“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Esperança da Imortalidade

sexta-feira, 11 de agosto de 2017


"Numa época em que a morte era a única certeza, a esperança da imortalidade significou muito mais que qualquer privilégio político, e a irmandade de uma grande comunidade, que oferecia auxílio nos sofrimentos temporais e esperança de glória eterna, era infinitamente mais valiosa que a cidadania secular que submetia o cidadão a obrigações de serviço público e ao peso esmagador da responsabilidade fiscal corporativa. 

O cristianismo, durante os primeiros dois séculos do Império Romano, tinha principalmente se alastrado entre as classes de menor influência econômica - artesão independentes, lojistas, escravos libertos, escravos domésticos e assim por diante. Não atingiu nem as classes governantes nem as categorias mais baixas de escravos, que eram pouco encontrados nas grandes cidades do Levante, o berço do cristianismo, mas estavam nas minas e nas grandes propriedades rurais das províncias ocidentais. Quando o cristianismo finalmente se estabeleceu entre os bem-educados e ricos, a grande transformação do mundo antigo já havia começado, e a civilização estava, dali por diante, envolvida em uma batalha contínua e desesperada com os invasores bárbaros do lado exterior e, internamente, experimentava o declínio econômico. O grande problema nesse momento era como salvar o que fosse possível da herança do passado, e não havia espaço para nenhum progresso econômico, senão o imposto pela dura lei da necessidade." 

DAWSON, Christopher. A Formação da Cristandade - Das Origens na Tradição Judaico-Cristã à Ascensão e Queda da Unidade Medieval. São Paulo: É Realizações, 2014, p. 216-217.

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