“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Islã e a Astrologia

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

 

As pretensões da astrologia baseavam-se numa ideia largamente aceita e de respeitável ancestralidade: que o mundo celeste determinava as coisas do mundo sublunar, humano. A fronteira entre os dois mundos era representada pelos planetas e estrelas, e um estudo de sua configuração, e dos movimentos dos planetas, não apenas explicaria o que acontecia no mundo do nascer e do morrer, mas talvez pudesse modificá-lo. Essa era uma ideia comum entre os gregos, e foi adotada por alguns pensadores muçulmanos e revestida de uma forma especificamente islâmica pelos teósofos sufitas: os objetos do mundo celeste eram vistos como emanações de Deus. Astrólogos muçulmanos desenvolveram técnicas de previsão e influência: por exemplo, por meio da inscrição solene de figuras ou letras em certas disposições em materiais de vários tipos. Mesmo alguns pensadores de destaque aceitavam as alegações dos astrólogos, e achavam que os astros podiam ter influência sobre a saúde do corpo. Juristas estritos e filósofos racionais, porém, condenavam isso; Ibn Khaldun aceitava que não tinha base na verdade revelada, e que negava o papel de Deus como único agente.    

HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. Tradução de Marcos Santarrita. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 211.

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