“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Islã e os Sonhos

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Acreditava-se comumente, em todas as culturas antes dos tempos modernos, que os sonhos e visões podiam abrir uma porta para um mundo outro que não o dos sentidos. Podiam trazer mensagens de Deus; revelar uma dimensão oculta da alma da própria pessoa; vir de jinns ou de demônios. O desejo de destrinçar o significado dos sonhos deve ter sido generalizado, e era em geral encarado como legítimo; os sonhos diziam-nos alguma coisa que era importante saber. Ibn Khaldun, na verdade, encarava a interpretação de sonhos como uma das ciências religiosas: quando as percepções sensórias comuns eram afastadas pelo sono, a alma tinha um vislumbre de sua própria realidade; libertada do corpo, recebia percepções de seu próprio mundo, e depois disso retornava ao corpo com elas; passava a percepção para a imaginação, que formava as imagens apropriadas, que a pessoa adormecida percebia através dos sentidos. Os autores muçulmanos tomaram a ciência da interpretação dos sonhos dos gregos, mas acrescentaram alguma coisa própria; já se disse que a literatura islâmica sobre os sonhos é a mais rica de todas.  

HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. Tradução de Marcos Santarrita. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 212.

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