“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Odisseia, imitação irônica da Ilíada

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

 

Pois se a Ilíada é um livro de origem, com a Odisséia é a literatura que começa, com tudo o que isso supõe de imitação - em grego, mímesis. Simone Weil tinha, de fato, razão ao escrever que a Odisséia é uma imitação da Ilíada. Uma imitação irônica, diria eu. Quando Aquiles explica a Ulisses que preferia "ser um tete a serviço de um camponês" a reinar sobre o império dos mortos, ele põe em dúvida o ideal da morte heróica, que é precisamente o ideal da Ilíada. A bela morte é o valor exemplar da Ilíada. A Odisséia nos ensina, magnificamente, a arte da sobrevivência. A morte, não custa lembrar, será doce para Ulisses, e é isso que ele fica sabendo no reino de Hades, no canto XI. A Ilíada, na Odisséia, tornou-se poesia; ela é cantada pelas sereias, por um aedo na terra dos feaces e em Ítaca.

VIDAL-NAQUET, Pierre. O Mundo de Homero. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 116-117.

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