“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Homenagens à Virgem Maria no Irã

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 

Teerã, a capital do Irã, possui aproximadamente 160 estações de metrô operacionais, várias delas famosas pela delicadeza artística. A notícia mais recente é que uma delas acaba de homenagear a Virgem Maria. Segundo a reportagem de O Globo (link abaixo), "a Virgem Maria desfruta de respeito universal no Irã e é uma figura vista como capaz de promover laços entre fiéis de qualquer religião. Maryam também é um dos nomes femininos mais comuns no país.

Em 2015, a então maior estátua do mundo de Maria foi inaugurada na Indonésia, país que tem a maior população muçulmana do mundo. Na ocasião, fiz um post sobre a veneração à mãe de Jesus, no catolicismo e no Islã. Leia a publicação aqui.

Leia a reportagem completa: O Globo

A Batalha de Tagina (552)

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

 

Em julho de 552, foi travada a Batalha de Tagina, também conhecida como Batalha das Tumbas dos Galos (Busta Gallorum), perto da atual Gualdo Tadino, Itália.

As forças do Império Romano do Oriente (ou Bizantino) foram comandadas por Narses, ao passo que os ostrogodos foram liderados pelo seu rei, Tótila. Narses utilizou uma tática defensiva forte, posicionando a sua infantaria germânica no centro, em formação densa e flanqueando-a com tropas bizantinas e 4 mil arqueiros em cada ala.

Após uma vitória decisiva dos bizantinos, os ostrogodos abandonaram a formação e fugiram no início da noite. Tótila foi morto, provavelmente durante o tumulto da fuga, e o caminho se abriu para a conquista bizantina total da Península Itálica.

A vitória de Narses em Tagina foi decisiva, marcando um ponto crucial da Guerra Gótica (535-554). Embora os ostrogodos ainda tenham tentado reagrupar-se sob o sucessor de Tótila, Teia, a derrota final na Batalha de Mons Lactarius, no ano seguinte, marcou o fim do domínio ostrogótico na Itália.

A Morte de Seleuco

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

 

O relato abaixo é sobre Seleuco I Nicátor (359-281 a.C.), um dos Diádocos ("sucessores" de Alexandre Magno). Seleuco venceu a Sexta Guerra dos Diádocos, em 281, na qual morreu Lisímaco, outro Diádoco.

Seleuco possuía agora toda a Ásia desde o Egeu até o Afeganistão: quase todo o antigo Império Persa, exceto o Grande Egito e os territórios que havia cedido a Chandragupta. O rei egípcio deve ter pensado que seria seu próximo objetivo, sobretudo desde que Seleuco incorporou a Cerauno à sua corte, indicando assim que olhava com bons olhos sua prerrogativa de ocupar o trono egípcio. Em geral, as cidades gregas da Ásia deram as boas-vindas a Seleuco oportunisticamente, embora tenham tido que expulsar as guarnições lisímacas de Sardes e dos demais lugares.

Seleuco dedicou apenas uns meses a estabilizar a situação e a planejar o futuro da Ásia Menor, antes de dar o seguinte passo lógico. No verão de 281 cruzou o Helesponto e marchou a Lisimaquia para reclamar também as posições de Lisímaco na Europa. Junto com a Trácia e a Macedônia, Seleuco governaria efetivamente o mundo. Estava mais próximo ainda que o próprio Antígono de emular a Alexandre.

Não havia exército que pudesse resistir-lhe (era "o conquistador de conquistadores"), mas até o comandante de um vasto exército era vulnerável como homem. No mesmo mês de setembro, enquanto cavalgava nas proximidades de Lisimaquia, Cerauno matou traiçoeiramente a Seleuco com suas próprias mãos. Cerauno havia decidido renunciar ao Egito (um osso demasiado duro de roer) e tirar proveito da confusão reinante, para estabelecer-se na Europa. O irônico é que Seleuco havia dado abrigo a quem seria seu assassino. Foi um final infeliz para um dos sucessores mais ousados e empreendedores. Pelo menos, ao nomeado rei conjunto a Antíoco, havia deixado o seu império o mais estável possível.

WATERFIELD, Robin. La Guerra por el imperio de Alejandro Magno. Traducción de Inés Beláustegui. Madrid: Gredos, 2012, p. 293-294.

Doc. 'História da Irmandade Muçulmana'

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

 

A Monarquia Macedônica

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Em teoria, o poder de cada rei [macedônico] era absoluto, mas na prática tinha que respeitar aos seus conselheiros; ao fim e ao cabo, não podia saber de tudo o que se passava no reino. Além disso, tinha que respeitar a população em geral, e se o fazia de vez em quando, era para conservar a sua popularidade. Sem dúvida, poucos daqueles que se apresentavam na corte conseguiam ver ao rei em pessoa; no melhor dos casos, se encontrava com um dos Amigos. Consequentemente, os barões atuavam como intermediários não só entre o rei e o exército, como também entre o rei e seus cidadãos. Sem a boa vontade dos barões, a duras penas poderia governar.

Em situações críticas era possível também que um rei macedônico decidisse convocar uma assembleia, para informar plenamente aos seus súditos sobre algo que fosse a suceder na sequência, para ter depois menos motivos de queixa. Assim, por exemplo, quando Alexandre, o Grande, revelou seus planos de marchar mais a leste do que qualquer um havia imaginado, a primeira coisa que fez foi transmitir a decisão aos seus homens; e vimos como quantos sucessores manipularam os seus soldados para que chegassem a julgamentos manipulados sobre os seus adversários, com o objetivo de legitimar suas guerras e assassinatos.

A Macedônia era, portanto, uma monarquia atenuada, mas não uma monarquia constitucional. O rei era a cabeça executiva do estado e seu chefe religioso supremo. Tinha direito a decidir questões de política, tanto exterior como interior (como os níveis de ônus fiscal, por exemplo); tinha direito a selar alianças e a rompê-las, e a declarar a guerra e a paz, e era o comandante-em-chefe das Forças Armadas. Além disso, era o juiz supremo, com poder para decidir se celebraria ou não um juízo em qualquer situação dada, ou inclusive para decidir se ordenava ou não uma execução sumária. O modelo se assemelhava muito ao de uma monarquia homérica; nos poemas de Homero, os mais velhos aconselhavam, o povo escutava ou gritava seus pontos de vista, mas a decisão final repousava por completo no rei.

WATERFIELD, Robin. La Guerra por el imperio de Alejandro Magno. Traducción de Inés Beláustegui. Madrid: Gredos, 2012, p. 233.

Os Diádocos e a Guerra

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

 

Já não havia um único império macedônico ao qual oficiais e homens devessem lealdade. A desintegração do império como um todo implicou que essa lealdade passava a limitar-se à província concreta, e se convertia em uma lealdade a si mesmos ou ao patrão que lhes pagava, seu rei.

Ainda que seja possível que a essas alturas os sucessores [ou diádocos] sentissem que seus territórios eram relativamente estáveis, eles seguiam querendo mais. Essa era a sua missão como reis. A categoria de rei de obtinha mediante a guerra e se mantinha mediante a guerra, e todos os reis helenísticos, desse período e posteriores, se apresentavam a si mesmos como homens de guerra, até em sua maneira de se vestir. Dentro de um sangrento círculo sem fim, o êxito militar trazia riquezas (graças aos saques e os pagamentos de compensações) e acrescentava territórios, o qual permitia ao rei gerar mais receitas, pagar mais soldados e, por conseguinte, obter maiores êxitos militares. Assim raciocinava um monarca; essa é a razão pela qual os reis sempre estavam em guerra uns com os outros. Foram necessários anos para romper esse círculo de destruição, assim como para que se reconhecesse um equilíbrio de poder graças ao qual a monarquia ficasse determinada pelo direito hereditário mais que pelas vitórias. O direito hereditário era irrelevante para os sucessores porque eles eram os pioneiros; eram reis pelas suas conquistas, não pelo sangue que corria em suas veias.

WATERFIELD, Robin. La Guerra por el imperio de Alejandro Magno. Traducción de Inés Beláustegui. Madrid: Gredos, 2012, p. 213.

Basílio II Bulgaróctono

terça-feira, 30 de setembro de 2025

 

Basílio II, imperador bizantino de 976 a 1025, ficou conhecido como Bulgaróctono ("o Matador de Búlgaros"). Nascido em 958, tornou-se imperador muito jovem, o que permitiu que regentes e generais poderosos como os irmãos Bardas Esclero e Bardas Focas exercessem grande influência na corte. Assim, Basílio II assumiu o controle efetivo por volta de 985 d.C.

A maior fama de seu reinado advém das guerras travadas contra o Primeiro Império Búlgaro. A campanha durou décadas. Após a batalha de Clídion (1014), cerca de 15 mil soldados búlgaros capturados foram cegados e enviados de volta ao czar Samuel, o que valeu a Basílio II a alcunha de Bulgaróctono. A guerra terminou em 1018, com a completa incorporação da Bulgária ao Império Bizantino.

Também obteve vitórias contras árabes, georgianos e outras forças orientais, consolidando as fronteiras. Graças à sua disciplina fiscal, legou ao império um dos maiores tesouros de sua história. A Igreja foi mantida sob controle do Estado, e a nobreza terratenente foi limitada; por outro lado, favoreceu os camponeses soldados (stratiotes), fundamentais para o exército bizantino.

O reinado de Basílio II assinalou o auge do poder militar e financeiro da civilização bizantina, que alcançou sua máxima extensão territorial desde Justiniano. Contudo, Basílio não deixou herdeiros diretos, e o poder passou a irmãos e parentes menos capazes, iniciando assim o lento declínio do Império Bizantino após 1025.