segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Segundo a explicação de Orígenes (c. 185-253), a Santíssima Trindade está unida em uma só Divindade - o Pai, não gerado; o Filho, a Sabedoria e o Poder de Deus que dirigem o Universo; e o Espírito Santo, trazido à existência pelo Pai através de Cristo. O jovem líder da escola catequética alexandrina acreditava, como os gnósticos, num Cristo divino, descido do céu. Mas ele também afirmava que o Salvador devia ter tido a alma, a mente e o corpo de um homem.
Apesar de simpatizar com muitos ensinamentos gnósticos, Orígenes procurou contradizer estas ideias em particular, considerando-as um perigo para a autêntica tradição cristã. Por outro lado, aqueles que, como Paulo de Samósata, sublinhavam a humanidade de Cristo acima de tudo, rechaçaram os ensinamentos de Orígenes por enfatizar Sua divindade. Apesar disso, curiosamente, os ensinamentos de Orígenes foram mais tarde atacados e condenados pelos líderes da Igreja, para quem Cristo era igual a Deus, e consideravam que Orígenes tinha tornado o Filho um subordinado.
Apesar da profundidade do ensinamento de Orígenes, ainda parecia não responder a questão de como podiam existir em Cristo tanto o Divino quanto o humano, e qual era a relação de Jesus Cristo com o Deus Uno Onipotente.
Orígenes aceitava a ideia de que o Logos - o Filho, conforme é descrito no Evangelho de João - era o mediador entre Deus e o homem. Nesse sentido, era subordinado a Deus, o Pai de todos. Esse "subordinacionismo" foi uma das chamadas "heresias" que causaram a condenação dos textos de Orígenes no século V.
As relações entre Deus e Cristo, e entre este e o homem, formaram a substância das controvérsias dos séculos IV e V e, através destas, a das heresias do mesmo período. Frequentemente, as intermináveis dissidências, condenações e contracondenações não passavam de disputas entre os teólogos quanto ao detalhado uso das palavras sobre diferenças mínimas na "expressão do inexprimível".
Bibliografia consultada: O'GRADY, Joan. Heresia - o jogo de poder das seitas cristãs nos primeiros séculos depois de Cristo. Tradução de José Antonio Ceschin. São Paulo: Mercuryo, 1994, p. 103-104.
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