“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Operação da Manchúria

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Um fuzileiro naval soviético acena com o estandarte da marinha soviética para os aviões de seu país, logo após a vitória sobre as tropas japonesas em Port Arthur, no sul da Manchúria. 
Foto de Yevgeni Khaldei (agosto de 1945).

Além do lançamento da bomba atômica contra Nagasaki, no Japão, o dia 9 de agosto de 1945 entrou para a história por um outro motivo. Nesse dia, a União Soviética iniciou a invasão da Manchúria, a última campanha da Segunda Guerra Mundial, e a maior da Guerra Soviético-Japonesa de 1945. A ofensiva terminaria com a libertação da Manchúria, Mongólia interior e Coreia do Norte, bem como o colapso dos estados títeres japoneses. 

Em 10 de agosto, 650 soldados japoneses, entre os 850 em ação, foram mortos ou feridos num duro combate em Pingyanchen. No dia seguinte, as forças da marinha soviética iniciavam um bombardeamento à região sul da ilha de Sakhalin. Ao longo de 12 de agosto, os japoneses utilizaram soldados de infantaria suicidas para tentar deter os tanques soviéticos. No dia seguinte, porém, os tanques conseguiram atingir os reforços de infantaria, em Hualin, enquanto ainda se encontravam a bordo de seu trem, matando novecentos homens antes que pudessem escapar dos vagões. 

Por volta da meia-noite de 14 de agosto, as forças soviéticas haviam avançado mais de 400 quilômetros pelo interior da Manchúria, ocupando Mukden; ao mesmo tempo, haviam desembarcado em Sakhalin e nas ilhas Curilas, tornando ainda mais urgente que os americanos e os britânicos forçassem os japoneses à rendição. De fato, ao meio-dia do dia 15 de agosto, por meio de uma transmissão de rádio, o imperador nipônico informava aos seus súditos que o Japão aceitaria os termos da rendição incondicional. 

Apesar disso, na Manchúria, e especialmente ao redor de Mutanchiang, as forças japonesas continuaram a lutar ao longo dos dias 16, 17, 18 e 19 de agosto contra os atacantes soviéticos. No fim das batalhas, haviam morrido 8.219 soldados soviéticos. Os japoneses haviam perdido mais de 40 mil homens. Na noite de 19 de agosto, após novos avanços soviéticos em Hutou, centenas de japoneses se suicidaram com granadas para evitar a desonra da captura. 

Em 23 de agosto, os russos ocuparam Port Arthur; a derrota perante os japoneses, quarenta anos antes, foram vingada. A conquista russa do sul de Sakhalin completava-se passados dois dias. A União Soviética, como os Estados Unidos, era agora uma potência vitoriosa no Pacífico. 

Adaptado de GILBERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial - os 2174 dias que mudaram o mundo. Tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014, p. 877-883.

0 comentários:

Enviar um comentário