“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Herodes, o Grande

sábado, 12 de agosto de 2017

Vista parcial do Heródio, monumental fortaleza e palácio de Herodes, encontrado em 2007.

Herodes, o Grande, nasceu por volta de 73 a.C. Foi o segundo filho do idumeu Antípater, procurador da Judeia graças a César, em 47 a.C. Portanto, Herodes era descendente dos antigos edomitas, mas era judeu por cidadania e por profissão religiosa. Foi educado na corte do sumo sacerdote e governante Hircano II (63-40 a.C.), de quem seu pai era conselheiro político. 

Quando Antípater se tornou procurador, induziu César a nomear seu filho Herodes como estratego da Galileia; Fasael, seu outro filho, tornou-se estratego da Judeia. Pouco depois, o embaixador da Síria, Sexto César, nomeou Herodes também como estratego da Coele-Síria. 

Após a morte de César (44 a.C.), Herodes apoiou o partido dos assassinos do então dictator romano. Isso o confirmou em seus postos, uma vez que Cássio Longino, do grupo dos tiranicidas, era o procônsul da Síria. Após a derrota de Cássio, Herodes conseguiu ganhar o favor de Marco Antônio. Ele e seu irmão, Fasael, foram então indicados como tetrarcas de seus territórios na Palestina, poder que asseguraram até 40 a.C., quando os partos conquistaram toda a Síria e a Palestina. 

Com a vitória dos partos, Hircano II e Fasael buscaram negociar a paz, mas foram traídos e aprisionados. Fasael cometeu suicídio, ao passo que Herodes fugiu para Roma, onde conseguiu ser indicado como rei da Judeia, em oposição a Antígono, um macabeu apoiado pelos partos. Com apoio de forças romanas, Herodes derrotou Antígono e conquistou Jerusalém no ano seguinte (37 a.C.). Muitos nobres, dentre os quais 45 líderes que haviam apoiado Antígono, foram massacrados. Além disso, quase todos os membros do Sinédrio foram condenados à morte. Assim, essa instituição foi relegada à insignificância, e alguns eruditos até questionam a sua existência durante o reinado de Herodes. 

Inicialmente, seus domínios abrangiam a Judeia, além da Idumeia e de Samaria. Antônio conquistou Jericó e o seu território e o deu a Cleópatra, rainha do Egito com a qual se casara. Após a batalha de Áccio, em 31 a.C., Herodes foi para Rodes, onde fez outra troca de afiliação, aliando-se ao vitorioso Otaviano. Este concedeu-lhe Jericó, Gadara, Gaza e, em 23 a.C., também os territórios nordestinos de Betânia, Traconites e Auranites. O governo de Herodes foi próspero, e sem sofrer qualquer grave ameaça estrangeira. 

A vida pessoal de Herodes foi trágica e marcada por assassinatos, inclusive três de seus filhos e uma de suas dez esposas. Ao se casar com Mariamne, neta do governante e sacerdote Hircano II, Herodes uniu sua casa à dos hasmoneanos (macabeus). Assim, ele tentou legitimar seu reinado perante os judeus. Contudo, não confiava em seus parentes hasmoneanos, e acabou matando muitos deles. Dentre as vítimas, conta-se o sumo sacerdote Aristóbulo III, irmão de Mariamne, e o idoso Hircano II. Após muitas suspeitas e intrigas palacianas, pontuadas com outras execuções, antes de morrer Herodes legou seu reino aos herdeiros Arquelau, Antipas e Filipe. 

O imperador Augusto designou ao etnarca Arquelau a Judeia, a Samaria e a Idumeia. Ao tetrarca Antipas coube a Galileia e a Pereia. O tetrarca Filipe, por sua vez, recebeu os territórios do nordeste. Herodes Filipe, filho de Mariamne II, continuou como cidadão comum. 

Herodes foi um grande construtor. Fundou várias cidades magníficas, edificadas em estilo e esplendor helenístico. Entre elas, destacam-se Samaria, que ele chamou Sebaste; a antiga Torre do Estrato, que ele chamou de Cesareia (mais tarde, sua capital); Fasaelis, no vale do Jordão; duas cidades que levaram o seu nome - Herodium - uma na Transjordânia e outra no sudeste de Belém, além de fortalezas como Macaeros, Massada, Gaba e Hesbom. 

A cidade de Jerusalém também foi contemplada em seu reinado. O templo de Zorobabel foi reconstruído a partir de 20 a.C. Edifícios grandiosos, nas proximidades do templo, também começaram a ser erigidos. Além disso, um palácio real, um teatro e um anfiteatro foram construídos em Jerusalém. 

Embora fosse um entusiasta helenista, Herodes foi bastante prudente ao lidar com a religião judaica. Ainda assim, os judeus o odiavam porque ele era idumeu, amigo dos romanos e sua vida privada era escandalosa. Eles se ressentiam de sua extrema crueldade e da imposição de uma pesada carga tributária para financiar seu vasto programa de construções. Sua inabalável lealdade a Roma e a paz externa em seus dias, bem como sua falta de escrúpulos ao esmagar eventuais oposições, livraram seu longo reinado de uma rebelião aberta. 

Herodes, o Grande, é mencionado em Lucas 1:5 e na narrativa dos magos do Oriente (Mates 2:1 a 18). Sua ordem para exterminar todos os bebês do sexo masculino de Belém não foi registrado pelas fontes seculares, mas está em plena harmonia com seus demais atos de atrocidade. 

Herodes morreu provavelmente na primavera de 4 a.C., aos 69 anos, e no 34º ano de seu reinado. 

Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 612-614.

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