“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Que é o Terceiro Estado?

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O Terceiro Estado carregando o Primeiro e o Segundo estados nas costas. Bibliothéque nationale de France. 

Em 1789, o reino da França possuía 28 milhões de habitantes, camponeses em sua maior parte. A França era uma nação "organizada": a sociedade estava dividida em classes. No topo, estavam os privilegiados - Clero e Nobreza - classes isentas de impostos e outros encargos. Na base, o Terceiro Estado (o povo em geral, os não-nobres), sobre o qual recaíam todos os impostos, embora não possuísse direitos políticos. 

A dinastia capetiana dominava o país há oitocentos anos. Apesar das desigualdades e dos obstáculos inerentes a uma estrutura dessas, o reino de Luís XVI, em termos relativos, era rico. A necessidade de reformas, contudo, era percebida por todos. 

Foi nesse contexto que, no início de 1789, quando ocorreram eleições para a Assembleia dos Estados Gerais, que o brilhante abade Sieyès (1748-1836) optou por disputar eleições não como clérigo, mas sim como membro do Terceiro Estado. 

Verdadeiro gênio da teoria política, Sieyès fez da natureza e dos princípios do governo representativo as preocupações de sua vida. Nesse sentido, ele elaborou a declaração mais clara das dificuldades do Terceiro Estado, começando com as três famosas perguntas e respostas:  

"O que é o Terceiro Estado? Tudo. O que tem sido até agora na ordem política? Nada. O que deseja? Vir a ser alguma coisa." 
O que é o Terceiro Estado? (1789). 

Assim, com uma retórica devastadora e uma argumentação lúcida, o abade defendia que o Terceiro Estado eram simplesmente a nação. E como tal, tinha o direito inalienável de oferecer à França um novo sistema de leis e princípios fundamentais mediante os quais a nação seria governada. Sieyès insistia que qualquer um que ficasse à parte do Terceiro Estado era um parasita que deveria ser eliminado. Deste modo, ele forneceu a base teórica para o Terceiro Estado assumir a iniciativa do Clero e da Nobreza e remodelar a nação à sua própria imagem. 

Bibliografia consultada: 
BLUCHE, Frédéric. et. al. Revolução Francesa. Tradução de Rejane Janowitzer. Porto Alegre, RS: LP&M, 2009, p. 7.
SCURR, Ruth. Pureza fatal - Robespierre e a Revolução Francesa. Tradução de Marcelo Schild. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 2009, p. 105.

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