“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Ética de A. D. Gordon

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

Outra figura que inspirou a Segunda Aliyah - na qual tomou parte, tal como Vitkin - foi Aharon David Gordon (mais conhecido como A. D. Gordon). Gordon nasceu na Rússia em 1856, tendo trabalhado durante três décadas como funcionário administrativo e quase com 50 anos desistiu do seu emprego seguro e foi para a Palestina. Aí começou a dedicar-se aos trabalhos braçais. Durante o dia, trabalhava nos campos, e à noite escrevia sobre a dignidade do trabalho árduo e sobre o trabalho agrícola como o "ato supremo" de redenção pessoal, nacional e universal. Insistia na ideia de que, regressando à terra de Israel, os judeus retornariam às fontes "cósmicas" da criatividade e espiritualidade que os distinguiam.

O trabalho de Gordon teve uma influência extraordinária. A seu ver, toda a exploração de judeus por outros judeus devia ser evitada. Tanto a terra como os meios de produção deviam ser propriedade coletiva. Teria também de ocorrer uma transformação pessoal, a eliminação de todo o desejo de poder ou dominação. Nas suas relações com não-judeus, os judeus da Palestina deveriam evitar progredir às custas de outros. O povo de Israel (Am-Yisrael) deveria tornar-se um "povo humano" (Am-adam). O grande teste seria a relação com os árabes da Palestina. "A nossa atitude para com eles", escreveu Gordon, "deve ser de humanidade, de coragem moral ao mais alto nível, mesmo a outra parte não seja exatamente aquilo que se deseja. A sua hostilidade é, com efeito, mais uma razão para a nossa humanidade."

GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 39-40.  

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