“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Monarquia Macedônica

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Em teoria, o poder de cada rei [macedônico] era absoluto, mas na prática tinha que respeitar aos seus conselheiros; ao fim e ao cabo, não podia saber de tudo o que se passava no reino. Além disso, tinha que respeitar a população em geral, e se o fazia de vez em quando, era para conservar a sua popularidade. Sem dúvida, poucos daqueles que se apresentavam na corte conseguiam ver ao rei em pessoa; no melhor dos casos, se encontrava com um dos Amigos. Consequentemente, os barões atuavam como intermediários não só entre o rei e o exército, como também entre o rei e seus cidadãos. Sem a boa vontade dos barões, a duras penas poderia governar.

Em situações críticas era possível também que um rei macedônico decidisse convocar uma assembleia, para informar plenamente aos seus súditos sobre algo que fosse a suceder na sequência, para ter depois menos motivos de queixa. Assim, por exemplo, quando Alexandre, o Grande, revelou seus planos de marchar mais a leste do que qualquer um havia imaginado, a primeira coisa que fez foi transmitir a decisão aos seus homens; e vimos como quantos sucessores manipularam os seus soldados para que chegassem a julgamentos manipulados sobre os seus adversários, com o objetivo de legitimar suas guerras e assassinatos.

A Macedônia era, portanto, uma monarquia atenuada, mas não uma monarquia constitucional. O rei era a cabeça executiva do estado e seu chefe religioso supremo. Tinha direito a decidir questões de política, tanto exterior como interior (como os níveis de ônus fiscal, por exemplo); tinha direito a selar alianças e a rompê-las, e a declarar a guerra e a paz, e era o comandante-em-chefe das Forças Armadas. Além disso, era o juiz supremo, com poder para decidir se celebraria ou não um juízo em qualquer situação dada, ou inclusive para decidir se ordenava ou não uma execução sumária. O modelo se assemelhava muito ao de uma monarquia homérica; nos poemas de Homero, os mais velhos aconselhavam, o povo escutava ou gritava seus pontos de vista, mas a decisão final repousava por completo no rei.

WATERFIELD, Robin. La Guerra por el imperio de Alejandro Magno. Traducción de Inés Beláustegui. Madrid: Gredos, 2012, p. 233.

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