segunda-feira, 6 de maio de 2024
De forma semelhante ao que acontece quando as tartarugas recém-nascidas se dirigem instintivamente para o mar, aquelas pessoas cujos produtos finais são ideias tendem a gravitar em torno de instituições onde suas ideias ficarão menos sujeitas aos perigos do descrédito factual. Somando-se às instituições acadêmicas e à mídia, a intelligentsia tende a gravitar em direção às organizações não lucrativas em geral e a fundações em particular. O dinheiro necessário para sustentar essas fundações depende, em primeiro lugar, de discursos convincentes - um dos talentos fundamentais da intelligentsia - que permitem que as doações continuem a afluir, seja por meio de alarmes sobre iminentes desastres, seja por meio de promessas de "soluções" sociais.
Fundações com fundos próprios não precisam sequer da modesta obrigatoriedade de atrair doações para sua sobrevivência, de forma que podem perseguir a visão dos que comandam essas fundações, sem precisar se preocupar com mais nada além de influenciar o público da forma que mais agrade seus agentes e a fim de conquistar a aprovação de seus pares.
Esses lugares nos quais os intelectuais gravitam com grande frequência tendem a ser locais onde o puro intelecto faz toda diferença e onde a sabedoria não se faz necessária, uma vez que são poucas as consequências a serem enfrentadas ou os preços a serem pagos toda vez que ideias promissoras se tornam verdadeiros desastres para a sociedade em geral.
SOWELL, Thomas. Os Intelectuais e a Sociedade. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2011, p. 488-489.
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