sexta-feira, 6 de junho de 2025
Congos ou congadas eram autos populares, de origem africana, mas já diferenciados, que ocorriam não apenas no ciclo de Natal, mas em outras datas comemorativas, geralmente de devoções religiosas dos negros. Comum a sudaneses e bantos, a congada tinha como elementos principais a coroação do rei do Congo, préstitos, embaixadas e danças guerreiras. Sabe-se de sua existência na festa de N. S. do Rosário, no Recife, em 1674, e em outros locais nos séculos XVII e XVIII. Nos desfiles havia imagens e homenagens aos santos protetores dos negros, cuja devoção se concentrava em quatro: N. S. do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Santo Antônio Preto. Além das representações, as congadas contavam também com bailes e banquetes, com a presença de autoridades portuguesas e dos senhores de escravos, que, aliás, frequentemente lhes emprestavam joias e adereços. Em 1748, no Rio de Janeiro, celebrou-se com luxo e aparato a coroação de um "rei do Congo", numa grande congada. Em 1760, nas festas oficiais, em Salvador, por motivo do casamento da futura rainha dona Maria I, foi a eles incorporada uma congada. Torna-se, assim, evidente o papel político atribuído pelas autoridades governamentais a essa festa, que reunia basicamente escravos e ex-escravos.
WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 256.
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