“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Os Genocídios e o Rosto Humano

domingo, 25 de agosto de 2019

Um sobrevivente do Campo de Concentração de Bergen-Belsen olhando através de uma cerca de arame farpado. Abril de 1945. 

"[Emmanuel] Levinas escreve que o rosto é o obstáculo ao assassinato, cuja visão faz que a mão do assassino se detenha. Seria ótimo se a afirmação de Levianas fosse verdadeira. Existe, porém, uma verdade contida nela. Pelo rosto o sujeito aparece em nosso mundo - e aparece cercado pela proibição. Ele é intocável, inviolável, consagrado. Não deve ser tratado como objeto, nem jogado no grande computador e reduzido a cálculos. Levinas escreveu atormentado, pensando no assassinato de seus próprios amigos e amigas no Holocausto. E certamente é adequado dizer que os genocídios do século XX só aconteceram porque os sujeitos foram primeiro reduzidos a objetos de modo que todos os rostos desapareceram. Isso foi obra do campo de concentração - e foi uma obra descrita para sempre por Primo Levi, por Soljenítsin e pela angelical Nijole Sadunaite, pessoas que mantiveram seu rosto, mesmo encarando a máquina que desfigurava."  

SCRUTON, Roger. O Rosto de Deus. Tradução de Pedro Sette-Câmara. 1. ed. São Paulo: É Realizações, 2015, p. 148-149.

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