“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Pandemia da Gripe Espanhola (1918)

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Vítimas da gripe espanhola num acampamento de Funston, Kansas, EUA. Fotografia de 1918, do Exército dos Estados Unidos. 

Em 1918, no último ano da Primeira Guerra Mundial, disseminou-se uma das piores pandemias de gripes da história. Originada na América ou na Ásia, ela alastrou-se rapidamente pela Europa, graças à guerra. 

A primeira onda de infectados foi passageira e ocorreu no primeiro semestre de 1918. No final de agosto, porém, as consequências foram bem mais graves. O vírus disseminou-se por todo o planeta, explodindo o número de casos. Uma embarcação de Liverpool com escalas em Recife, Salvador e Rio de Janeiro foi a provável responsável pela introdução da gripe espanhola no Brasil. Uma das vítimas brasileiras mais conhecidas foi Rodrigues Alves, um ex-presidente (governara entre 1902 e 1906) que voltou a vencer as eleições presidenciais, em 1918. Apesar da vitória, não tomou posse em novembro daquele ano por estar doente. Ele faleceu em janeiro de 1919. 

Definitivamente, o vírus da gripe espanhola não foi um vírus banal. Era um vírus recém-criado e recém-entrado no organismo dos seres humanos e, por ser desconhecido, não existiam as defesas necessárias para evitar tamanha mortandade. 

Os países em guerra dificilmente admitiriam que seus exércitos estavam sendo dizimados pelo vírus da gripe. Graças ao estado de sítio, que permitia a censura mesmo em nações democráticas beligerantes, dados sobre os militares mortos pela gripe eram omitidos. A epidemia foi então atribuída a uma nação neutra na guerra - razão pela qual ficou conhecida como "gripe espanhola". 

Numa estimativa modesta, em todo o mundo, cerca de 20 milhões de pessoas morreram vítimas de uma gripe muito mais letal do que as conhecidas até então. Para outros pesquisadores, os mortos atingiram os 40 milhões. Em todo caso, na Índia morreram cinco milhões de infectados pelo vírus. Na Inglaterra e no País de Gales, morreram cerca de 200 mil pessoas. Nos Estados Unidos, foram meio milhão de vítimas, sendo que boa parte delas foram militares acampados de prontidão para serem enviados aos campos de batalha europeus. Povoados de esquimós tiveram mais da metade de seus habitantes mortos pela gripe. 

No final do século XX, um grupo de cientistas conseguiu recuperar pedaços de pulmão de cinco vítimas da gripe espanhola - um esquimó, dois soldados americanos e duas vítimas que passaram seus últimos dias agonizantes em um hospital de Londres. Após o fim da pandemia, foi inventado o microscópio eletrônico e, graças a ele, a silhueta do vírus foi visualizado pela primeira vez. 

A seguir, os pesquisadores sequenciaram o RNA do vírus e revelaram que o vilão da devastadora pandemia do final da Primeira Guerra Mundial foi o H1N1. Seu material genético apresenta semelhanças com o tipo de influenza encontrado em porcos e também em aves.          

Bibliografia consultada: UJVARI, Stefan Cunha. A História da Humanidade contada pelos vírus, bactérias, parasitas e outros microrganismos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2013, p. 143-145. 

Saiba mais: National Geographic.com.es

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