetem, permanece um enigma, um mistério insondável. "Mas vós [...] quem dizeis que eu sou?", ele lhes havia perguntado. Quase dois mil anos mais tarde, a questão ainda se coloca. Cabe a cada um responder a isso, com consciência.

PETITFILS, Jean-Christian. Jesus - a Biografia. Tradução de Lea P. Zylberlicht e Gian Bruno Grosso. São Paulo: Benvirá, 2015, p. 342.

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