“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Mecanismo de Incentivos

domingo, 11 de dezembro de 2022

 

A licitação do STF, de 26 de abril de 2019, incluía a exigência de que o vinho deveria ser da safra de 2010 ou anterior; precisaria ter ganhado pelo menos "quatro premiações internacionais" e ser "envelhecido em barril de carvalho francês, americano ou ambos, de primeiro uso, por período mínimo de 12 (doze) meses".


O ponto principal quando discutimos os problemas da gestão pública é que o mecanismo de incentivos nesse caso é totalmente inadequado. Segundo Milton Friedman, existem quatro formas de gastos:

1. Quando gastamos o nosso próprio dinheiro para nós mesmos. Nesse caso, fazemo-lo sempre com o máximo de esforço, afinal, é fruto do nosso trabalho, dos nossos esforços. Por isso sempre procuramos a melhor relação custo-benefício na hora de comprar qualquer produto ou serviço e evitamos o desperdício.

2. Quando gastamos o nosso dinheiro com outra pessoa. Isso ocorre, por exemplo, quando compramos presentes para amigos ou parentes. Nesse caso, calculamos o valor do presente em função da importância e do merecimento da pessoa e principalmente se temos ou não condições para isso. Damos muito mais importância ao custo do que o benefício; o outro sempre pode trocar o presente.

3. Quando gastamos o dinheiro de uns com outros. Por exemplo, se alguém nos desse um dinheiro para comprar um presente para uma terceira pessoa ou nos mandasse fazer um serviço utilizando material que não foi comprado por nós. Nesse caso, não haveria razão para nos preocuparmos com o bom uso desse dinheiro. Essa forma envolve basicamente todos os gastos públicos, por meio do governo.

4. Por fim, quando gastamos o dinheiro de outra pessoa conosco. Um bom exemplo é imaginar que alguém nos ofereça um almoço no restaurante que escolhermos. Com toda a certeza, escolheremos um restaurante melhor e mais caro do que aquele que optaríamos num dia qualquer, afinal, não seríamos nós que pagaríamos a conta. Assim acontece com as autoridades. Os pagadores de impostos pagam a festa, enquanto os consumidores escolhem o destino e se aproveitam de seu luxo, com seus privilégios. Falta o escrutínio do dono do recurso, sinônimo de desperdício.

Adaptado de CONSTANTINO, Rodrigo. Pensadores da Liberdade. São Paulo: Faro Editorial, 2021, p. 275-277.

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